JOOYEON
De volta à escola, algumas semanas já haviam se passado desde o último episódio de agressão. A conversa que tive com Gunil ainda ecoava em mim. Ele me incentivara a revidar, a me defender, a não aceitar mais o que faziam comigo. Querer, eu sempre quis, mas faltava coragem — talvez eu ainda fosse muito inseguro para enfrentar de frente quem me atormentava.
Estar longe dos meus pais, expulso quase que de forma indireta, me permitia ser eu mesmo, ainda que eu não soubesse exatamente quem era. Isso era assustador, mas ao mesmo tempo, uma estranha forma de liberdade.
Mas a paz que eu tentava encontrar logo foi interrompida. Aquela garota, a mesma de sempre, se aproximou com o habitual cheiro de cigarro, carregando seu olhar de desprezo e ódio. Ela puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado, revelando uma pequena lâmina afiada, discreta o suficiente para esconder na cintura da saia.
— Está vendo isso, princesinha? — disse com um sorriso sádico. — Isso é o que te espera hoje à noite. Seu rosto vai ficar bem bonito depois que eu terminar.
Dei um suspiro profundo, o tipo de suspiro que só se dá quando não há mais paciência. A raiva, a dor, o cansaço... tudo parecia finalmente transbordar.
— Que tal você usar essa lâmina para cortar a buceta, sua filha da puta do caralho? Me deixa em paz. — Retruquei, enquanto puxava o capuz para cobrir meu rosto e me inclinava sobre a mesa.
— O que você disse, sua vadia?! — ela gritou, com os olhos faiscando de raiva, enquanto chutava minha cadeira, fazendo-a tombar e me levando junto.
Levantei-me rapidamente, e quando ela avançou, consegui empurrá-la para o outro lado. Pela primeira vez, eu reagi. Não recuei. A adrenalina corria, mas minha voz saiu firme.
— Vai se foder! Você não cansa, não? Me atormenta todos os dias e ainda fica por aí se escondendo para transar com o O.de — Ela empalideceu, surpresa e envergonhada. — Você diz que eu sou marmita de todo mundo, mas a marmita aqui é você, sua filha da puta. Você que é usada por todos os garotos dessa sala. — Ela parecia sem palavras, paralisada, mas sabia que isso não a faria parar. Era uma questão de tempo até ela e seu grupo virem me encontrar para mais uma "lição". Mas, por um segundo, senti que finalmente tinha colocado para fora algo que guardava há muito.
— 🎸 —
Após o almoço, durante as aulas finais, comecei a me sentir estranho. Um enjoo inesperado e uma cólica aguda começaram a tomar conta de mim. Fui até o professor, pedindo permissão para ir ao banheiro. Meu corpo não estava bem, e a ideia de vomitar na sala era a última coisa que queria.
Assim que entrei no banheiro, corri para uma cabine e vomitei o almoço inteiro. A sensação era horrível, mas, ao mesmo tempo, eu temia algo mais grave. Não era a primeira vez que meu corpo dava sinais estranhos — algumas semanas já se passavam com sintomas como esses. Precisava de um médico, mas o medo de descobrir algo assustador me impedia de tomar essa decisão.
Depois de me recompor, voltei para a sala de aula. A matéria agora era biologia, e a professora explicava o sistema reprodutivo humano. Minha atenção vagava, os sintomas ainda me incomodavam. Mas então, no meio da explicação, ouvi a professora falando sobre os sintomas iniciais de gravidez. Naquele instante, algo passou pela minha cabeça, será que...
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Meu querido baterista
RomanceJooyeon sempre acreditou que amor era uma distração boba e cartas românticas, uma perda de tempo. Ele não tinha espaço para sentimentalismos em sua vida já complicada, algo que fazia questão de repetir aos amigos. Mas tudo muda quando ele conhece Gu...