A festa

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Assim, finalmente, com Luiza ao seu lado, lá foi Katarina para sua primeira festa. A sensação de estar com uma pessoa que mal conhecia, usando um vestido que, se se abaixasse, poderia até revelar mais do que gostaria, fazia com que ela se sentisse uma estranha no próprio corpo. Era um misto de desconforto e curiosidade — ela não sabia muito bem o que esperava daquela noite, mas sabia que, de alguma forma, estava deixando seu mundo controlado e previsível para trás.
"Será que eu sou a única que sente isso?" Pensava enquanto caminhava, observando os outros ao seu redor, todos parecendo tão à vontade em sua própria pele, tão confiantes em suas escolhas.

A festa estava cheia de risos, luzes piscando e música alta. Para Luiza, parecia ser o momento de brilhar, de viver aquela experiência sem reservas. Mas para Katarina, tudo parecia um pouco demais. Aquelas pessoas, a música, o ambiente descontraído — tudo aquilo a fazia se sentir deslocada, como se estivesse apenas passando por ali.
Quando entrou no salão, ela sentiu o olhar de algumas pessoas, não tanto por seu vestido, mas pelo fato de ser... diferente. Ela não queria ser notada, mas parecia que seu corpo, com aquele vestido apertado, estava dizendo algo contrário. "O que eu estou fazendo aqui?" pensava, se perguntando a cada passo. Mas Luiza estava ao seu lado, sorrindo, sem perceber nada disso.

Ela estava ali, não porque quisesse, mas porque, de alguma forma, sentia que era o esperado. Luiza estava feliz, animada, vivendo cada segundo. E Katarina estava... apenas lá. Ela olhava ao redor, tentando se encaixar em um ambiente que parecia tão distante de tudo o que ela estava acostumada. E por que, exatamente, ela havia concordado em vir? Aquilo tudo parecia tão insignificante diante do que realmente importava para ela — seu futuro, seus objetivos, seus sonhos. Mas ali estava ela, tentando encontrar um espaço onde pudesse, talvez, ser só Katarina e não mais a "garota órfã", a "aluna esforçada", ou qualquer outro rótulo.

A festa está boa né – disse Luiza, jogando os cabelos loiros para trás com um movimento exagerado, claramente empolgada com a energia ao redor

Um tanto barulhenta, isso sim – respondeu Katarina, tentando se acostumar com a vibração do ambiente. Ela ainda sentia a sensação de estar fora de lugar. Aquela não era sua zona de conforto. Ela preferia o silêncio das bibliotecas, o som constante do virar das páginas. Mas ali estava, cercada de risos e gritos, tentando se misturar, tentando entender como tudo aquilo funcionava.

Luiza, como sempre, não parecia notar a hesitação de Katarina. Em vez disso, se aproximou de um grupo de amigos, com um sorriso largo no rosto.

Ah se solta um pouco, está cheio de garotos bonito por aqui  – disse Luiza, empurrando o copo para as mãos de Katarina. Mesmo sem entender completamente a proposta de "se soltar", Katarina aceitou, apenas para evitar que sua colega de quarto insistisse mais.

Foi quando, no meio da confusão, um rapaz entrou na sala, atraindo olhares de todos ao redor. Alto, moreno, com uma presença marcante. Ele tinha o tipo de sorriso que fazia a sala parecer menor, um sorriso de quem sabia que todos os olhos estavam nele. O rapaz cumprimentava todos com facilidade, seu estilo descontraído e confiante transmitindo uma aura de liderança.

Jonas! – alguém gritou, reconhecendo-o imediatamente.

Katarina observou de longe, sem muito interesse, mas não pôde evitar. Jonas era... encantador. Ele parecia ser o tipo de garoto que sempre estava no centro das atenções, um dos líderes do time de futebol da faculdade e, claro, o capitão da Sigma, a fraternidade mais popular do campus. Ele não parecia ser o tipo que se importava com quem o notava ou não, mas, de alguma forma, seus olhos acabaram parando em Katarina.

Ela se forçou a não olhar para ele, para não parecer impressionada, mas era difícil ignorar aquele olhar intenso que ele lançava na direção dela, como se quisesse desvendá-la. Katarina se concentrou no livro aberto à sua frente, tentando fingir que estava imersa na leitura. Porém, a sensação de ser observada era quase impossível de ignorar, e, em um instante de fraqueza, ela ergueu os olhos, só para encontrar o olhar de Jonas fixo no seu.

O coração dela acelerou involuntariamente, e ela prendeu a respiração, sem saber exatamente como reagir. Jonas deu um meio sorriso – um daqueles que parecia cuidadosamente ensaiado para parecer casual, mas era devastadoramente charmoso. Aquilo a incomodava e atraía ao mesmo tempo. Ele era tudo o que ela não queria e, de alguma forma, tudo o que ela sentia curiosidade em explorar.

Jonas logo se aproximou das meninas, luiza que não é boba logo percebeu o olhar de katarina para jonas," IAI meninas tudo bem? curtindo a festa". Luiza disse anima "muitíssimo, menos kat esta reclamando do som alto" katarina ficou vermelha pela resposta da amiga. 

Jonas riu e se virou para Katarina, com um olhar divertido. "É mesmo? Não gosta de festas barulhentas?", ele perguntou, inclinando-se um pouco para ser ouvido, mas mantendo o tom descontraído. Katarina sentiu o rosto esquentar ainda mais; o sorriso fácil dele a deixava desconcertada, e, de repente, ela se sentiu meio boba por se deixar intimidar.

"Eu... não é isso, é só que..." ela tentou responder, mas se atrapalhou com as palavras. "É só que não estou muito acostumada", disse finalmente, tentando soar casual.

Luiza, sempre rápida, deu uma risadinha. "É, Kat é do tipo que prefere uma boa leitura em vez de balada."

Jonas pareceu surpreso e, ao mesmo tempo, curioso. "Sério? Então você é do tipo intelectual?" Ele se ajeitou ao lado dela, como se estivessem começando uma conversa só entre os dois. "Preciso confessar que isso me interessa mais do que parece."

Katarina levantou a sobrancelha, intrigada, mas antes que pudesse responder, Luiza sorriu com um olhar malicioso, dando uma piscadinha para Katarina antes de desaparecer para a pista de dança, deixando os dois a sós.

Você não parece ser da cidade grande, da onde voce é?

Sou de minnesota. 

Legal, veio estudar o que moda? risos brincadeira. Nao parece ser seu estilo.

E o que parece fazer meu estilo?

Jonas ficou pensativo, filosofia ou artes algo do tipo.

Vou deixar voce curioso. 

Ah nao faça isso com meu coração..

os dois ficaram a noite toda conversando, que kat nem sentiu a hora passar só percebeu que estava amanhecendo quando luiza voltou com os saltos nas mãos e falando que precisava ir dormi, Katarina deu um leve pulo ao ver Luiza voltando, mas não conseguiu conter o sorriso ao perceber o quanto o tempo havia passado. Era raro se perder em uma conversa, ainda mais com alguém como Jonas. Ela olhou para ele, tentando disfarçar a surpresa. "Acho que é hora de encerrar, né?"

Jonas sorriu com aquele mesmo olhar encantador que havia conquistado sua atenção no início da noite. "Então quer dizer que você já está indo embora? E eu aqui achando que podia te convencer a tomar um café da manhã comigo..."

Katarina riu, sentindo as bochechas esquentarem de novo. "Não sabia que além de capitão da Sigma você era também um madrugador."

"Só quando tenho uma boa razão para estar acordado", ele respondeu, os olhos brilhando de forma suave, mas direta.

Antes que ela pudesse responder, Luiza, exausta, puxou Katarina pelo braço. "Vamos lá, miss filósofa, temos que dormir. Eu sou humana e, ao contrário de você, não sobrevivo de cafeína e poesia."

Jonas deu um último sorriso e se inclinou, falando baixo o suficiente para que só Katarina ouvisse. "Acho que vou ter que descobrir seu curso outro dia, então."

Ela deu um meio sorriso, gostando da sensação de deixá-lo um pouco intrigado. "Quem sabe."

Com um último olhar, ela seguiu Luiza para fora da festa, mas, enquanto saía, não pôde evitar de dar uma olhada para trás, só para ver que Jonas ainda a observava, com um sorriso discreto. Aquele encontro, ela sabia, não seria o último.

Rainha da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora