6-A lógica dela

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Mesmo que eu tenha escolhido ficar e conversar com Non, eu não conseguia parar de pensar na outra pessoa que tinha ido embora. Às vezes, eu me distraía, incapaz de focar na pessoa na minha frente a quem eu deveria estar prestando atenção séria.

— O mesmo de sempre, certo?

— Sim.

Non, que estava comigo há muito tempo, sabia tudo o que eu gostava e não gostava quando se tratava de comida. Ele podia pedir sem me perguntar o que eu queria, sempre pedindo mais para o caso de eu não estar satisfeita. Às vezes, ele brincava dizendo: "Preciso te engordar para que ninguém mais venha atrás de você." Mesmo que parecesse uma piada, eu conseguia sentir o ciúme por trás de suas palavras.

— Aquela garota, certo?

— Hein?

— Aquela garota, certo?

Ele não precisava acrescentar mais nada; estava claro que "aquela garota" era por quem eu tinha sentimentos. Eu assenti, me sentindo culpada, mas dizer a verdade era melhor do que ficar em silêncio ou desaparecer sem dar uma razão.

— De agora em diante, Non cuidará melhor de você.

— Non...

— Non prestará mais atenção. No passado, Non pode ter te negligenciado um pouco, fazendo você se sentir confusa. Qualquer um pode vacilar. Eu entendo. Até eu às vezes dou uma olhada rápida para as garotas no escritório. É normal. Eu posso aceitar isso.

Ele estava tentando negar a verdade, não, ele estava distorcendo a realidade que enfrentava para torná-la mais fácil de aceitar, encontrando desculpas para que eu não fosse embora. Ele queria esquecer o que eu tinha dito, como se eu nunca tivesse mencionado. Eu nunca disse que estava terminando com ele.

Eu nunca o traí...

— Não é sua culpa, Non. Escute, não é sua culpa... Eu sou quem tem sentimentos por outra pessoa.

— As pessoas fazem as coisas por um motivo. Se ainda estamos apaixonados, como você pode ter sentimentos por outra pessoa?

— Non, você não precisa concluir que me negligenciou ou talvez se apressou em se casar cedo demais. Eu posso não estar pronta.

— Sim... é definitivamente isso. Está tudo bem. Não precisamos nos casar ainda. Podemos simplesmente namorar assim.

— Non!

— Ah, a comida chegou.

— Eu não te amo mais, Non.

— Só diga que podemos continuar namorando assim!

Bang!

Meu ex levantou o punho e bateu com força na mesa, fazendo com que o copo de água que tinha acabado de ser servido caísse. O garçom, que estava prestes a servir nossa comida, pulou de surpresa, quase derrubando os pratos. Ao me ver pular em choque, Non rapidamente acenou com as mãos e tentou se desculpar.

— Desculpe! Apenas coloque a comida na mesa... Você ficou realmente assustada, certo? Desculpe, eu só...

— Está tudo bem, Non, você pode me bater se quiser.

Eu até sugeri que ele poderia me machucar, embora eu odiasse violência. Ele era uma pessoa boa demais para enfrentar esse tipo de situação. Não ter retribuído nada a ele me fez sentir mal.

— Você diz isso porque sabe que eu nunca faria isso.

— Eu sei que você não é uma pessoa violenta, mas se isso te ajudar a se sentir menos bravo... você pode fazer isso se quiser.

No5: Quando sinto seu cheiro (Série Perfumes Vol.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora