JOOYEON
O primeiro mês nos Estados Unidos foi um misto de curiosidade e estranhamento. Estar em um país onde eu não dominava a língua era desconfortável, mas ao mesmo tempo, estimulante. Gunil e James nos deram uma espécie de introdução ao básico de como as coisas funcionavam ali. Eles nos ensinaram o que precisávamos saber para terminar o ensino médio e até para lidar com clientes, caso trabalhássemos em algum lugar — algo que parecia inevitável para todos nós.
Na quarta semana, tomei coragem e fui pessoalmente fazer minha matrícula em uma escola próxima. James disse que seria melhor assim, já que seria mais difícil negar algo a alguém cara a cara. Quando cheguei, fui levado à sala da diretora — ou pelo menos era isso que eu achava que ela era.
A conversa começou relativamente tranquila, mas não demorou para eu perceber um tom desconfortável em suas palavras, algo que ficou claro quando ela deixou escapar um comentário ofensivo.
— Bem, Lee... — começou, lendo o meu nome no formulário de inscrição.
— Jooyeon, meu nome é Jooyeon — corrigi com um tom educado.
Ela franziu a testa, ignorando o que eu disse e continuou:
— Você tem 17 anos, certo? Ainda está no segundo ano... Isso é incomum. Aqueles amarelos não sabem dar aula, tenho certeza — murmurou a última parte, quase como se estivesse falando consigo mesma, mas alta o suficiente para eu ouvir.
Fiquei paralisado por um momento, tentando processar o que tinha acabado de ouvir. Apertei os punhos sob a mesa, mas mantive a calma.
— Sim, eu meio que acabei entrando atrasado na escola porque...
Ela me interrompeu antes que eu pudesse terminar:
— Tudo bem, você começa na segunda-feira. Precisa comprar uniforme de educação física, apenas isso. E lembre-se: siga as regras da escola e não quebre nenhuma delas. Se não, será expulso. Gente como você precisa ser disciplinada.
"Gente como eu"? A frase soou tão carregada de desprezo que meu estômago revirou. Ela me entregou um pequeno livro de regras e, antes que eu pudesse agradecer, ainda acrescentou com frieza:
— Não me chame de senhora. Me chame de Diretora Cooper
— Certo... — murmurei, pegando o livro e saindo o mais rápido possível.
Quando cheguei em casa, contei o que havia acontecido para os outros. A reação deles foi imediata e explosiva.
— Ela disse isso mesmo? — Jungsu perguntou, a voz carregada de indignação.
— Disse. Ela falou que gente como eu precisa ser disciplinada — respondi, tentando soar calmo, mas o tom amargo escapava.
— O que ela quis dizer com "gente como você"? Asiáticos? Que vagabunda — Seungmin exclamou, claramente furioso.
— Provavelmente. E também me chamou de "senhor Lee", como se não conseguisse nem se dar ao trabalho de falar meu nome direito — acrescentei, sentindo minha frustração crescer.
— Isso é racismo, Jooyeon. E quem ela pensa que é para agir assim? — Gunil interveio, visivelmente irritado, mas tentando controlar o tom.
— Todos vamos estudar na mesma escola. Espero que não seja igual à antiga, onde éramos excluídos — comentou Jungsu, olhando para todos com um misto de preocupação e esperança.
— Sofrer bullying internacionalmente é sacanagem... — Seungmin riu com ironia, mas o tom era sério. — Vamos fazer assim: essas pessoas não conhecem a gente, não sabem nossas fraquezas. Se atacarem a gente, a gente ataca de volta, simples. Não temos nossos pais para nos darem sermões.
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Meu querido baterista
RomanceJooyeon sempre acreditou que amor era uma distração boba e cartas românticas, uma perda de tempo. Ele não tinha espaço para sentimentalismos em sua vida já complicada, algo que fazia questão de repetir aos amigos. Mas tudo muda quando ele conhece Gu...