Clube do livro

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Quando Luiza chegou pela tarde, depois de sua aula de Direito Civil, ela jogou a bolsa pesada na cama com um suspiro exasperado. "Essas leis são um tédio mortal!", reclamou, como de costume. Por isso, fiquei surpresa quando ela me chamou para um clube do livro. Até agora, o máximo que a vi lendo foram sites de fofoca. E deveria está exposto claramente no meu olhar pois ela logo explicou:

"É mais uma reuniãozinha com amigos do que uma discussão sobre livros e autores chatos", ela esclareceu, piscando para mim.

Mais um pretexto para beber e encontrar garotos, pensei.

"Ah, e o Jonas vai estar lá." Luiza me deu um sorriso malicioso e me cutucou, achando que isso bastaria para me convencer.

Dei de ombros e voltei para minha pilha de livros. Mas, no fundo, meu coração bateu mais rápido. Desde o encontro inesperado no corredor três dias atrás, eu não tinha visto Jonas de novo. Talvez por coincidência — ou não —, eu até ajustei meu caminho para passar pelo campo de futebol nos horários de treino.

"Então... você vai?" A voz de Luiza me trouxe de volta. Ela estava na porta do banheiro, enrolada na toalha e com um sorriso de expectativa.

"Ok, talvez eu vá", cedi finalmente.

Luiza soltou um gritinho de alegria e correu para o banho. "Vista algo confortável hoje, sem exageros!"

O "Clube do Livro" acontecia, claro, na fraternidade Sigma. Não era uma festa aberta ao público; apenas algumas pessoas selecionadas tinham acesso. Quando chegamos, vi que havia apenas cinco membros da Sigma presentes — o famoso "conselho".

Lucas, o braço direito de Jonas, chamava atenção. Ele tinha mais de um metro e oitenta, era forte, com a pele escura e o cabelo em um black power impressionante. Victor destoava um pouco dos outros. Não era tão atlético como Lucas ou Jonas, mas sua inteligência era evidente. Estudante de Ciência da Computação, ele tinha a fama de gênio no campus. E, por fim, os gêmeos João e Júlio, que não eram tão marcantes ou carismáticos como os demais, mas completavam o grupo.

Além deles, estavam as meninas da fraternidade Kapa — quatro, para ser exata. Rihanna, a líder, estava acompanhada por suas seguidoras, que pareciam refletir seu estilo e atitude. A única que se destacava do grupo era Julia, a mais simpática e, para mim, a mais bonita também. Ela era ruiva, com olhos azuis e algumas sardas, que davam um toque de personalidade em contraste com as loiras naturais que a cercavam.

Luiza foi convidada para o clube do livro porque estava ficando com Lucas, o que, sinceramente, achava um lindo casal. Enquanto isso, Jonas se aproximou rapidamente de mim, com aquele sorriso familiar. Não pude deixar de notar a líder da Kapa, Rihanna, revirando os olhos discretamente ao fundo.

"É a terceira vez já, eu realmente preciso pedir seu número", disse Jonas, brincando, com aquele tom inconfundível de charme.

"Obrigada por nos convidar", respondi, um pouco sem graça, tentando manter a compostura.

"Que isso, agora a festa ficou bem mais bonita", ele disse, com um sorriso ainda mais largo, deixando claro que gostava de me provocar. "Aceita uma bebida?"

"Aceito sim obrigada"

A noite passou entre brincadeiras, piadas indecentes dos meninos e os amassos constantes de Lucas e Luiza. Jonas me deu atenção total, conversando comigo na maior parte do tempo, embora de vez em quando trocasse algumas palavras com os outros. Mesmo assim, eu sentia que seus olhos estavam sempre voltados para mim, até quando saí para a varanda, precisando de um pouco de ar.

"Prefere ficar aqui fora do que lá dentro comigo?" disse Jonas atrás de mim, com um sorriso divertido.

Sorri, um pouco sem graça. "Não, só precisava tomar um ar. Festas e bebidas ainda são novidades pra mim."

Rainha da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora