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Samira acordou com um sobressalto, seu corpo ainda tenso e dolorido

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Samira acordou com um sobressalto, seu corpo ainda tenso e dolorido. A escuridão da noite envolvia o convés do navio, e o som das ondas batendo contra o casco ecoava como um lembrete constante de sua nova realidade. Ela estava amarrada a um canto, os braços firmemente presos, e a sensação do corda em sua pele a fez se sentir ainda mais impotente.

Os olhos de Samira se abriram lentamente, e ela tentou se orientar, observando o ambiente ao redor. Havia outras mulheres e crianças ali, todas amarradas como ela, com expressões de medo, desespero e confusão. Entre elas, Samira reconheceu algumas caras da vila, outras mulheres que também haviam sido levadas pelos vikings. Eles eram os outros sobreviventes, os que, como ela, tinham sido arrastados da sua terra para o destino incerto que os aguardava.

Mas o que mais chamou sua atenção foi a pilha de coisas saqueadas ao lado delas - pertences, roupas, utensílios, tudo o que os vikings haviam levado durante o ataque. Eram as coisas que pertenciam à sua gente, ao seu pai, ao seu irmão. As mesmas coisas que, agora, eram um símbolo cruel de sua perda.

O vazio em seu peito se alargou, e as lembranças começaram a invadir sua mente como um turbilhão. O sangue de seu irmão, a visão de sua morte, a cabeça de seu pai sendo erguida diante dela... tudo se misturava em uma massa de dor e raiva. Ela não queria pensar nisso, mas não podia evitar. O som de sua voz gritando por ele, a risada dos vikings, a morte de seu irmão... O rosto do viking que a segurou pelos cabelos, o toque frio de sua mão, tudo estava marcado em sua mente.

Ela sentiu uma dor profunda no peito, e as lágrimas começaram a escorrer sem que ela pudesse impedi-las. Silenciosas. Um choro abafado, como se sua dor fosse grande demais para ser expressa em palavras. Ela tentou, com todas as forças, segurar o choro, mas era impossível. Não havia mais como evitar a tristeza, o luto que agora tomava conta dela.

As lágrimas caíam, uma após a outra, enquanto ela permanecia ali, amarrada, impotente. A dor era avassaladora. Ela não sabia o que fazer, para onde ir. Tudo o que ela conhecia havia sido arrancado dela, e ela se sentia tão vazia quanto o mar ao seu redor. O futuro parecia uma promessa distante, uma ideia que já não fazia sentido. A única coisa que restava era o peso da perda, o eco da morte de seu irmão, e a solidão insuportável de estar ali, entre estranhos e amarrada ao destino cruel dos vikings.

Ela não se importava mais com nada. Apenas chorava em silêncio, sentindo que a dor nunca mais iria embora. Era a única coisa que ela ainda podia fazer. A única coisa que parecia real no meio de tanto vazio.

O som de risadas altas e gritos de comemoração ecoava por todo o navio. A festa dos vikings parecia não ter fim, e Samira podia ouvir o tilintar das canecas de hidromel sendo erguidas, os sons de pessoas batendo os pés no ritmo de uma música alegre, como se estivessem celebrando um grande feito, como se aquilo fosse um dia de festa e não uma destruição brutal de vidas.

O barulho parecia distante, como se fosse algo que não tivesse nada a ver com ela. Samira estava imersa em sua dor, mas a realidade do que acontecia ao redor não podia ser ignorada. Os vikings estavam ali, festejando, como se sua crueldade fosse algo para ser comemorado. Ela sentia um nó no estômago, uma raiva crescente por tudo o que eles fizeram, mas, ao mesmo tempo, um medo imenso. O que eles fariam com ela? O que aconteceria com as outras mulheres e crianças?

O tempo parecia arrastado enquanto ela permanecia ali, amarrada, seus pensamentos tumultuados. Mas, aos poucos, algumas das mulheres mais velhas ao redor começaram a acordar, como se sentissem que Samira estava completamente sozinha e em desespero. Elas estavam amarradas, assim como ela, mas suas expressões estavam mais calmas, como se já tivessem se acostumado com a dor e o medo. Uma delas, uma mulher de cabelos grisalhos e rosto marcado pelo tempo, se aproximou silenciosamente.

- Não fique assim, minha filha - Ela disse, com uma voz suave, mas firme.

- Não adianta tentar lutar contra o que já aconteceu. -

Samira não conseguiu conter o soluço, mas olhou para a mulher, procurando algum tipo de resposta. A mulher continuou.

- Eles fazem isso. Eles atacam, saqueiam, matam... e levam. Isso faz parte da vida deles. E agora estamos aqui. Não há como voltar atrás, não há como mudar nada. Só temos que tentar sobreviver, sobreviver ao que nos resta. -

Samira engoliu em seco, as palavras dela soando vazias. Como ela poderia sobreviver a isso? Como continuar depois de perder tudo o que tinha?

- Quem são eles? - Samira perguntou, sua voz fraca.
- O que vai acontecer conosco? -

A mulher suspirou, olhando para os vikings ainda festejando ao longe. Ela parecia distante, como se as lembranças do passado ainda a atormentassem.

- Eles são vikings. Pessoas que não conhecem limites, que vivem para saquear e destruir. Alguns dizem que eles são movidos pela sede de ouro, outros dizem que é a guerra que os alimenta. Eles não se importam com quem somos, de onde viemos. Somos apenas... mercadorias para eles. Mulheres e crianças são levadas como prisioneiras, muitas vezes vendidas ou usadas como escravas. Mas não é só isso. Eles nos humilham. Eles se divertem com o sofrimento dos outros. Somos parte de um jogo que não controlamos. -

Uma outra mulher, mais jovem, se aproximou, com olhos cansados e uma expressão de dor evidente. Ela falou baixinho, quase num sussurro.

- Eles não vão nos matar... ainda. Mas não pense que isso significa que seremos tratadas com qualquer tipo de dignidade. Somos troféus para eles, coisas para brincar até se cansarem.-

As palavras dessas mulheres estavam pesando sobre Samira como uma tonelada de pedras. Ela queria gritar, queria se levantar e lutar contra tudo, mas seus movimentos estavam limitados, seus braços e pernas ainda amarrados.

Por mais que as palavras da mulher mais velha tentassem trazer algum tipo de consolo, Samira só sentia mais raiva. E desespero. Elas estavam presas, assim como ela, a um destino de sofrimento que parecia não ter fim. A sensação de impotência a consumia, e ela se perguntava se um dia poderia ter uma chance de se vingar, de ver os vikings pagarem pelo que fizeram à sua família.

Ela olhou para as mulheres ao seu redor. Elas estavam todas tão quebradas quanto ela. Algumas estavam com os olhos fechados, tentando descansar, outras choravam silenciosamente, enquanto os vikings continuavam a sua festa sem se importar com o que estavam fazendo.

O som das risadas e os gritos de alegria dos homens vikings ecoavam mais altos, como um cruel lembrete da realidade em que Samira estava presa.

O som das risadas e os gritos de alegria dos homens vikings ecoavam mais altos, como um cruel lembrete da realidade em que Samira estava presa

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Mot. (Thorfinnxleitora)Where stories live. Discover now