Sinceramente, preciso de terapia. 😁
(...)
Havia algo de intrigante em Sheila Bonfim e não era pelo fato daquela mulher viver em uma bolha. Sim, tão alheia à estranheza que percorria as ruas de Aurora Celestina. Possivelmente era negacionista.
— Você tem uma casa bonita.
— Não é minha, é do meu segurança.
Todo mundo tem um local seguro para voltar, até mesmo Sheila tinha o seu. Quando tudo estava ruim, ela não ia para sua casa ou passava horas fazendo compras pela internet. Não, ela buscava logo os braços de Caio, que mesmo com uma relação estranha, era a única pessoa em quem ela confiava.
— Vocês dois parecem ser bem mais do que isso. — Thay comentou enquanto seu olhar curioso percorria o ambiente da sala de estar. Era espaçosa, com um bonito sofá e uma estética clean. Sheila quem garantiu que ficasse assim após muita insistência com Caio. — Você ama ele?
— Amar? — Riu, mas não havia graça ou deboche, e sim desespero e um enorme nervosismo. — Não, linda. A única pessoa que eu amo aqui, sou eu mesma.
— Você ama ele sim — é claro que Thaynara notaria. Amor era o que sentia por suas amigas e devido a isso, ainda não tinha aceitado a ideia de ir embora sem elas, mesmo não sendo revelado, não era uma hipótese. — Só tem medo de que isso se torne a sua maior fraqueza.
— Você e sua linha de raciocínio são bem idiotas.
— Pronto, a agressividade devido ao medo e por eu estar completamente certa.
— Você fala demais — andou pela sala, deixando a bolsa na mesinha de centro e olhou para Thaynara com certa confusão. — Você acha que eu… eu posso amar ele?
— Absoluta. É nítido como vocês dois são cúmplices e se preocupam — afirmou segura de si. — E tem mais. Para aturar você, só a pessoa te amando mesmo.
— Palhaçada isso.
Sheila não queria dar o braço a torcer, mas Thaynara tinha um senso de humor que ela amava. Acabou revirando os olhos, mas ainda sim havia um sorriso tímido que teimava em ser contido pela mesma.
— Bom, o que vamos fazer? — Thaynara perguntou, ainda não entendia o porquê da cisma e leve obsessão de Sheila sobre sua pessoa.
— O de sempre, ué. — Sheila pegou o seu celular e foi para a cozinha, mas parou próximo da bancada e encarou a outra, que ainda estava na sala, olhando-a confusa. — Tarde das garotas. Vamos comer besteiras e assistir alguma comédia romântica.
— É sério? — Franziu o cenho, achando incabível a proposta de Sheila. — Eu não…
— Você vai sim, anda. O que quer comer? Temos sorvete, pipoca, refrigerante zero açúcar, sanduíches naturais, chocolates… várias coisas na verdade. O Caio fez uma compra recentemente.
— Meu Deus, que maluca.
A forma como Thaynara se deu por vencida e foi até Sheila, acabou sendo engraçada aos olhos da maior. Era ótimo que Thaynara não criasse tantos empecilhos, pois assim, as duas teriam um dia muitíssimo agradável. O primeiro de Sheila, no caso.
Bom, Thaynara ajudou em absolutamente tudo. Odiava ver as pessoas dando tudo de si em algo, enquanto ficava apenas olhando. A sensação de ser um peso é algo que assombra qualquer um e ela, infelizmente, às vezes vivenciava de tal sentimento.
Sheila, como uma ótima patricinha mandona, deu ordens. Pelo menos a princípio, pois em dado momento, enquanto estavam fazendo panquecas para rechear com queijo e alguns temperos, Thaynara se irritou e jogou um bom bocado de farinha de trigo no rosto dela.
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A Manifestação do Mal
TerrorA cidade de Aurora Celestina é a escolha de um grupo de amigas para sua viagem anual. De passagem pelo local, elas irão ver que, muitas das vezes, o Mal se materializa de forma humana, levando elas para um caminho sem volta.