Os últimos três dias foram um verdadeiro retiro. Você poderia dizer que, o dia todo, nós duas ficamos na cama. Quando sentíamos fome, pedíamos comida e então nos envolvíamos uma na outra sem nos importar com nossos telefones, eventos atuais ou mesmo trabalho. Estávamos tão absortos que acabamos desligando nossos telefones para nos desconectar completamente. Isso me fez perceber que o caos do mundo exterior não afeta minha vida nem um pouco. Você pode chamar isso de ignorância, mas agora, eu só me importo comigo e com Rattikarn.
No caminho de volta, nos revezamos dirigindo. Aprendi a dirigir um pouco quando saí da escola, sonhando em ter um carro algum dia. Mas a renda nunca combinou com as despesas, então decidi não comprar um. Ainda assim, acredite ou não, eu tenho carteira de motorista.
— Você está cansada? Podemos trocar se você quiser.
Rattikarn perguntou quando paramos para reabastecer. Eu estava me espreguiçando e bocejando de vez em quando.
— Um pouco cansada, mas estou bem. Eu posso continuar.
— De jeito nenhum. Se você dormir, podemos acabar nas nuvens.
— Ou podemos nos encontrar em um caldeirão quente — Brinquei.
— Verdade — Ela riu da brincadeira. Nos últimos três dias, sinto que a conheci ainda melhor. Ela é do tipo que conta as coisas nos próprios termos, sem pressionar tópicos que podem me deixar desconfortável. Mas quando a curiosidade ataca, ela escolhe o silêncio, como se estivesse cautelosamente mantendo a guarda alta. Às vezes me pergunto se não somos próximas?
Não, é apenas quem ela é. Se alguém a ama, terá que aceitar essa parte dela.
— Mas ei, eu dirijo, então você pode dar um tempo. Estou me sentindo muito mais revigorada agora.
— Depende de você. Estamos quase em Bangkok de qualquer maneira — Respondi, um pouco triste. — Você vai voltar para o seu quarto, conforme nosso acordo, certo?
— Por que você soa assim? Você não quer que eu volte?
— Bem... eu só quero ficar com você um pouco mais. Mas está tudo bem. Não é como se estivéssemos nos despedindo para sempre.
Rattikarn parou para olhar para mim, mas não disse nada. Ela se moveu para assumir o volante, e eu me acomodei no banco do passageiro. Assim que ela disse, com o ar-condicionado da frente soprando em mim, comecei a me sentir sonolenta. Cochilei, apenas para acordar com ela cutucando minha bochecha gentilmente.
— Ei, dorminhoca, acorde.
— Onde estamos?
Abri os olhos grogue, examinando o estacionamento desconhecido. Curioso, espiei pela janela e olhei para ela, confusa.
— Onde estamos?
— Saia e você verá.
— Você me levou a um shopping?
Ela não respondeu, apenas sorriu e foi pegar algumas sacolas no porta-malas. A coluna de estacionamento tinha um adesivo amarelo e um número de andar, mas nenhum nome de shopping. Inclinei a cabeça, confusa.
— Venha logo — Disse Rattikarn, pegando minha mão e me levando até um elevador. Ela apertou o botão para o sétimo andar. O pequeno elevador, mais adequado para um apartamento do que para um shopping, tinha uma placa de condomínio, e fiquei ainda mais curiosa.
— De quem é esse condomínio?
— Meu.
— Huh?
— Bem, não é meu. Eu alugo.
Ding!
Assim que ela esclareceu, o elevador chegou ao nosso andar. O corredor branco imaculado e os números dos apartamentos me fizeram olhar para ela, perplexa. Ela tinha me levado para sua casa em vez de me deixar lá. Eu estava sendo convidada para o mundo particular de Rattikarn.
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No5: Quando sinto seu cheiro (Série Perfumes Vol.1)
RomantizmDepois de ser pedida em casamento, me senti como uma pessoa caminhando em uma nuvem de poeira, incapaz de ver qual caminho escolher entre seguir em frente com ele ou seguir caminhos separados e lutar minhas próprias batalhas. Até que a conheci, 'Rat...