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Emma

O clima aqui em casa não é dos melhores, já que meu pai não aceita meu namoro. Tecnicamente, o namoro real começou ontem, mas ele não vai aceitar.

Ontem quando cheguei em casa ouvi uma discussão dos meus pais, e eu fui o motivo da briga.

Pra completar, algum imbecil tirou fotos minha e da Jenna. O idiota ainda divulgou as merdas das fotos.

Conversei com a Jenna, e ela disse pra eu ficar calma, e se alguém me procurar pra saber, é pra eu dizer que não sei de nada.
Não é pra mim assumir e nem negar nada.
E bom, eu prefiro que seja assim.
Não gosto de saber que estou na boca dos outros, não gosto de me mostrar para as pessoas.

- Você realmente está namorando com a Ortega? - Meu pai mostrou a foto vazada no celular dele.

- Sim, pai. Mas não vamos assumir isso para o Brasil, pelo menos não agora.

- Emma, você é minha filha e eu te amo incondicionalmente, mas isso não entra na minha cabeça. - Suspirei pesado quando meu pai se abaixou na minha frente e segurou minhas mãos. - Eu errei em algo na sua criação? O erro foi meu e da sua mãe ?

- Não pai, eu nasci assim e vocês não tem culpa de nada.

- Então por que você gosta de meninas? Sua irmã está morando com sua tia, estudando, não namora... Será que ela também gosta de garotas ?

- Não sei, pai. Eu sou eu, e a Isabel é a Isabel.

Fiquei olhando pra ele, tentando controlar minha respiração. A cada palavra que ele dizia, parecia que meu coração afundava mais. Eu sabia que meu pai não ia aceitar numa boa, mas não pensei que ia ser assim, sabe? Como se fosse culpa de alguém, como se fosse um erro que precisava ser corrigido.

- Pai, você tá me escutando? - Perguntei, tentando manter a calma. - Não tem nada de errado comigo. Eu só... gosto da Jenna. Isso não tem nada a ver com vocês. Não é culpa sua ou da mãe. Eu só sou assim.

Ele ficou quieto, me olhando com aquela cara de quem tá tentando entender, mas não consegue. Isso sempre me irritou nele: essa mania de querer achar uma explicação pra tudo, como se o mundo fosse preto e branco e tudo tivesse que ter um motivo claro.

- Emma, você tem ideia do que tá fazendo? - Ele perguntou, soltando minhas mãos e passando a mão no rosto, como se tivesse cansado. - Essa garota, a Jenna... Ela é famosa, vive no meio de fofoca, escândalo, essas coisas. Cê acha que isso é bom pra você?

- Pai, a Jenna é uma pessoa incrível. - Respondi, tentando não explodir. - Ela me respeita, me trata bem, e a gente se entende. Não é porque ela é famosa que isso muda quem ela é.

- Emma, eu só quero te proteger. - Ele disse, suspirando. - O mundo não é fácil pra quem faz escolhas assim.

Ah, lá vinha ele de novo com essa ideia de "escolha".

- Pai, isso não é uma escolha! - Falei, um pouco mais alto do que queria. - Você acha que eu escolheria isso? Que eu escolheria passar por tudo isso, ouvir gente me julgando, você me questionando? Eu sou assim. E é isso.

Ele ficou quieto de novo, e eu aproveitei pra levantar do sofá. Meu coração tava acelerado, e minha cabeça parecia um furacão.

- Olha, pai, eu não vou ficar aqui tentando te convencer. - Disse, já andando em direção ao meu quarto. - Você não precisa gostar, mas eu só quero que respeite. É pedir muito?

Antes que ele pudesse responder, fechei a porta do meu quarto. Encostei nela e respirei fundo, tentando não chorar. Eu sabia que seria difícil, mas não pensei que seria tão cansativo.

Vozes do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora