Capítulo 53 - Enjoos

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Na manhã seguinte, meu corpo declarou oficialmente que estava "grávida de verdade". Isso porque os enjoos e vômitos começaram a vir com força total. Era horrível. A cada tentativa de comer, quase imediatamente eu já estava correndo para o banheiro, e o que começou como um mal-estar esporádico logo se tornou uma rotina angustiante.

Anahí estava cada vez mais preocupada. Era visível o quanto ela se sentia impotente. Eu a via olhando para mim com aquela expressão aflita, como se tentasse buscar alguma forma de aliviar o que eu estava passando. Ela estava sempre por perto, cuidando, oferecendo água, chá e até aqueles biscoitos secos que diziam ser bons para enjoos — mas nada parecia ajudar.

— Amor, você tem certeza de que não quer que a gente vá ao hospital? — ela perguntou pela terceira vez, me observando com olhos ansiosos enquanto eu tentava me sentar na cama, exausta.

— Não, Any, eu só preciso de um tempo... É só mais uma fase, né? — sorri, tentando tranquilizá-la, mas a verdade é que eu estava começando a me sentir realmente mal.

Anahí, no entanto, não se contentou em apenas esperar essa fase passar. Ela tomou a decisão de contratar uma enfermeira para ficar comigo, mesmo sabendo que talvez isso não fizesse grande diferença. A enfermeira, uma mulher amável chamada Silvia, fez o possível para me deixar mais confortável, acompanhando meus sintomas e sugerindo algumas mudanças na alimentação, mas mesmo com a ajuda profissional, parecia que nada resolvia por completo.

Eu passava tanto mal que mal conseguia trabalhar. Meus dias eram divididos entre a cama e o banheiro, e a sensação de exaustão tomava conta de mim. Em meio a isso, Anahí resolveu se dedicar inteiramente a mim. Cancelou dois ensaios fotográficos importantes e ainda pediu para adiar um dia de gravação. Era a maneira dela de mostrar que estava comigo para o que fosse necessário, e seu apoio constante me dava forças.

Numa dessas manhãs em que eu estava especialmente abatida, ela se sentou ao meu lado e pegou minha mão, acariciando-a com ternura.

— Eu daria tudo para poder passar por isso no seu lugar, Dul... — ela sussurrou, seus olhos brilhando com uma mistura de carinho e dor.

Sorri, um sorriso meio fraco.

— Se pudéssemos trocar de lugar, eu não deixaria.

Anahí soltou uma risadinha suave, aquela que mostrava o amor que sentia, e continuou acariciando minha mão.

— Você é a pessoa mais forte que eu conheço, Dulce... — murmurou, encostando sua testa na minha e fechando os olhos. — E a mais corajosa. Eu prometo que vou estar aqui em cada segundo. Mesmo que eu só consiga segurar a sua mão enquanto você passa por tudo isso.

Passado alguns dias, quando eu já estava um pouco melhor, decidimos fazer uma videochamada com meu pai e as minhas irmãs para contar da gravidez. Anahí e eu nos acomodamos juntas no sofá, ajeitando o celular para que todos pudessem nos ver bem. Assim que a tela mostrou meus pais e minhas irmãs, senti uma onda de nervosismo misturado com alegria — era especial poder compartilhar essa notícia diretamente com eles, mesmo que minha mãe já tivesse contado antes.

— Bom, oficialmente, posso dizer que estamos grávidas! — anunciei com um sorriso enorme.

A reação deles foi instantânea: um misto de sorrisos e até lágrimas de alegria. Meu pai, geralmente mais reservado, parecia emocionado e simplesmente disse:

— Eu sabia que algo especial estava para acontecer... Parabéns, meninas!

Anahí riu com um certo alívio, apertando minha mão mais forte. Ela parecia tão grata quanto eu por receber tanto carinho. Então, completou:

— E vamos pedir só uma coisinha: que vocês mantenham essa notícia entre a gente, por enquanto. Queremos aproveitar esse momento sem a pressão da imprensa, tudo bem?

Minha mãe assentiu rapidamente, e até minha irmã mais velha, que sempre adorava postar qualquer novidade, concordou. Sabíamos que podíamos contar com eles. E enquanto finalizávamos a chamada, eu me senti completa, com Anahí ao meu lado e minha família nos apoiando,.

Com os enjôos e a alegria de compartilhar a gravidez com minha família, percebi que minha investigação sobre o vazamento da foto havia ficado completamente de lado. Na verdade, não era apenas por causa da minha indisposição. Parecia que a própria equipe de Anahí também tinha se acomodado, como se, ao emitirem aquela nota explicando que a foto era antiga, tudo já estivesse resolvido.

Era frustrante. Eu queria entender quem estava por trás de tudo aquilo, quem tinha jogado aquelas imagens na mídia. Mas ao que tudo indicava, a equipe de comunicação de Anahí via o caso como encerrado, não se esforçando em procurar respostas mais profundas. Para eles, a nota pública era o bastante. No entanto, para mim, não era. Alguém tinha feito aquilo, e, embora minha atenção estivesse dividida com a gravidez e com tudo que ela trazia, eu não queria desistir de encontrar respostas.

Assim que comecei a me sentir um pouco melhor, resolvi conversar com Anahí sobre a investigação das fotos.

— Queria falar uma coisa — comecei, sentando ao seu lado. — Agora que estou me sentindo melhor, acho que a gente devia retomar sobre a divulgação da foto. Não quero deixar passar como se nada tivesse acontecido.

Anahí suspirou e, por um momento, seu olhar ficou distante.

— Eu também pensei nisso o tempo todo, Dul. — Ela segurou minha mão com carinho. — Mas com o jeito que você estava se sentindo, não queria te sobrecarregar. Estava tão preocupada com a sua saúde e com a do bebê que achei melhor deixar isso quieto por um tempo.

Assenti, compreendendo o ponto dela, mas eu sabia que essa investigação era importante para nós duas.

— Eu sei que o foco tem sido o bebê e minha saúde, e eu realmente agradeço por ter você comigo. Mas essas fotos... eu preciso saber quem fez isso com a gente.

Anahí apertou minha mão, parecendo entender cada palavra que eu dizia.

— Sabe, Dul, de tudo o que aconteceu, o que mais me chocou foi a história da Ivalu. — Ela baixou o olhar, parecendo escolher bem as palavras. — Eu sempre confiei muito nela, sempre a considerei mais que uma fã, uma amiga. No fundo do meu coração, eu queria poder descobrir que ela não teve nada a ver com isso. Mas... — Ela parou, respirando fundo. — A desconfiança ainda está aqui, e isso me dói mais do que qualquer outra coisa.

A tristeza nos olhos de Anahí era clara, e eu a entendia. A Ivalu era uma fã que ela gostava muito e até formou uma amizade, por isso a suspeita era algo doloroso. Toquei seu rosto com ternura, fazendo-a olhar nos meus olhos.

— Vamos descobrir a verdade juntas, amor. Se Ivalu não teve envolvimento, saberemos. E se teve... bom, vamos lidar com isso da melhor maneira.

Anahí assentiu, e eu pude ver o alívio sutil em seu rosto.

— Podíamos marcar de ela vir aqui em casa, o que acha? — sugeri.

Anahí ponderou a ideia, olhando para o chão por alguns segundos, antes de responder.

— Acho que pode ser uma boa, sim... Talvez, se a gente conversar cara a cara, eu consiga sentir melhor o que ela tem a dizer. — Ela respirou fundo e olhou para mim, um brilho de determinação misturado com uma pontinha de apreensão em seu olhar. — A questão é que eu quero acreditar que ela não está envolvida. Só de pensar em confrontá-la sobre isso, já me dói. Mas, ao mesmo tempo, preciso de uma resposta.

— Eu entendo, meu amor.

— mas então, vamos fazer isso. Eu vou chamá-la para um jantar aqui. A gente conversa, tenta sentir o que ela diz... e, quem sabe, finalmente tiramos isso do caminho.

Assenti, sentindo uma mistura de ansiedade e esperança. Sabíamos que esse jantar poderia esclarecer muita coisa — ou trazer ainda mais dúvidas.

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