Olá, férias - Portiñon

Capítulo 21 - Calma

Eu nunca vi Anahí tão decepcionada em toda a minha vida. Seu rosto parecia ter perdido todo o brilho; seus olhos, normalmente calorosos e acolhedores, estavam agora cheios de mágoa e incompreensão. Sua boca, que sempre carregava um sorriso leve, estava tensa, e suas sobrancelhas franzidas revelavam sua confusão e descontentamento. Ela parecia não saber como reagir, quase paralisada pela mistura de sentimentos que transparecia em sua expressão.

— Você estava falando com o seu namorado? — ela perguntou tristemente, a voz baixa e hesitante.

— Ex-namorado — pontuei rapidamente, caminhando em sua direção, meu coração apertado. — Anahí, ele só queria saber como estou, mas já deixei claro que estamos seguindo caminhos diferentes.

Ela desviou o olhar por um momento, respirando fundo, antes de finalmente encontrar meus olhos novamente.

— Mas ele disse que vocês vão se encontrar quando você voltar para o Brasil.

— Ele só quer conversar, mas eu deixei claro que é para terminarmos de vez.

Anahí suspirou, soltando um riso nervoso e decepcionado.

— Então, essa é a razão pela qual você está insegura sobre deixar seu emprego e viver comigo no México, não é? — perguntou ela, tentando esconder sua insegurança.

A preocupação dela me cortou o coração, mas eu queria que ela entendesse o que estava se passando na minha cabeça.

— Não, Any, não é isso. Eu sinto que estou completamente envolvida por você, e é isso que me deixa assustada. Manuel faz parte de um capítulo que já foi. — Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. — A ideia de largar tudo e vir para o México é nova e inesperada. É uma mudança e tanto, e essas mudanças sempre geram um pouco de insegurança, mas isso não significa que não quero estar aqui com você.

Anahí assentiu lentamente.

— Eu vou tomar banho... — ela disse, desviando de mim e indo em direção ao banheiro.

Não sentir seu carinho através de um beijo, ou de palavras, ou simplesmente um olhar carinhoso, me doeu o coração.

— Amor, por favor... Vamos conversar antes. — pedi.

Anahí parou na porta do banheiro, sua mão pousada na maçaneta. Ela se virou para mim, seu olhar ainda carregado de tristeza, mas também com uma pitada de determinação.

— Dul, eu preciso de um momento para processar tudo isso. Não quero falar algo que possa magoar você ou nós.

A angústia em sua voz era notória, e isso só aumentava o nó na minha garganta. Eu queria desesperadamente consertar as coisas, fazer com que ela entendesse o quanto ela significava para mim.

— Eu entendo, Any, mas não quero que esse mal-entendido fique entre nós. Você é muito importante para mim, e tudo que estamos construindo juntos significa muito — disse, tentando conter as lágrimas.

Anahí respirou fundo, parecendo considerar minhas palavras. Depois de um momento, ela caminhou de volta para mim.

— Eu também não quero isso. Mas, às vezes, preciso de um pouco de tempo para organizar meus pensamentos. Não significa que eu não confio em você, Dul. Só quero ter certeza de que estamos na mesma sintonia, entende?

Eu assenti, apreciando sua honestidade.

— Sim, eu entendo. E vou estar aqui, esperando por você — assegurei, segurando sua mão.

Anahí me deu um pequeno sorriso, seus olhos suaves e carinhosos como eu tanto amava.

— Obrigada por entender. Vamos conversar depois que eu tomar um banho, ok? — Ela sugeriu, apertando minha mão antes de sair novamente.