Night 02 - Cota

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Concordamos que se alguma vez tivéssemos uma briga, Rungtiwa seria a única a sair na chuva e tocar música como em um videoclipe, já que ela era a dona do quarto. Se eu saísse primeiro, pareceria que a anfitriã estava intimidando demais o hóspede. Claro, ela não teve problema com isso e até riu do acordo sério de que, se brigássemos, ela seria a única a sair.

Morar junto não era muito diferente de antes. Era como se eu estivesse visitando Rungtiwa e não voltando para minha própria casa. Como meu trabalho exigia que eu trabalhasse em casa e eu não tinha um escritório pessoal, me ofereci para pagar as contas de água e luz.

— Você está louca? Estamos morando juntas, então devemos dividir as despesas. Não há necessidade de separá-las.

— Você já está pagando o condomínio e agora tem que pagar a eletricidade também? Além disso, sou eu quem fica no quarto e usa a eletricidade, então eu deveria pagar. Vai aliviar sua carga.

Meu raciocínio era definitivo. Rungtiwa não podia discutir porque eu tinha razão.

— Tudo bem, faça o que quiser. Você sempre tem um milhão de motivos. Vamos dividir as despesas com comida então.

— Isso é justo. Sem objeções.

Nós concordamos facilmente e vivemos juntas felizes...

O Fim

A vida não tem um fim, exceto pela morte, mas viver juntas não era algo com que se preocupar. Eu me saí bem, considerando que nunca pensei que dividiria um quarto e uma vida com outra pessoa. Desde criança, eu tinha meu próprio quarto separado dos meus pais. Depois que eles faleceram, eu morei sozinha. Ah, eu tive uma namorada uma vez, mas ela ia e vinha, nunca ficava a noite porque ela tinha que ir para casa como uma boa filha até terminarmos. Esta foi a minha primeira vez realmente morando com outra pessoa.

— A atriz principal é bonita, não é?

Rungtiwa, deitada na cama assistindo TV comigo, elogiou a atriz da série americana. Olhei para ela e comecei a me aconchegar, como sempre fazia quando queria alguma coisa.

— Eu sou mais bonita — Eu disse, puxando a mão dela para baixo da minha blusa como um convite para desligar a TV e apreciar a coisa real. Rungtiwa nunca recusou. Ela brincou, mesmo enquanto ainda assistia TV, tocando suavemente sob minha blusa e então movendo a mão para dentro do meu short. Abri minhas pernas para dar a ela acesso e gemi baixinho para começar as coisas. Quando ela se virou para me beijar e puxou a mão para fora para tirar minhas roupas mais facilmente, eu percebi…

— Oh!

— Eu estava me perguntando por que estava tão molhado...

Minha menstruação...

É algo normal para mulheres como nós, mas não era normal que a mão da minha namorada estivesse coberta de sangue, especialmente porque ela nunca matou ninguém.


— Você pode parar de ficar envergonhada agora, hehe.

Rungtiwa me cutucou levemente com o ombro enquanto caminhávamos pelo supermercado para comprar itens domésticos, incluindo absorventes higiênicos. Eu ainda não conseguia olhá-la nos olhos. Em meus mais de trinta anos, nunca me senti tão envergonhada a ponto de querer morrer até hoje.

— Sinto muito por sujar você, os lençóis e até seu cobertor. Não percebi que era um dia de fluxo intenso.

— Você tem muita sorte. Outras mulheres têm cólicas e se sentem mal durante a menstruação. Eu sou uma delas.

— Mas o lado bom é que você sabe quando está chegando. Ao contrário de mim... Mesmo quando estou menstruada, ainda convido você a fazer coisas sem considerar minha condição.

No5: Quando sinto seu cheiro (Série Perfumes Vol.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora