Capítulo 5 - Não Conte a Ninguém... Especialmente a Ela

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A recuperação de Arpo foi boa. Logo, ela já estava de volta em casa, mas ainda precisava descansar. Durante esse período, eu precisava caminhar sozinha do começo do beco até em casa depois do trabalho. Embora fosse um pouco longe, não era um problema; eu considerava isso um exercício. Mas... eu não sabia por que isso parecia um pouco solitário. Não havia o som familiar do guizo para me incomodar como sempre. Deve ser isso que aquela encrenqueira queria — que eu me acostumasse a tê-la por perto.

Quando cheguei em casa, fui direto para o meu quarto, levando uma lata de refrigerante comigo. Minha mãe me olhou curiosa, porque eu nunca bebia refrigerante, com medo de que isso me causasse dor de estômago. Os idosos não conseguiam deixar de comentar.

"Que humor é esse, bebendo refrigerante?"

"Mal-humorada."

"Sério?"

"Sério."

Não disse muito e fui direto para o meu quarto, trancando a porta para ficar sozinha. Despejei o refrigerante no vaso sanitário, deixando apenas a lata. Em seguida, fiz um furo no fundo, amarrei uma linha de pipa, limpei a lata e removi a tampa para me livrar das bordas afiadas.

Levei uma hora inteira para fazer isso meticulosamente. Quando tive certeza de que estava pronto, abri a janela e chamei a Arpo, cuja janela ficava perto da minha, para abrir as cortinas.

"Arpo!"

Chamei o nome dela, coisa que raramente fazia, porque geralmente a chamava de Encrenqueira. Logo, a doce garota que foi chamada abriu as cortinas rapidamente e sorriu radiante, competindo com o sol em sua alegria.

"Ahhh! A Sênior me chamou. O que foi, meu amor?"

Ah, francamente...

"Pega isso."

Joguei a lata, mirando direitinho, e ela caiu perfeitamente nas mãos dela. Arpo olhou curiosa, virando-a, antes de seu rosto se iluminar.

"Oh, um telefone do amor para você dizer que me ama!"

"Apenas um telefone, sem declaração de amor."

"Foi a Sênior que fez?"

"Aquele que você fez não estava bonito, então fiz um novo. Não queria que você ficasse chateada e reclamasse com sua mãe de novo."

Fingi ignorá-la, sem querer fazer contato visual. Fiz isso por pena de quem está doente.

"Pense nisso como um consolo por ter acabado de sair do hospital."

A garota fofa me olhou e sorriu maliciosamente. Vendo aquele sorriso, não pude evitar e resmunguei com ela.

"Por que está sorrindo?"

"Você se importa comigo, não é? Você se importa, né?"

"Devolve. Não precisa brincar com isso."

"Vamos brincar! Admita que você se importa comigo. É tão difícil? Vamos testar o som. Diga alguma coisa, Sênior. Eu vou escutar."

Olhei para a garota encrenqueira e falei pela lata. Mas a garota de rosto doce franziu o cenho e balançou a cabeça.

"Não consigo ouvir nada."

"Então você tenta falar de volta. Vamos ver se consigo ouvir você."

"Eu amo você, Sênior."

Arpo in LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora