22 - Para sempre

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Fiquei tão sobrecarregada com o acordo que elas estavam discutindo que comecei a ficar tonta. Elas brindaram com champanhe, selaram o acordo e sorriram uma para a outra como se tudo estivesse resolvido. No entanto, ninguém se preocupou em perguntar se eu estava bem com isso. Agora, tudo o que eu podia fazer era apertar minhas calças com força, cravando minhas unhas no tecido para me distrair com dor em vez de gritar de frustração.

— Eu nunca gostei tanto de conversar com alguém — Ann disse, apoiando a cabeça no meu ombro. — Então, como vamos organizar nossos dias? Segunda com você, terça com Rattikarn?

— O que funcionar. Eu sou flexível.

— Mas há sete dias na semana, deixando um dia extra. O que devemos fazer com isso? — Ann provocou, estreitando os olhos para Rattikarn antes de se inclinar para mais perto, flertando. — Que tal fazermos um dia só para nós, para que você possa dar um tempo?

— Isso parece bom — Eu respondi, engolindo minha mágoa e tomando um gole de champanhe.  Se elas conseguiam ser legais, por que eu não poderia?

— Porque naquele dia, eu vou dar para o meu ex... Ann, espero que você não se importe se eu sair com homens também?

— Oh, que emocionante! — Ann engasgou, sua mão no peito. — Temos tantos personagens nesta história. O que quer que a torne divertida, eu estou dentro.

— Tudo bem, então. Agora eu sei o que Rattikarn queria discutir. Se não houver mais nada, eu vou voltar. — Eu me levantei, mas Ann agarrou meu pulso, fazendo beicinho.

— E agora? Nós nem definimos a programação. Com quem você vai ficar hoje à noite? Escolha uma — Ela exigiu, apontando entre ela e Rattikarn. Eu dei um sorriso legal e dei de ombros.

— Por que vocês duas não continuam sem mim? Eu vou para casa e organizo uma programação eu mesma, ou talvez eu chame Non hoje à noite.

— Você é ótima em encontrar soluções. Então... esta noite é nossa 1 Ann riu, olhando para Rattikarn, que apenas sorriu.

— Com licença.

Peguei um táxi de volta para meu apartamento, mas no caminho mudei de ideia e direcionei o motorista para a casa de Non. Já passava das nove, e meu ex, que ainda morava com os pais, saiu parecendo alarmado quando me viu.

— Yung, tem algo errado, aparecendo tão tarde...?

— Non... — Eu choraminguei, e assim que vi seu rosto, me joguei em seus braços, soluçando sem vergonha. Meu ex me segurou, dando tapinhas nas minhas costas gentilmente, sem dizer uma palavra. Ele provavelmente poderia adivinhar que eu estava machucada novamente pela mesma pessoa, mas esse era um novo tipo de dor. Era um relacionamento caótico que me fazia sentir inútil.

— Você quer entrar, ou talvez sentar na mesa da frente? Se meus pais virem você chorando assim, eles ficarão chocados.

— Ta bom.

— Vou pegar um pouco de água e repelente, mosquitos são ruins.

— Sempre tem mosquitos por perto quando nos encontramos.

— É, Yung. — Non riu, bagunçando meu cabelo suavemente antes de desaparecer para dentro. Sentei-me na mesa de mármore na frente, enxugando os olhos enquanto esperava. Logo, Non voltou com uma garrafa de água, e não resisti em perguntar.

— Seus pais não se perguntaram por que você trouxe uma garrafa de água?

— Eu escondi debaixo da minha blusa. Além disso, a mamãe está ocupada com a novela dela e nem notaria. Aqui, beba, você não está ótima. Chorar não te deixa mais bonita.

No5: Quando sinto seu cheiro (Série Perfumes Vol.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora