Capítulo 33 - Hora de partir

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Acordei de manhã com a luz suave do sol entrando pelas frestas da cortina. Ainda meio sonolenta, os pensamentos sobre a noite anterior com Anahí me fizeram sorrir. Mas logo fui invadida por uma enxurrada de lembranças sobre todas aquelas propostas de emprego que eu havia recebido. Não demorou muito para uma pergunta surgir na minha mente: Por que eu deveria cumprir um mês de aviso prévio se já tenho trabalho garantido?

Sentei-me na cama, ainda um pouco confusa, mas cada vez mais convicta do que precisava ser feito. Anahí tinha razão. Eu não deveria me preocupar tanto com o motivo pelo qual as empresas estavam interessadas em mim — se era por ser "a namorada da Anahí Portilla" ou não. O importante era eu mostrar a eles que fizeram a escolha certa, que eu era capaz e competente.

Levantei-me, determinada. Além disso, se eu já tinha propostas de emprego em mãos, por que não aproveitar essa vantagem? Pagar a multa pela rescisão de contrato não seria um problema. Seria um preço pequeno a pagar para poder seguir com minha vida e me mudar logo para o México. E com essas oportunidades, eu tinha a segurança de que conseguiria me manter financeiramente.

— É isso, — pensei alto, enquanto me dirigia ao banheiro. — Não preciso ficar mais presa a essa empresa.

Ao me olhar no espelho, senti uma renovada confiança. Eu estava pronta para essa mudança, para essa nova fase ao lado de Anahí, e nada mais iria me segurar.

Pelo WhatsApp mesmo, peguei meu celular e, sem pensar muito, digitei a mensagem para o meu chefe — ou melhor, ex-chefe. Não havia mais razão para adiar essa decisão. Eu estava pronta para seguir em frente e encarar o novo capítulo da minha vida.

"Quero informar que estou oficializando minha saída da empresa e que pagarei a multa pelo aviso prévio não cumprido. Já estou com outras oportunidades de trabalho e prefiro seguir em frente o quanto antes. Agradeço pela oportunidade de ter feito parte da equipe."

Respirei fundo antes de apertar o botão de enviar. Era uma sensação agridoce, mas necessária. Eu sabia que estava tomando a decisão certa, e esse passo só reforçava minha confiança no que estava por vir.

Depois de enviar a mensagem, me senti leve, como se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros. Não demorou muito para meu celular vibrar com a resposta dele:

"Entendido, Dulce. Agradecemos pela sua dedicação durante o tempo que esteve aqui. Boa sorte nos seus novos projetos."

Aquela resposta breve e profissional foi tudo o que eu precisava. Um ciclo estava se fechando, e um novo estava prestes a começar.

Aproveitei que teria o dia livre e, cheia de energia, comecei a agendar as entrevistas de emprego que havia recebido. Já que as propostas estavam na mesa, resolvi marcar tudo para o mesmo dia. Assim, eliminaria logo essa etapa e poderia tomar uma decisão mais rapidamente.

Poderia simplesmente escolher o emprego que pagasse melhor, garantir minha segurança financeira, e se, por acaso, não gostasse do ambiente ou da função, não seria tão difícil encontrar outra oportunidade depois. Afinal, eu tinha várias portas abertas, e estava num momento em que empresas pareciam dispostas a me contratar.

"Não deve ser tão difícil assim," pensei, com um sorriso confiante. Aquele era um dos raros momentos na vida em que eu tinha o controle total das minhas escolhas. Era hora de usar essa oportunidade ao meu favor.

Minha mãe entrou no quarto, com aquele jeito tranquilo de sempre, mas logo estranhou me ver ali, já que normalmente eu estaria a caminho do trabalho a essa hora.

— Não vai trabalhar hoje, Dulce? — ela perguntou, com uma leve curiosidade na voz.

— Não, mãe. — respondi empolgada, com um sorriso no rosto, mal conseguindo conter a animação. — Na verdade, eu saí da empresa e marquei várias entrevistas para hoje! Já estou com tudo planejado, vou escolher o melhor emprego e, com isso, pagar a multa do aviso prévio. Depois disso, vou para o México o quanto antes!

Olá, férias - PortiñonOnde histórias criam vida. Descubra agora