Era como qualquer outro dia. Minha rotina não havia mudado em nada. Eu fui trabalhar, não tinha amigos, almocei sozinha e o Mekha me levou até o ponto de ônibus, uma parada antes da dele, mesmo eu já tendo dito firmemente para ele não fazer isso. Tudo continuava igual, terminando com a Arpo esperando para me buscar no ponto e me levando de bicicleta até em casa. Foi um dia bem normal. Só que algo inesperado aconteceu durante o jantar com meus pais.
"Hoje, um rapaz acompanhou a Arpo até a porta de casa."
Minha mãe disse, justo quando eu estava prestes a dar uma mordida na comida. Eu parei por um segundo, mas continuei comendo sem perguntar nada.
"Você tem concorrência agora, hahaha."
Meu pai deu uma risada alta.
"Vimos a Arpo crescer, e agora, sabendo que um rapaz a acompanhou até em casa, é emocionante para nós."
"Ela se tornou uma moça adorável, não é mais a menininha que costumava seguir a Bow por aí. Talvez ela não te incomode tanto agora."
Minha mãe acrescentou, percebendo meu silêncio.
"Você pode até se sentir sozinha agora, Bow."
"Sozinha? Isso deve ser bom. Ela não vai mais ficar correndo por aí confessando seu amor por mim o dia todo. Agora, provavelmente, ela vai confessar para outra pessoa."
Respondi.
"Por que parece que você está um pouco triste?"
Meu pai me provocou.
Deixei os talheres de lado, indicando que estava cheia, apesar de mal ter tocado na comida. Isso fez minha mãe me olhar curiosa enquanto eu me levantava para ir ao meu quarto tomar banho e me preparar para dormir.
"Que história é essa? Você mal comeu hoje."
Ela disse.
"Estou de dieta."
Respondi.
"Você já está fina como uma pena, e agora ainda está de dieta?"
Minha mãe disse, parecendo um pouco magoada por eu não ter terminado a refeição que ela preparou. Meu pai, por outro lado, sorriu largamente, sempre encontrando um jeito de me provocar.
"Deixa ela em paz hoje. Ela pode estar se sentindo um pouco mal porque a garota que costumava confessar o amor por ela agora tem um namorado."
Meu pai brincou.
"Para de falar disso. Não estou me sentindo mal nem nada. Quem quer que tenha um namorado, é problema deles."
Cortei a conversa e subi rapidamente as escadas. Um sentimento desconhecido se infiltrou no meu coração. Fiquei em silêncio, sem comentar nada sobre o novo admirador da Arpo. Se eu estava incomodada, era porque ela me buscou como sempre, mas não mencionou nada sobre ela mesma, apenas perguntou sobre o meu trabalho. Senti que era injusto eu ser deixada no escuro.
Clank, clank.
Depois de tomar banho e secar o cabelo, ouvi o som de uma lata pendurada na janela chacoalhando, como se fosse um telefone tocando. Olhei para a lata que estava tremendo e fui até a janela, vendo a Arpo acenando e apontando para a lata, sinalizando para eu atender e brincar junto.
Olhei para ela, exausta, peguei a lata e a joguei pela janela, irritada, depois fechei as cortinas para cortar a comunicação, como se estivesse desligando o telefone. A voz da Arpo gritou da janela oposta, reclamando do que eu tinha feito.
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Arpo in Love
RomanceEu, 'Bow', uma pessoa com uma vida comum, nada de colorido e bem reservada. Recebi uma declaração de amor da minha vizinha chamada 'Arpo', que me importuna desde que era pequena como um ratinho. Agora, ela se transformou em uma gata persa, sempre mi...