Capítulo 30 - A conversa

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Enquanto eu permanecia ali, segurando o celular contra o peito, minha mente não parava de reviver a cena no aeroporto. O beijo forçado, os flashes das câmeras, a expressão de deboche de Paco... Tudo parecia uma armadilha, e o fato de Anahí não atender estava me despedaçando.

Levantei-me de repente, a ansiedade pulsando em minhas veias. Fui até a janela, abrindo-a na tentativa de respirar um pouco de ar fresco, mas não adiantava. A preocupação me sufocava. E se Anahí já tivesse visto tudo? E se ela estivesse interpretando mal? O pensamento dela estar magoada ou decepcionada comigo era insuportável.

Pensei em enviar uma mensagem, mas o que eu diria? "Foi um beijo forçado"? A mídia já estava especulando coisas demais, e eu não queria que Anahí soubesse disso por terceiros. Eu precisava contar a ela, explicar cada detalhe, mas como fazer isso se ela não atendia?

Eu respirei fundo, tentando não deixar o desespero tomar conta, mas minha cabeça estava a mil. Decidi ligar mais uma vez. Apertei o botão de chamada com força, como se isso pudesse garantir que ela atenderia dessa vez. O toque soava interminável novamente. Nada. Mais uma vez, o silêncio da caixa postal me recebeu, e dessa vez não consegui segurar. As lágrimas escorreram silenciosas pelo meu rosto, e eu senti como se todo o chão estivesse se desfazendo debaixo de mim.

"Anahí, por favor, me atende..." sussurrei, quase como uma oração.

Meu coração batia descompassado, e um sentimento de impotência tomou conta de mim. Tudo o que eu queria era que ela soubesse a verdade e me entendesse. Eu não podia perder Anahí por causa de algo tão sujo e manipulador como aquilo.

O celular vibrando na minha mão me trouxe de volta à realidade. Era uma mensagem. Meu coração deu um salto, esperando que fosse Anahí.

Eu olhei rapidamente para o celular, com o coração disparado e a esperança pulsando em cada fibra do meu ser. Quando desbloqueei a tela, meu estômago afundou. Não era Anahí. Era uma notificação de um site de fofoca, provavelmente com mais especulações sobre o que tinha acontecido no aeroporto. A decepção foi imediata, e eu senti as lágrimas voltarem a se formar.

Meus pensamentos estavam embaralhados. Eu queria gritar, explicar para o mundo que tudo não passava de um mal-entendido, que Paco não fazia parte da minha vida há muito tempo, que o meu coração pertencia à Anahí, e a mais ninguém. Mas em vez disso, me vi ali, sozinha, esperando por uma resposta que talvez não viesse tão cedo.

Decidi mandar uma mensagem, ainda que fosse um tiro no escuro. Minhas mãos tremiam enquanto eu digitava. Apaguei e reescrevi a mesma frase várias vezes antes de finalmente enviar.

"Amor, por favor, me liga assim que puder. Preciso te explicar o que aconteceu. Nada do que estão dizendo é verdade. Eu te amo."

Apertei "enviar" e, com o coração apertado, fiquei olhando para o celular, esperando um milagre. As horas pareciam se arrastar, e a ansiedade me consumia. O tempo todo, eu relembrava o rosto de Anahí, sua risada, seus abraços. Precisava ouvir sua voz, precisava saber que ela ainda estava do meu lado.

Cada minuto de silêncio era como uma tortura. A incerteza corroía meus pensamentos, e eu sentia uma mistura de medo e tristeza tomando conta de mim.

Eu hesitei, mas a curiosidade e o medo me venceram. Abri a página de fofoca, mesmo sabendo que isso só pioraria as coisas. As manchetes eram implacáveis: "Dulce María traindo Anahí Portilla?", "Beijo apaixonado do suposto ex-namorado no aeroporto", "Manipulação ou coincidência?". Cada uma parecia mais sensacionalista e cruel que a anterior.

Meu coração se apertou quando desci até os comentários. Os fãs de Anahí estavam furiosos, acusando-me de ser uma farsante, dizendo que eu tinha manipulado toda a situação para enganá-la. As palavras eram duras, como facas cravando fundo na minha pele. "Nunca confiei nela", "Anahí merece coisa melhor", "Dulce só queria fama às custas dela". A dor de ver aquelas acusações injustas me fez sentir pequena e impotente.

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