A primavera estava quase chegando, e o festival era a nossa próxima grande apresentação. Faltava apenas alguns poucos meses, e estávamos repassando as músicas com o máximo de dedicação que podíamos, ainda que o cansaço começasse a se acumular. Jungsu e Gaon tinham algo misterioso em mente. Cochichavam animadamente sobre uma nova composição e, quando nos contaram sobre a música que haviam criado, não houve hesitação em aceitar. Eles eram talentosos, e confiávamos plenamente no que estavam preparando.
Porém, minha mente estava longe, perturbada por um mal-estar crescente que já se arrastava há dias. Agora, além do enjoo, uma dor de cabeça insistente pulsava, tornando quase impossível me concentrar. Por mais que eu tentasse acompanhar o ensaio, meus pensamentos ficavam embaçados, o som ao meu redor parecia distante, e me vi lutando para manter o foco.
Gunil, como sempre atento, notou que algo estava errado. Ele veio até mim, o olhar carregado de preocupação, e pousou a mão no meu ombro, seu toque transmitindo a mesma calma de sempre.
— Joo, você está bem? — perguntou, com aquela seriedade suave que era tão dele.
Olhei para ele, e qualquer tentativa de fingir que estava bem desmoronou. Seus olhos me deixavam sem escolha; eles me convidavam a ser honesto. Balancei a cabeça negativamente, e ele imediatamente se sentou ao meu lado, segurando minhas mãos com delicadeza.
— O que está sentindo? — Ele estendeu a outra mão e tocou minha testa, um gesto cuidadoso que me deu um conforto inesperado.
Suspirei, ainda sentindo a tontura que insistia em me dominar.
— Me sinto tonto, Gunil... Tem algo muito errado comigo.
Suas sobrancelhas se franziram, e ele apertou levemente minha mão, como se quisesse compartilhar um pouco da força que ele sempre parecia ter.
— Podemos passar pelo hospital quando as aulas acabarem, tudo bem? — Gunil sugeriu com uma gentileza que fazia com que eu me sentisse um pouco mais seguro.
Balancei a cabeça em concordância, ainda que a ideia de ir ao hospital me deixasse inquieto. Não queria pensar no que poderia estar acontecendo, mas saber que ele estaria lá comigo trazia algum alívio.
— Tudo bem — murmurei, tentando recuperar um pouco da concentração.
Gunil deu um leve sorriso antes de voltar ao seu lugar, mas sua presença, mesmo de longe, parecia me ancorar. Respirei fundo e tentei focar nas notas da música, nos acordes que estávamos praticando, esperando que o dia passasse rápido e que, de alguma forma, as respostas fossem menos assustadoras do que imaginava.
— 🎸 —
As aulas finalmente acabaram, e o peso do dia parecia ter se acumulado em meus ombros. Eu e Gunil seguimos um caminho diferente do habitual, com destino ao hospital próximo. O ar parecia mais denso, e meu estômago se revirava de apreensão, mas ao mesmo tempo, havia algo reconfortante em saber que ele estava comigo. Ele nunca me deixava, sempre ao meu lado, como um porto seguro.
Chegamos ao hospital e entramos. A recepcionista nos atendeu com um sorriso cansado, mas gentil. Ela me entregou uma ficha, que preenchi com o mínimo de clareza possível, ainda sentindo a dor de cabeça que não passava. Depois, ela me deu uma pulseira de papel azul, e para Gunil, uma amarela, que indicava que ele era meu acompanhante, o que, de alguma forma, me fez sentir menos sozinho nesse ambiente estranho e impessoal. A recepcionista nos pediu para aguardar, e nos acomodamos em uma das cadeiras.
Os minutos pareciam se arrastar, cada um mais longo que o anterior. A ansiedade apertava meu peito e, embora eu soubesse que era apenas um exame, o medo do desconhecido fazia com que meu corpo tremesse ligeiramente. Gunil estava ao meu lado, em silêncio, mas sua presença era suficiente para diminuir o turbilhão que se formava dentro de mim. Ele se virou para mim e, sem dizer uma palavra, passou a mão suavemente sobre meu braço, como se soubesse exatamente o que eu precisava naquele momento. O toque dele sempre me trazia algum tipo de calma.
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Meu querido baterista
RomansJooyeon sempre acreditou que amor era uma distração boba e cartas românticas, uma perda de tempo. Ele não tinha espaço para sentimentalismos em sua vida já complicada, algo que fazia questão de repetir aos amigos. Mas tudo muda quando ele conhece Gu...