Na manhã seguinte à festa, o quarto compartilhado por Kat e Luiza parecia mergulhado em silêncio, quebrado apenas pelo som suave da escova de cabelos deslizando. Katarina estava deitada em sua cama, os olhos fixos no teto, enquanto Luiza, diante do espelho, tentava se arrumar.
— Sabe, não deveria dizer isso, mas acho que é um alívio você e Jonas terem terminado. Pelo menos agora podemos afundar juntas no clube das abandonadas. — Luiza forçou um sorriso, tentando aliviar o clima pesado, mas a tentativa caiu no vazio.
Kat ainda estava mergulhada em seus próprios pensamentos. Tudo parecia um turbilhão. A traição de Jonas, a dor do término, e agora aquele estranho no parque... "Damon", ele disse se chamar. Havia algo nele que a intrigava profundamente, mas também a deixava desconfortável.
Na manhã seguinte, Jonas apareceu no corredor do dormitório de Katarina. Ele parecia exausto, como se não tivesse dormido, os olhos suplicantes.
— Kat, por favor, me deixa explicar... — Ele tentou, mas ela fechou a porta sem dizer uma palavra.
Cada vez que se lembrava dele com Rihanna, uma pontada de mágoa atravessava seu peito. Como ele pôde? E por que aquela cena continuava tão viva em sua mente?
E então havia Damon. Ele aparecera do nada, justo quando ela mais precisava, como se tivesse sido chamado. Mas como? E por quê? Era como se ele soubesse exatamente o que dizer para fazê-la questionar ainda mais tudo ao seu redor — e, de alguma forma, até a si mesma.
Sentada na cama, Katarina suspirou profundamente, olhando para o teto. Nada fazia sentido, mas, de algum modo, aquela noite a marcara. Ela só não sabia se isso era bom ou ruim.
Kat sabia que não podia continuar presa no quarto, especialmente em um domingo. As aulas recomeçariam no dia seguinte, e ela precisava se concentrar no motivo real de estar ali: seus estudos e seus objetivos. Decidida, levantou-se, tomou um banho revigorante e se arrumou para sair.
Enquanto caminhava para a biblioteca, sua mente estava dividida entre a ansiedade de encontrar Jonas e o esforço para ignorar qualquer pensamento sobre ele. A cada passo, olhava discretamente para os lados, temendo um encontro inesperado. Mas o que realmente chamou sua atenção foi o prédio do relógio, uma estrutura antiga e imponente que ela parecia nunca ter notado antes.
Naquele dia, o edifício parecia ainda mais impressionante, como se tivesse saído de um livro de história, com detalhes arquitetônicos que pareciam sussurrar segredos antigos. Kat parou por um momento, contemplando sua grandiosidade. A luz do sol da tarde fazia o relógio brilhar de forma quase mística, e por um instante, ela sentiu que aquele lugar tinha algo de especial, quase convidativo.
Kat sentiu uma espécie de chamado que parecia vir do fundo de sua alma, uma voz que não conseguia ignorar. Guiada por essa sensação, decidiu seguir em direção ao prédio do relógio. As escadas pareciam intermináveis, mas ela subiu cada uma delas, o coração batendo forte, sem saber exatamente por que estava ali. No topo, deparou-se com uma porta de madeira antiga. A dúvida pesava: Por que eu estou aqui?
Era óbvio que a porta estaria trancada, mas ao girar a maçaneta, um clique suave ecoou e a porta se abriu. Ao atravessá-la, Kat prendeu a respiração. Não era nada do que esperava. O lugar exalava um aroma aconchegante de canela e café, e as paredes eram cobertas por estantes abarrotadas de livros antigos e desgastados. Uma grande janela deixava entrar a luz suave do entardecer, iluminando um pequeno sofá em que estava sentado o rapaz que encontrara no parque. Ele parecia distraído, absorto em um pequeno livro em sua mão, e ainda não tinha percebido sua presença.
O ambiente parecia mágico, quase saído de um conto de fadas. Como algo tão encantador poderia estar escondido na torre de um relógio velho no meio de um campus universitário?
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Rainha da morte
Teen FictionKatarina é uma jovem de 20 anos que carrega a dor da perda desde os 10 anos, quando seus pais faleceram em um trágico acidente de carro. A perda precoce dos pais a forçou a amadurecer rapidamente, vivendo em lares adotivos e enfrentando uma infância...