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Emma

Eu estou almoçando na casa da Jenna Ortega. Muitas pessoas da minha idade estariam loucas por isso, mas eu estou com uma vergonha absurda.

Os pais da Jenna são incríveis, e a irmã é gente boa também. Natalie, Edward, e Aliyah.

Pelo que a Jenna falou, a Joy não pode vir para o almoço, mas disse que mais tarde vai vir pra cá.

Estávamos almoçando em um clima agradável, tirando a minha vergonha. Eles são curiosos e me fizeram várias perguntas, mas acho que é normal.

Jenna não tirou os olhos de mim, e eu estou começando a ficar preocupada, achando que tem algo de errado comigo.

- Emma, então você vai escrever as músicas pra minha irmã?

- Quase isso, vamos fazer uma parceria. Nós duas vamos escrever, ou pelo menos vamos tentar. - Respondi para Aliyah.

- Acho legal. Queria aprender escrever, e quem sabe eu vire cantora também...

- Filha, você é nova pra isso... - Senhora Natalie diz carinhosa.

- Não, mãe. Aliyah está na idade de fazer as coisas que tem vontade. - Jenna defendeu a irmã. - Não digo que ela pode fazer tudo, mas Aliyah pode começar a sonhar. E seria uma honra ela virar cantora e um dia dividir o palco comigo.

- Jenna, sua irmã está estudando...

- Pai, eu também estava estudando quando comecei, eu também era nova. Vocês não podem prender a Aliyah.

- Isso é um almoço. - Natalie lembrou. - Vão deixar a convidada sem graça.

Na real eu estou observando cada detalhe. Jenna defende a irmã, e tenta ficar perto, mas parece que Aliyah está meio distante.

- Me desculpa, Emma. - Jenna pediu.

- Tudo bem, relaxa.

- Aliyah, se quiser ir com a gente para o estúdio... - Jenna ofereceu e foi a primeira vez que vi a irmã dela sorrir.

- Vou fazer um trabalho, mas depois que eu terminar apareço lá.

Aparentemente a Jenna ficou mais feliz com o que Aliyah falou.
Eu fiquei observando a interação deles, gosto de ficar prestando os mínimos detalhes em tudo, cada palavra, gesto, olhar, sorriso, mãos agitadas.

Terminamos o almoço, e a Jenna me chamou pra ir até o estúdio.

Peguei meu violão e a mochila, comecei a andar atrás da Jenna.
Passamos pela piscina na área de lazer, Jenna pegou uma chave diferenciada e abriu a porta.

Jenna me deu espaço para eu entrar no cômodo, ainda. Tá meio escuro, então a Jenna fechou a porta e pegou um controle.

- Vou acender as luzes e o ar condicionado.

As luzes acenderam e eu pude abrir a boca totalmente surpresa. Esse lugar é imenso, e lindo. Chega ser mais bonito que o estudo da gravadora.

A luzes são quase azuis, só que claro. Tem um cheiro de coisas novas, e uma temperatura ambiente.

- Gostou?

Me assustei com a Jenna, mas concordei com a cabeça.

- Senta aí no sofá, fica à vontade. Vou ligar as coisas aqui.

Jenna foi ligar a mesa e os computadores, e eu aproveitei para afinar meu violão.

- Como vamos trabalhar juntas? - Jenna perguntou sem me olhar.

- Bom, você já sabe algumas coisas sobre mim. Preciso saber sobre você também, assim vou conseguir sentir um pouco dos seus sentimentos. - Dei uma risada e a Jenna me acompanhou.

- Sentir meus sentimentos? Ok, eu te conto o que estou sentindo. - Jenna virou pra mim, e sentou ao meu lado. - Escolhi você, exatamente por isso. Você escreve o que sente, Emma.

- Eu tento.

- Bom, eu estou meio cansada da minha vida. Tenho dezoito anos, sou uma cantora famosa, não tenho tempo pra minha vida pessoal, minha irmã me odeia, meus pais sentem falta de ter a família reunida, e as vezes meus fãs são uns pé no saco.

- Uau, me conta mais.

- Sinto saudade de casa, saudade da minha família. - Dedilhei o violão lentamente, buscando uma melodia calma, mas caótica. - Saudade de quando brincava com a Aliyah. Sinto falta de ter minha mãe pra me ajudar a levantar, quando as pessoas de derrubam.

Notei os olhos da Jenna cheios de lágrimas. Ela passou as pontas dos dedos pelo rosto, afastando a franja dos olhos.

- Saudade de casa, saudade da calma. De quando ainda brincava... Menina do interior,
Cuidado... A cidade vai te inundar - Cantarolei baixo, tentando encontrar uma harmonia entre as letras.

Deixei o violão de lado, e fui atrevida ao ponto de abraçar a Jenna.

Não sei porque, mas Jenna desabou no meu abraço.

Os braços da Jenna me aperta como se tivesse medo, o choro forte e dolorido.

- Tudo bem, vai passar, Jenna. - Falei baixo. - Estou aqui.

Depois de alguns minutos o choro da Jenna foi cessando, acho que ela ficou com vergonha porque foi se afastando aos poucos.

- Desculpa por ter chorado desse jeito.

- Não tem que pedir desculpas, você não tem que ser forte o tempo todo.

- Eu sei, só que as vezes é difícil.

- Eu te entendo, fica calma.

Comentem o que estão achando.

✌🏽

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