C a p í t u l o 20

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O sol começava a se pôr, tingindo o céu com seus tons alaranjados e rosados, enquanto a brisa levemente gelada soprava suavemente pela praça. O burburinho ao redor era acolhedor — crianças corriam rindo entre os bancos, amigos conversavam animadamente, casais estavam grudados como se fossem chicletes.

Sentada em um banco de madeira sob a sombra de uma árvore, Selene girava distraidamente a casquinha de sorvete, observando a baunilha cremosa com granulados de chocolate escuros espalhados por cima.

Ela levou a colher à boca, deixando o sabor suave gelado derreter na língua, enquanto suas unhas stiletto, pintadas em um degradê de vermelho e preto, se destacavam na cor de boneca presente na colher. 

— Você fez as unhas, comprou várias roupas, calçados, comeu… e agora está na sobremesa. O que mais você quer? — Jones se aproximou, segurando sua própria casquinha.

Os olhos de Selene foram atraídos pelos granulados coloridos em sua casquinha. O tempo pareceu vacilar, e por um instante, ela não estava mais naquela cobertura da árvore, e sim, deitada em uma cama quentinha de criança, com Jones sentado do seu lado 

Os granulados que agora enfeitavam seu sorvete foram, naquele tempo, usados como brincadeira — Jones os pressionava contra sua pele úmida, como se pudesse transformar sua tristeza em um quadro colorido. "Assim fica mais bonito", ele havia dito, arrancando-lhe um riso abafado. " Dê um sorriso, minha panda colorida ".

A encapuzada rapidamente piscou, afastando o pensamento.

— Talvez eu queira comprar um estoque só de vinho — respondeu, brincando, enquanto observava uma loja de taças na esquina.

— Para beber tudo sozinha e acabar parando no hospital?

Selene riu baixinho, girando a colherzinha de plástico entre os dedos.

— Então, me ajudaria a beber?

Jones estreitou os olhos.

— Isso soa como uma armadilha — ele sorriu, os lábios sujos de sorvete.

Ela suspirou, desviando o olhar para a calçada, onde uma garotinha tentava equilibrar um sorvete triplo em uma casquinha minúscula.

— Você fazia isso — sua voz estava suave, quase inaudível pelo capuz — Quando eu não aguentava mais tomar suco de morango.

Jones ficou em silêncio por um instante. Dando uma lambida no granulado enquanto se lembrava.

— Era suco de caixinha, e você fazia cara de quem estava bebendo veneno — ele quase riu

— Porque era ruim — ela resmungou.

Ele riu, balançando a cabeça.

— E mesmo assim, sempre pedia pra colocar no copinho da Barbie.

— Era o meu copo favorito.

Jones a observou por um momento, imaginando que, talvez, ela estivesse sorrindo. Selene ergueu os olhos para as luzes da praça antes de desviá-los para uma criança que descia do escorregador com a ajuda da mãe e rapidamente lembrou-se quando sua mãe estava ao lado dela naquele brinquedo.

Mas a garotinha, estava com medo de descer, e a sua mãe, que deveria ajudá-la, não se importou com aquilo, não se importou com o seu medo, porém, Jones estava lá para ajudá-la a descer, e quando tropeçou, foram os braços dele que a envolveram na queda, foram os cotovelos dele que se machucaram, a pele de sua mãe havia ficado intacta enquanto seu guarda costas, ainda criança, a salvou de quebrar uma perna.

— Está pensando em algo? — Jones percebeu a leve tremida em sua mão.

— Não — ela respondeu, rápido demais.

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⏰ Última atualização: Feb 10 ⏰

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Simon Riley - 𝔇𝔢𝔳𝔦𝔩'𝔰 𝔈𝔶𝔢𝔰Onde histórias criam vida. Descubra agora