De volta a estaca zero

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Quando se toma uma decisão, ainda mais se ela vem carregada do peso da responsabilidade, dificilmente se dá para trás. Após alguns incidentes estranhos, Rafaela, Thaynara e Silviane estavam mais do que certas de irem embora.

Mas havia um porém…

— Por que aqui está vazio?

Silviane foi até a recepção da rodoviária, vendo que não havia um guichê funcionando. O local estava completamente vazio, a não ser pela presença do trio de amigas.

— Boa pergunta. Pessoas vêm e vão, aqui deveria estar funcionando — Rafaela ficou ansiosa no mesmo instante, pegando o seu celular e olhando sobre os horários dos ônibus que passariam por Aurora Celestina. — Estranho, porque aqui demonstra estar em funcionamento.

— É algum feriado da cidade? — Silviane buscava mesmo por uma explicação plausível, mas não havia nenhuma. Era ridículo como uma coisa tão banal estava se tornando um tormento. — O que faremos?

— Voltar para a casa da Tatiana.

Thaynara comentou, chamando a atenção das duas. Até o momento ela nada havia dito e por um motivo óbvio. Em sua mente não se passava nada além do que Sheila disse no dia anterior. Havia um ônibus e apenas ela poderia ir. Ainda estava naquele maldito dilema de contar a verdade, de que escolha fazer, o que era mais correto em dada situação?

— Não. Todas nós entramos em um consenso de irmos embora e nós vamos!

— Mas como, Rafa? — Thaynara argumentou baixo. — Não vê que não tem ônibus? Eu não vou passar horas nesse local. Vamos para a casa da Tatiana novamente e voltamos no dia certo.

— Thay?! — Chamou-a, vendo que sua amiga simplesmente deu as costas e passou a caminhar para fora do local. — O que deu nela?

— Eu não sei — Silviane deu de ombros, também achando estranha a reação de sua amiga. — Não temos muito o que fazer, Rafa. Vamos voltar para a casa da Tati. Voltamos daqui a alguns dias, quando for a data correta de ir embora.

— Tudo bem.

Concordou, mas apenas porque não tinha mais nada a ser feito. A cidade era pequena e sair caminhando sem rumo não era algo plausível. Rafaela pegou sua mala e saiu logo atrás de Silviane, que chegou até a rua que dava acesso à entrada da rodoviária.

Chegando lá, viram que Thaynara conversava com uma jovem mulher, a que estava até mesmo no batizado de José.

— Oi! Nossa, como vocês são lindas! — Acabou agindo naturalmente, como se as conhecesse. — Eu sou Sheila. Qual o nome de vocês?

— Rafaela — recebeu um abraço da maior, retribuindo vagarosamente. — É um prazer.

— O prazer é meu, meu bem — Sheila foi muitíssimo cordial, diferente do que era com Thaynara. — E você?

— Meu nome é Silviane.

— São amigas da Tatiana, certo? Se sim, também são minhas amigas — toda aquela ação soou estranha demais. Não a conheciam, então não entendiam o porquê dela estar agindo assim. — O que vocês pretendiam fazer?

— Iríamos pra casa, mas não tem ônibus.

— Não, infelizmente eles deram uma pausa por alguns dias. Problemas com a ponte principal que liga a cidade com as redondezas. Em breve tudo será resolvido!

— Quantos dias?

— Poucos — respondeu Rafaela com um sorriso lindo. — Já que vão ficar, por que não saem comigo? Eu vou para um evento de uma loja local.

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