Samira lentamente levantou a cabeça, e seus olhos se encontraram com o olhar de um homem. Não era como os outros vikings, cujos olhares eram imundos e desprovidos de qualquer compaixão. Não. O olhar daquele garoto era diferente: era vazio, duro, imp...
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Samira estava ali, encolhida no baú, a respiração ainda pesada e o corpo tremendo com a adrenalina. O silêncio após a saída do viking parecia sufocante, como se o mundo tivesse parado por um momento. O alívio era temporário, mas era o suficiente para que ela pudesse juntar as forças e tentar entender o que estava acontecendo. O que ele queria? Thorfinn… ele a havia ajudado, mas por quê?
Ela se forçou a não pensar mais no viking, tentando acalmar a mente. No entanto, os pensamentos eram incessantes. Seu irmão, seu pai, o horror que vivera... tudo isso estava tão próximo, e ela se sentia frágil, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros. E ali, no escuro do baú, seu único consolo era a dúvida sobre Thorfinn. O que ele queria com ela? Por que não a entregara ao outro viking? Ele poderia tê-la deixado sozinha para sofrer, mas ao invés disso, ele fizera algo. Algo que a fazia sentir uma mistura de gratidão, medo e ódio.
Thorfinn era um viking. Um viking que, como os outros, matava sem hesitar, saqueava e tomava tudo o que queria. Mas ao mesmo tempo, ele parecia distante de tudo aquilo. Como se fosse diferente dos outros. Samira não sabia se poderia confiar nele, mas, ao mesmo tempo, ele havia impedido algo ainda pior de acontecer. Sua mente estava em conflito, um turbilhão de sentimentos e emoções.
Dentro do baú, ela sentia uma inquietação crescente. O medo havia dado lugar a uma tensão profunda, mas, por algum motivo, não conseguia sair. O tempo parecia se arrastar, mas ela não ousava fazer barulho. Mesmo com o som dos passos do viking se afastando, ela não se sentia segura. O que poderia acontecer agora? Ela deveria confiar em Thorfinn ou continuar fugindo, como se sua vida dependesse disso?
Ela percebeu que o medo não era apenas de ser tocada, de ser usada como as outras mulheres. O medo também era de ser perdida, esquecida, sem ninguém para lutar por ela. Mas Thorfinn... ele havia dado algo a ela. Talvez uma chance, uma possibilidade. E talvez, apenas talvez, fosse isso o que ela precisava para seguir em frente.
Quando ela finalmente sentiu que não havia mais risco imediato, abriu a tampa do baú com cuidado, espiando para fora. A escuridão do quarto parecia não ter fim. Thorfinn ainda estava lá, deitado na cama, sem se mover. Seu rosto era inexpressivo, mas seus olhos estavam fixos nela, como se soubesse o que se passava em sua mente. Samira hesitou por um momento, mas então, com uma determinação silenciosa, saiu do baú. Ela se levantou e ficou de pé, olhando para ele com um misto de raiva e confusão.
Thorfinn não disse nada. Ele apenas a observava, impassível. Ela sentia que algo estava mudando, mas ainda não sabia o que. Talvez ele fosse apenas mais um viking, talvez ele fosse algo diferente. Mas, por enquanto, a única coisa que ela sabia era que tinha que seguir em frente, fazer o que fosse necessário para sobreviver. E ele, Thorfinn, era uma parte dessa luta.
Com um suspiro pesado, ela se aproximou da janela, olhando para a noite que se estendia lá fora, o mar calmo e distante. O navio estava em movimento, mas para onde ela iria? Ela não sabia. Mas uma coisa estava clara: ela não iria se deixar quebrar. Não importava quem fosse o próximo a cruzar seu caminho. Ela ia lutar.
