Capítulo 12 - Consolação

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A pergunta aparentemente casual de Arpo me fez entrar em pânico e senti meu rosto esquentar de vergonha. Tentei pensar em uma desculpa, mas não consegui encontrar nada, então respondi de forma desconfortável, como alguém tentando desesperadamente achar uma saída com palavras que nem mesmo entendia.

"Só existe uma razão para as pessoas usarem a língua."

Eu disse.

"Qual é?"

Ela sorriu e apertou os olhos de forma brincalhona.

"Eu só queria te empurrar e  te fazer ir embora."

A razão não fazia sentido, mas foi tudo o que consegui pensar. Minha resposta fez Arpo rir, e percebi que talvez fosse melhor não ter respondido do que ter dado uma resposta tão ridícula.

"Você me empurrou tão forte que quase voei para longe."

"Para de fazer essa cara. Sai do meu quarto. Está sufocando."

"Tá bom, hoje não vou te encher, mas..."

"Mas o quê?"

"É uma coisa boa, sabia? Eu te beijei duas vezes."

Ela disse, se inclinando com um sorriso.

"Estou começando a fazer movimentos sérios em você. Agora, não dá para simplesmente escapar dizendo que eu sou só sua amiga mais nova."

"Saí fora!"

"Ok."

Ela sorriu amplamente e saiu do quarto de bom humor. Eu a segui e tranquei a porta, me apoiando nela, me sentindo exausta. Mordi meu lábio em frustração por como cedi tão facilmente. Arpo tinha ganho vantagem.

Eu tentei manter a compostura, mas fui desarmada por uma única garota. Era ridículo. Eu era mais velha, mas era eu quem estava sendo perseguida e nunca conseguia recusar. Odiava o fato de meu corpo nunca resistir a ela, não importando a situação.

Não, eu tenho que ser mais forte. Não posso deixar uma menina travessa me afetar tanto!

Depois daquele dia, mudei minha rotina de corridas para praticar direção na rua principal. Todo dia, às cinco da manhã, eu ligava o carro e dirigia pelos arredores para praticar. Aos poucos, fui ficando mais confiante e comecei a dirigir na rua principal sem meu pai. Minha confiança cresceu a cada dia.

"Agora eu sei dirigir."

Eu disse para minha mãe, girando as chaves do carro na mão.

"Hoje, vou dirigir para o trabalho pela primeira vez."

"Excelente. Quando você decide fazer algo, nunca falha."

Sorri com o elogio da minha mãe, mas rapidamente parei.

"Então hoje, dirija a sua garota para a universidade também."

"Por que eu tenho que levá-la?"

"Não é por isso que você aprendeu a dirigir?"

"Quantas vezes vou ter que te dizer que não é por causa da Arpo?"

"Tá bom, tá bom, não é por causa dela. Mas, como prometido, leve-a para a universidade."

"De jeito nenhum. O trânsito está péssimo."

"Se não levar, vou pegar o carro de volta."

Cruzei os braços e olhei para minha mãe, frustrada.

Arpo in LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora