C A P Í T U L O 15

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— Você nunca passeou sozinha de cavalo? — Soap acariciou a nuca do cavalo antes de se virar para a encapuzada.

— Não — a resposta foi dita rapidamente, Selene estava mais focada em observar as nuvens escuras do céu.

Mactavish suspirou baixo. Observando-a, depois que presenciou os dois brigando e a tentativa perfeita de Simon ter tentado matá-la, isso causou certa desconfiança no homem que se sentiu culpado. Você tem que entendê-la — ele dizia.

Mas parecia que a palavra entendê-la era sinal de morte. De certa forma, Soap não sabia de nada que já aconteceu e provavelmente nunca iria saber.

— Ghost conversou com você? — desviou o olhar para o cavalo avermelhado com o tom claro, continuando a acariciar sua nuca.

Soap percorreu seu olhar para a figura feminina que havia parado no meio da estradinha de barro. Seus saltos estavam pressionados  na terra molhada e o seu capuz voava levemente nas pontas, dando-lhe um semblante ameaçador.

— Você tem medo dele?

Mactavish arregalou os olhos — Como assim?

— Bom... — ela sorriu, se virando para encará-lo — Vocês sempre demonstram terem medo dele, como se ele fosse um monstro — declarou.

— Ah... bem... — engasgou nas palavras — Não é sobre ter medo. É mais algo como respeito, ele prefere que o chamemos assim, é quase que uma ordem.

Selene se encostou no poste, com as mãos para trás. — É mesmo? — sua lábia saiu em um tom de ironia, seria exagero dizer que provavelmente ele estaria blefando, bordando uma postura de líder quando era mais uma pessoa comum.

Soap coçou a nuca em um gesto de confusão, até medo. — Ainda não entendi o conceito da sua pergunta — Selene o olhou de canto, com aqueles olhos vermelhos sombrios —  O que tem haver com isso?

— Ele não reclama quando eu o chamo de Simon — olhou para o lado, onde o capuz virou deixando seu pescoço à mostra, Soap pode ver claramente que ela usava um colar prateado, e ficou curioso para saber qual era o pingente.

— Acho que ele gosta de você — Soap falou com um sorriso enquanto Selene automaticamente o encarou — Eu não consigo saber como você se expressa através do capuz — a olhou de volta — Mas ele parece que consegue acessar suas expressões, ver através de você — olhou para o céu — E você parece conseguir ver as dele também e...

— Não seja ridículo! — Selene o cortou, cruzando os braços enquanto virou a cara.

Soap franziu as sobrancelhas, confuso, e ao mesmo tempo intrigado pela reação repentina da encapuzada. Agora ele conseguiu acessar o que ela estava sentindo: incomodada, ela estava incomodada.

— Ah, então você tem um fraco por ele? — perguntou em um tom de brincadeira, enquanto dava uma risada adorável.

A postura que antes estava firme. Agora havia se tornado tensa e negativa. Soap percebeu as mãos de Selene tremerem, os ouvidos da encapuzada se afastaram, por um instante o rosto e a voz de Soap desapareceram, substituído por uma nevasca que rodeou a sua volta.

A sala era escura, repleta de lâmpadas amareladas que mal iluminavam o lugar, onde o cheiro do sangue era a única coisa que ela se lembrava, Jones e Selene eram jogados contra paredes ásperas, seus pequenos corpos incapazes de lutar contra as mãos que os seguravam.

Por um momento, Jones estava caído no chão, com a mão no estômago, o sangue escorrendo pelos seus pequenos dedos enquanto o homem puxava o cabelo de Selene pra trás para que ela visse aqueles olhos esverdeados implorando pela sua ajuda.

Simon Riley - 𝔇𝔢𝔳𝔦𝔩'𝔰 𝔈𝔶𝔢𝔰Onde histórias criam vida. Descubra agora