"Bow, a menina da casa ao lado veio te ver."
Eu estava me vestindo para o meu primeiro dia de trabalho depois de me formar, quando minha mãe entrou no meu quarto sem bater. Ao ouvir as palavras 'menina da casa ao lado', suspirei, irritada.
"O que essa encrenqueira quer agora?"
"O que mais poderia ser? Ela veio ver a maçã dos olhos dela."
Minha mãe riu. Isso acontecia toda vez que "ela" vinha me ver. Terminei de me arrumar, desci as escadas e fui direto para a pessoa esperando do lado de fora. Ela estava de costas para mim, então limpei a garganta com meu habitual tom frio.
"Você chegou cedo."
Assim que ouviu minha voz, ela se virou, fazendo seu cabelo cacheado até os ombros balançar.
Ela abriu um sorriso radiante como o sol da manhã. Aquele rosto doce sempre ficava assim quando ela vinha me ver, e isso me irritava um pouco.
"Eu trouxe uma marmita para você, Sênior."
'Sênior' era o termo que ela usava para me chamar em vez do meu apelido. Referia-se ao fato de eu sempre ter sido sua veterana no ensino fundamental, no ensino médio e até na faculdade, embora estivéssemos em anos diferentes. Agora, ela estava no terceiro ano da faculdade, bem mais crescida que antes. Mas o que não havia mudado era a persistência dela. Outros achavam ela adorável, especialmente minha mãe, mas para mim, ela era o epítome da irritação, como alguém incoerente.
"Por que trouxe isso?"
"Para o seu primeiro dia de trabalho! É uma marmita cheia de amor."
Ela me entregou com seus braços longos. Peguei, abri e vi a comida arrumada artisticamente — salsichas, legumes, frutas e um ovo frito em forma de coração por cima. Fechei a tampa imediatamente.
"Eu não vou comer."
"Come, por favor."
Ela fez um beicinho, achando que ficaria ainda mais adorável. Franzi a testa, mostrando nenhuma reação, e suspirei.
"Por que você continua fazendo isso? Não cansa de me perturbar todo dia? Já te disse desde o ensino fundamental, no ensino médio e na faculdade que nunca vou gostar de você. Preciso continuar dizendo isso pelo resto da vida?"
Fiquei firme, mas ela continuou sorrindo brilhantemente, sem dar nenhum sinal de se magoar com minhas palavras.
"Tudo bem, porque, pelo resto da minha vida, só vou te amar, Sênior. E hoje, tenho algo para te dizer."
Lá vem ela de novo...
"..."
Ela respirou fundo, exalou confiante e disse o que sempre dizia.
"Sênior, eu te amo!"
Essa frase me fez revirar os olhos. Eu já tinha ouvido tantas vezes que havia perdido todo o sentido. Apenas dei uma risada seca.
"As pessoas dizem que quem declara seu amor facilmente não o sente de verdade."
"Quem diz isso?"
"Alguém."
"Então não é confiável, porque eu realmente te amo, Sênior."
Ela sorriu brilhantemente antes de mudar de assunto.
"Vamos. Eu vou te levar."
"Me levar? Como?"
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Arpo in Love
RomanceEu, 'Bow', uma pessoa com uma vida comum, nada de colorido e bem reservada. Recebi uma declaração de amor da minha vizinha chamada 'Arpo', que me importuna desde que era pequena como um ratinho. Agora, ela se transformou em uma gata persa, sempre mi...