𝟎𝟐𝟎

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JOOYEON

O primeiro mês nos Estados Unidos foi um misto de curiosidade e estranhamento. Estar em um país onde eu não dominava a língua era desconfortável, mas ao mesmo tempo, estimulante. Gunil e James nos deram uma espécie de introdução ao básico de como as coisas funcionavam ali. Eles nos ensinaram o que precisávamos saber para terminar o ensino médio e até para lidar com clientes, caso trabalhássemos em algum lugar — algo que parecia inevitável para todos nós.

Na quarta semana, tomei coragem e fui pessoalmente fazer minha matrícula em uma escola próxima. James disse que seria melhor assim, já que seria mais difícil negar algo a alguém cara a cara. Quando cheguei, fui levado à sala da diretora — ou pelo menos era isso que eu achava que ela era.

A conversa começou relativamente tranquila, mas não demorou para eu perceber um tom desconfortável em suas palavras, algo que ficou claro quando ela deixou escapar um comentário ofensivo.

— Bem, Lee... — começou, lendo o meu nome no formulário de inscrição.

— Jooyeon, meu nome é Jooyeon — corrigi com um tom educado.

Ela franziu a testa, ignorando o que eu disse e continuou:

— Você tem 17 anos, certo? Ainda está no segundo ano... Isso é incomum. Aqueles amarelos não sabem dar aula, tenho certeza — murmurou a última parte, quase como se estivesse falando consigo mesma, mas alta o suficiente para eu ouvir.

Fiquei paralisado por um momento, tentando processar o que tinha acabado de ouvir. Apertei os punhos sob a mesa, mas mantive a calma.

— Sim, eu meio que acabei entrando atrasado na escola porque...

Ela me interrompeu antes que eu pudesse terminar:

— Tudo bem, você começa na segunda-feira. Precisa comprar uniforme de educação física, apenas isso. E lembre-se: siga as regras da escola e não quebre nenhuma delas. Se não, será expulso. Gente como você precisa ser disciplinada.

"Gente como eu"? A frase soou tão carregada de desprezo que meu estômago revirou. Ela me entregou um pequeno livro de regras e, antes que eu pudesse agradecer, ainda acrescentou com frieza:

— Não me chame de senhora. Me chame de Diretora Cooper

— Certo... — murmurei, pegando o livro e saindo o mais rápido possível.

Quando cheguei em casa, contei o que havia acontecido para os outros. A reação deles foi imediata e explosiva.

— Ela disse isso mesmo? — Jungsu perguntou, a voz carregada de indignação.

— Disse. Ela falou que gente como eu precisa ser disciplinada — respondi, tentando soar calmo, mas o tom amargo escapava.

— O que ela quis dizer com "gente como você"? Asiáticos? Que vagabunda — Seungmin exclamou, claramente furioso.

— Provavelmente. E também me chamou de "senhor Lee", como se não conseguisse nem se dar ao trabalho de falar meu nome direito — acrescentei, sentindo minha frustração crescer.

— Isso é racismo, Jooyeon. E quem ela pensa que é para agir assim? — Gunil interveio, visivelmente irritado, mas tentando controlar o tom.

— Todos vamos estudar na mesma escola. Espero que não seja igual à antiga, onde éramos excluídos — comentou Jungsu, olhando para todos com um misto de preocupação e esperança.

— Sofrer bullying internacionalmente é sacanagem... — Seungmin riu com ironia, mas o tom era sério. — Vamos fazer assim: essas pessoas não conhecem a gente, não sabem nossas fraquezas. Se atacarem a gente, a gente ataca de volta, simples. Não temos nossos pais para nos darem sermões.

Meu querido bateristaOnde histórias criam vida. Descubra agora