Capítulo 24 - Obstáculo

45 7 1
                                    


Eu disse isso...

Enquanto falava, o suor escorria pelas minhas costas. A sensação de ter falado era como confessar um pecado grave. Honestamente, poderíamos ter mantido isso entre nós, já que era algo pessoal. Mas eu queria que nossa família soubesse, porque éramos muito próximas. Além disso, já tinha soltado tudo mais cedo à noite. Ver a mãe de Arpo na casa deixou claro que ela estava ali para conversar sobre nós. Melhor eu mesma dizer, não importa o que aconteça. A gente enfrentaria as consequências depois. Foi isso o que pensei.

Mas como lidaríamos com isso era outra história.

Se a família não aceitasse, se tentassem nos impedir de ser felizes, já tinha decidido que iria fingir que não ouvi nada. Talvez até causasse uma briga e ameaçasse fugir de casa. A gente poderia ser punida, Arpo poderia ser mandada para o exterior para estudar, ou minha mãe poderia me apresentar algum cara para nos separar. Pensei em vários cenários, mas me disse que fatores externos não poderiam nos separar.

Segurei a mão de Arpo com força, minha palma suando. Arpo me olhou com os olhos cheios de emoção, como se tivesse decidido que, aconteça o que acontecer, ela estaria pronta para me acompanhar. Enfrentaríamos juntas. Ela estava tão firme quanto eu, talvez até mais.

As mães nos olhavam com um olhar calmo, o que só aumentava a pressão. Engoli em seco e repeti.

"Estamos sérias. Nos amamos. Somos um casal, não apenas vizinhas."

E a resposta da minha mãe após minha próxima frase foi...

"Sério?"

"Hã?"

"Se você não tivesse me dito, eu não teria percebido."

O tom dela não era sarcástico, mas me fez sentir como se minha confissão fosse uma piada.

"Mãe, eu estou falando sério. Arpo e eu nos amamos."

"..."

"Somos duas mulheres que se amam."

"Sim."

Essa única resposta me deixou ainda mais atordoada. Era como se minha mãe não se importasse com os detalhes. Ela apenas respondeu e se virou para conversar com a mãe de Arpo novamente. Eu tinha soltado a mão de Arpo e me sentei ao lado da minha mãe para explicar o quão sério isso era.

"Mãe, não leve isso na brincadeira. Eu estou falando sério."

"Eu sei."

"Sabe o quê?!"

Minha voz quase gritou, mas eu queria que minha mãe esclarecesse para que ela realmente entendesse.

"Eu estou falando sobre amor entre duas mulheres."

"E daí?"

"O que você quer dizer com 'E daí'?"

"Sim, e daí?"

"Mãe, seja séria."

Eu parecia prestes a chorar. Minha mãe suspirou, parecendo irritada.

"Como não estou sendo séria? Eu entendi, e não tem mais nada."

"Mãe!!"

Eu levantei a voz, parecendo chocada e sem palavras. A mãe de Arpo, vendo minha cara, deu uma risadinha e agiu como se nada tivesse acontecido.

"Todo mundo já sabe, querida. Você mesma gritou isso agora há pouco."

"Então por que ninguém está surpreso?!"

Arpo in LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora