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MARIANA

Cheguei a cozinha com passos apressados e pesados... e fervendo de raiva!

Meu coração batia rápido, e a única coisa que eu queria naquele momento era sair daquele lugar, ou pelo menos me distanciar um pouco da loucura que parecia estar me cercando.

Eu me perguntava todos os dias quando aquilo iria acabar. Dormia na esperança de que quando abrisse os olhos, acordaria na minha cama, na minha casa.

O modo como vim parar nesse lugar foi tão... estranho. Eu sempre fui muito cética com tudo, era do tipo que "só acreditava vendo", e a vida me provou da pior forma que certas coisas aconteciam, mesmo sem lógica nenhuma.

Entrei feito um furacão e Rute, como sempre, estava ocupada na cozinha, preparando algo que eu nem prestei atenção. Assim que me viu, franziu o cenho, claramente preocupada com a minha expressão.

— Menina, o que aconteceu? Por que você está desse jeito?

Eu respirei fundo, tentando conter a avalanche de palavras que queria sair da minha boca.

— Ele é louco, Rute! — explodi, sem me controlar. — Seu patrão é completamente louco! E o pior é que sou eu que estou prestes a fazer a maior loucura da minha vida.

Nem tinha percebido a presença de Flora até que a vozinha dela me fez congelar.

— Meu tio é louco? — perguntou, segurando a boneca que ela nunca largava, com um olhar confuso.

Me arrependi na mesma hora por ter dito aquilo perto dela. Como eu pude ser tão imprudente?

"Se controla, Mariana!", pensei, tentando não assustar a garotinha.

Flora era um anjinho e não tinha culpa de nada, nem daquele tio grosseirão.

Me agachei para ficar na altura da menina, tentando consertar o estrago que tinha feito.

— Não, Flora. Seu tio não é louco. — Minha voz saiu forçada, mas tentei soar convincente. Abri um sorriso fraco para reforçar o que eu estava falando.

Ele era louco sim, mas ela não precisava saber daquilo, então falei:

— Eu só estava chateada, sabe? Às vezes a gente fala coisas que não quer quando está bravo, mas o seu tio é uma pessoa muito legal, e você deve sempre amar e respeitar ele, tá bom?

Flora olhou para mim por um momento, ainda com o cenho franzido, mas finalmente assentiu.

— Querida, vai brincar no jardim, mas não vá muito longe, está bem? — Rute interveio, com um sorriso carinhoso.

Flora sorriu de volta e saiu da cozinha com sua boneca. 

Assim que ela saiu, soltei o ar que eu nem percebi que estava segurando.

— Agora você pode me contar o que aconteceu, Mariana. — disse Rute, voltando sua atenção completamente para mim.

Eu respirei fundo, sabendo que não tinha como evitar aquela conversa.

— Vou me casar.

Por um momento, Rute pareceu não processar o que eu havia dito. Seus olhos se arregalaram, e sua boca se abriu levemente em choque.

— Você... vai embora? — ela perguntou, a voz quase em um sussurro.

Eu neguei com a cabeça.

— Quem dera! — bufei. — Eu vou me casar com Augusto Valente, o seu patrão.

Rute me olhou assustada, como se eu tivesse acabado de dizer que o sol não nasceria amanhã. Então, lentamente, um sorriso começou a se formar no rosto dela.

Acordo com a Fera [Paixões Rurais - Vol.2]Onde histórias criam vida. Descubra agora