13

145 55 1
                                    

Jenna

Você é bem meu tipo, calça jeans, regata branca.

Postei a frase no Twitter e deixei meus fãs maluquinhos.
Uns acham que é alguma música nova, outros acham que estou apaixonada, e por fim tem aqueles que só estão lá pra dar em cima de mim.

- Seus fãs são malucos igual você. - Emma mostrou a tela do celular, ela viu que eu escrevi no twitter.

- Nosso primeiro beijo foi incrível, mas estou querendo o segundo, terceiro e quarto... - Falei deixando meu celular de lado.

- Você é assumida pra sua família? - Emma perguntou de repente.

- Não, meio que nunca falei disso com eles. Mas pelo que a Aliyah falou, eles estão torcendo por nós duas.

- Como assim?

- Então, não disfarçamos bem. Minha mãe percebeu que sou afim de você.

- Meus pais não sabem sobre mim. Nunca tive coragem de falar.

- Um dia você vai ter coragem.

- Isso que está rolando entre a gente, vai continuar?

- Eu quero muito que continue, Emma.

Emma me olhou por uns segundos, parecendo processar tudo o que eu tinha acabado de dizer. Esses olhos azuis dela me encarando de perto sempre me deixavam meio desnorteada.

- Você quer mesmo? - Emma perguntou, meio hesitante, como se ainda não acreditasse.

- Quero. Já falei, né?- Ri de leve, tentando aliviar o clima. - Acha que tô brincando, Emma?

- Não sei, Jenna. Às vezes parece bom demais pra ser verdade. - Ela desviou o olhar, mexendo na barra da blusa.

Senti um aperto no peito. Emma sempre tinha essa mania de duvidar que as coisas boas podiam acontecer pra ela. Eu percebi isso nas inúmeras vezes que ficamos conversando sobre a vida. Isso me irrita mais do que eu queria admitir.

Me aproximei e segurei a mão dela, sem pensar muito.

- Escuta, para de complicar tudo na sua cabeça, tá? - Apertei os dedos dela de leve. - Eu gosto de você. Tipo, muito. Mais do que devia. E quero ver no que isso aqui vai dar. Se não fosse sério, eu não tava nem aqui, me declarando como uma trouxa.

Emma deu uma risada curta, ainda sem me encarar.

- Você parece tão segura...

- Não sou, não. - Suspirei. - Só tô cansada de esconder o que sinto. Sério, Emma, se a gente ficar adiando, vai ser só mais complicado. Então, por mim, a gente assume que tá junto e pronto.

- Assume? Assim, de boa? - Agora ela me olhou, com as sobrancelhas arqueadas.

- Não tô dizendo pra sair postando no Instagram, calma. - Ri. - Mas, sei lá, parar de fingir que somos só amigas, pelo menos pra quem importa.

- A gente só se declarou e deu um beijo. - Emma disse.

- Eu sei, mas gosto de você.

Ela ficou quieta, mordendo o lábio como fazia quando tava nervosa. Eu esperava qualquer resposta, menos o que veio em seguida.

- Tá bom.

- Tá bom o quê? - Fiquei meio confusa.

- Tá bom, a gente para de fingir que somos só amigas para os seus amigos e sua família. Mas com calma, tá? Sem pressa. Tem meus pais e minha irmã.

Senti meu coração dar um salto, mas tentei não demonstrar tanto.

- Combinado. Com calma.

Emma sorriu daquele jeito que me fazia esquecer o resto do mundo, e naquele momento eu soube que tava ferrada. Não tinha volta.

- Agora vem cá - Puxei ela de leve. - Já que você tá falando de "calma", o que acha de começar pelo segundo beijo?

Emma riu, mas se aproximou, os lábios dela encostando nos meus como se fosse a coisa mais natural do mundo. E, sinceramente, foi.

Aliás, o que é mesmo "calma"? Acho que a gente esqueceu o significado rapidinho.

Depois do beijo, ficamos ali, juntas, sem dizer nada por alguns segundos. Era como se o mundo tivesse parado, e tudo o que existisse fosse ela e aquele momento. Emma afastou o rosto só um pouco, o suficiente pra me olhar nos olhos.

- Você é tão complicada, sabia? - Ela disse, com um sorriso de canto.

- Eu? Você que vive cheia de dúvidas, Emma. - Respondi, rindo baixo.

Ela não rebateu, só balançou a cabeça e me puxou pelo braço. Antes que eu entendesse o que tava acontecendo, ela deitou na minha cama e me puxou junto, me fazendo cair meio desajeitada ao lado dela.

- O que você tá fazendo? - Perguntei, rindo.

- Você tava muito longe. - Ela deu de ombros, ajeitando a cabeça no meu ombro.

Ficamos assim, só curtindo a presença uma da outra. O silêncio que rolou não foi estranho, pelo contrário, foi confortável. Eu tava ali, sentindo o cheiro do cabelo dela, os dedos dela brincando com os meus, e não conseguia parar de pensar em como isso tudo parecia certo.

- Sabe o que é engraçado? - Emma perguntou de repente.

- O quê?

- Eu nunca pensei que alguém pudesse gostar de mim desse jeito. Tipo, de verdade.

Senti meu peito apertar de novo. Ela sempre tinha esses momentos em que mostrava como guardava todas essas inseguranças pra si, e isso me matava.

- Emma, você tem ideia do quanto eu gosto de você? - Levantei a cabeça pra olhar pra ela, sem soltar sua mão. - Porque se não tem, eu posso te lembrar. Todo dia, se precisar.

Ela ficou vermelha, daquele jeito fofo que só ela conseguia, e escondeu o rosto no meu ombro.

- Para, você vai me fazer chorar.

- Então chora, ué. Eu vou tá aqui pra te abraçar depois.

Emma não respondeu, mas me abraçou mais forte. E, pela primeira vez, senti que ela tava realmente acreditando em mim.

Eu não sabia o que o futuro reservava pra gente, mas naquele momento nada disso importava. Tudo o que eu queria era continuar ali, com ela, sentindo como se o mundo inteiro pudesse esperar.

✌🏽

Vozes do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora