C a p í t u l o 18

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Sentimentos é algo que todo mundo não gostaria de ter. Às vezes desliga-los resolveria metade dos nossos problemas. Mas será que seria cruel, viver por um breve momento, a sensação de sentir-se vivo em meio ao caos e destruição?

Onde você não defenderia, não falaria, e muito menos iria encarar aquilo, e se permitisse chorar em meio a uma cena turbulenta, você apenas iria atear fogo e veria aquele problema se tornar cinzas.

Mas Simon não teria a coragem de fazer aquilo com Selene, ele poderia pensar, imaginar. Mas não faria, a menos que ele se deparasse com algo chocante, permitindo-se sentir emoções, com elas desligadas se tornaria mais fácil medir suas ações.

Não quando a curva perfeita da encapuzada era iluminada pelo brilho da lua naquele dia, não quando seus dedos tocavam a pele dela com tanto  Não quando seu capuz escondia seu rosto impedindo-o de desejar seus lábios. Não quando Selene Morgensty era a ruína da sua existência e o diabo que atormentava seus sonhos.

— Ghost!

Simon revirou os olhos enquanto ouviu a voz de Soap, já faziam dois dias que o tenente o ignorava por completo, não queria saber de sua existência e nem queria ouvir o som da sua voz que só sabia perguntar o que ele havia feito com Selene.

— Ghost! — berrou de novo, fazendo Simon tacar uma pedrinha na poça de lama — Sabia que você não está colaborando comigo? — pôs ambas mãos na cintura.

— É? — respondeu, dando de ombros — Nunca mais irei conseguir colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz — se levantou sacudindo a espada na mão.

Os olhos de Soap pousaram na mesma que ele sabia a quem pertencia.

— Não pode simplesmente dizer algo mais reconfortante? — cruzou os braços, se virando para olhar Riley se sentar no banco.

— Não virei psicólogo —  ele girava a espada nas mãos, o olhar fixo no reflexo distorcido da lâmina. — Não há nada de reconfortante pra dizer.

Soap deu um passo à frente, descruzando os braços e se sentando do lado dele.

— Desde aquele dia, você tá pior do que uma cadela no cio. Tá me dizendo que nada aconteceu? Porque eu não acredito em você! — ele voltou a cruzar os braços.

Simon levantou o olhar lentamente, encarando Soap como se fosse matá-lo, o seu olhar percorreu o pequeno corte localizado na garganta.

— Não é da sua conta, MacTavish.

— Eu sei que não é — Soap suspirou — Mas é da minha conta quando você sai feito um zumbi, se isola como se tivesse matado alguém.

Simon apertou a empunhadura da espada com tanta força que seus dedos ficaram brancos. Ele respirou fundo, tentando ignorar a sensação latejante que a lembrança do beijo trazia.  O gosto dela ainda parecia presente em seus lábios, como uma maldição. A chuva caía pesada, encharcando-os, mas a única coisa que ele sentia era o calor de seu corpo contra o dele. Seus dedos, hesitantes, haviam escorregado pelas coxas dela, deslizando sob o tecido molhado, até que ele a segurasse firme. Forte demais.

— Eu não matei ninguém, Soap.

Não... ele não matou. Mas a forma como seus dedos haviam apertado o seio dela, mesmo coberto pelo vestido molhado, ainda o fazia sentir-se um canalha. Foi um erro. Um erro que ele sabia que não podia repetir. Mas por que parecia impossível esquecê-lo?

— Então o que foi, Simon? Porque, pelo que eu vi, você não tá conseguindo nem se encarar no espelho. Isso tem a ver com Selene, não tem?

O nome dela parecia um golpe em seu coração, a lembrança de vê-la se agarrando a Jones enquanto tremia sem parar, seus gritos pareciam de que estava sendo torturada com brutalidade.

Simon Riley - 𝔇𝔢𝔳𝔦𝔩'𝔰 𝔈𝔶𝔢𝔰Onde histórias criam vida. Descubra agora