Capítulo 24: Sensação ruim

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Califórnia - 10:35

Sn Harrington - Ponto de Visão.

Acordei com um sobressalto, sentindo a água da banheira gelada envolver meu corpo, a temperatura fria o suficiente para me fazer tremer e trazer clareza ao meu estado sonolento. A noite anterior parecia um borrão, e eu tentava reunir as peças do quebra-cabeça de como havia terminado na banheira. Meu devaneio foi abruptamente interrompido pelo som insistente do meu celular, que vibrava incessantemente sobre o mármore da pia. O nome do meu pai, Tales, brilhava na tela como um lembrete gritante das consequências que viriam.

Com um suspiro resignado, saí da banheira, a água escorrendo pelo chão enquanto me apressava em me enrolar em uma toalha felpuda. Caminhei até o quarto, sentindo o frio do chão sob meus pés, com o telefone ainda tocando em minha mão. Atendi, tentando infundir minha voz com uma tranquilidade que estava longe de sentir.

— Oi, pai — cumprimentei, esforçando-me para soar despreocupada.

— SN, você está bem? — veio a voz de Tales, carregada de preocupação paternal que, de alguma forma, só aumentava meu sentimento de culpa.

— Sim, estou bem — tentando desesperadamente esconder qualquer resquício de incerteza em minha voz.

Houve uma pausa, e eu imaginei seu rosto do outro lado da linha, provavelmente franzindo a testa em preocupação. — Estou preocupado com você. O que aconteceu? Não me de mais um susto desses filha, você podia ter morrido

Minha mente girava, buscando uma resposta que não revelasse a verdade. — Mas eu estou bem, não precisa disso. Camila tem sido um pouco sufocante ultimamente. Eu precisava de um pouco de espaço para respirar, então saí para uma festa com uma amiga virtual — improvisei, tentando dar um tom convincente à mentira.

Depois de desligar, senti o peso da conversa ainda pairando sobre mim enquanto me vestia rapidamente, minhas mãos ainda trêmulas. Desci as escadas, antecipando encontrar Camila na cozinha, talvez com um olhar de raiva. Para minha surpresa, a cena que encontrei foi bem diferente: Camila estava calma, preparando o café da manhã com uma serenidade que contrastava fortemente com o turbilhão dentro de mim. Ela vestia um biquíni preto que destacava sua presença confiante.

Passei por ela em silêncio, dirigindo-me à geladeira para pegar uma garrafa de água. O silêncio entre nós era quase palpável, carregado com as palavras não ditas da noite anterior. Sentindo a necessidade de romper aquela tensão, falei quase sem pensar.

— Eu quero voltar para Miami — anunciei, as palavras saindo antes que eu pudesse contê-las.

Camila, sem desviar o olhar do que estava fazendo, apenas assentiu. — Tudo bem. Estou indo ver a minha família. Você pode arrumar suas malas enquanto eu estiver fora — respondeu ela, colocando um prato de frutas na minha frente com um gesto casual.

Hesitei, as palavras presas na ponta da língua, antes de finalmente perguntar: — Posso ir com você?

— Não — foi a resposta curta e direta, seguida pelo som de seus passos se afastando.

Fiquei ali por um momento, processando a interação, antes de olhar para meu celular. Ele estava repleto de mensagens, e um sorriso involuntário surgiu quando vi o nome de Sabrina entre os contatos. Talvez houvesse um vislumbre de esperança no meio do caos.

Terminei meu café da manhã lentamente, cada pedaço de fruta parecendo um lembrete da normalidade que eu ansiava recuperar. Finalmente, subi para o quarto, começando a colocar minhas coisas na mala.

— Alô — Disse ao atender Dinah.

— "Carro em alta velocidade é flagrado em Califórnia. Filha de Advogado renomado estava dirigindo o esportivo em meio a embriaguez. A Polícia não foi acionada — Ao dizer aquilo meu coração acelera.

Madrasta - Camila/YouOnde histórias criam vida. Descubra agora