C a p í t u l o 17

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— Você sabe por que estou aqui. Não há necessidade de fingir ou se esconder. Vamos conversar como pessoas civilizadas, não é mesmo? — sua voz saiu abafada por conta da máscara e da chuva que caia fortemente.

O olhar de Simon se estreitou, percebendo que Selene não fez nenhum movimento, continuou olhando para os céus onde as gotas fortes da chuva caiam por dentro do capuz.

A chuva grudou seu capuz preto em seu corpo, delineando suas curvas de uma forma que fez a garganta de Simon ficar seca. As curvas que ele tinha a imensa vontade de tocar e admirar como se fosse um quadro.

Não sabia o que esperar de Selene - será que ela ia pular e gritar, talvez?

— Você sabe que não deve andar sozinha — continuou, observando-a — Especialmente não em uma noite como essa. O que você estava pensando, hein?

Caralho, ela não vai me responder?

— Bem... O gato comeu sua língua? — aumentou o tom de voz, a  paciência se esgotando — Você vai ficar aí parado, engolindo a chuva ou vai me dizer que porra você está pensando?

Assim que se virou. Selene sacou a espada em mãos, a ponta da lâmina próxima da garganta de Simon, ele não fez nada, sequer um único movimento, apenas deixou. Seus olhos desceram para notar o vestido preto elegante que ela usava, o mesmo realçava sua postura com um corte ajustado na cintura.

A peça tinha mangas longas levemente bufantes, que davam um toque clássico ao visual, enquanto o decote quadrado destacava a linha do pescoço e os ombros, deixando o busto mais levantado.

— Por que me seguiu? — sua voz saiu baixa, mas carregada de raiva.

Seus olhos se movem lentamente da lâmina até os olhos vermelhos que tanto o fascinavam, um sorriso sarcástico se formando embaixo de sua máscara.

— Você foge no meio da noite parecendo uma donzela em perigo — diz, irônico — E aponta a espada para mim como se eu fosse o inimigo? — inclinou a cabeça de lado — Mas se quiser continuar assim, podemos. Prefere que eu te mate primeiro?

Selene pressionou mais um pouco a lâmina na garganta de Simon. A chuva caindo mais forte sobre eles — Não me provoque.

Ele não protesta e nem pisca, mantendo seu olhar firme e fixo nela. A pressão da espada contra sua garganta é uma lembrança constante do perigo em que ele se colocou, mas ele não estava recusando a recuar.

— Olha, se eu quisesse te matar, teria feito isso há muito tempo — ele responde friamente — Mas parece que o destino tem outros planos para nós.

—  Você que me seguiu igual um cãozinho correndo atrás de seu dono — falou, o tom de voz sem muito humor.

Simon lançou um olhar mordaz, os lábios apertados em uma linha fina — Eu não sou um cachorro, e certamente não sou seu cachorro — continuou com um tom cortante — Você não é dona de mim.

Ele abaixa a cabeça, encarando-a de baixo para cima com um olhar penetrante.

— Mas parece que você precisa de alguém para te controlar, não é?

A mão livre de Simon desliza lentamente em direção à mão que segura a espada, aos poucos aplicando pressão para afastar a lâmina de sua garganta.

— Eu vou te matar — Selene retrucou, respirando profundamente. Simon caminhava pra frente fazendo Selene ir para trás, ainda segurando a espada.

Selene mantinha a espada firme, mas seus dedos começaram a tremer. A lâmina oscilava levemente enquanto Simon avançava, obrigando-a a recuar, até que suas costas tocassem a parede fria.

Simon Riley - 𝔇𝔢𝔳𝔦𝔩'𝔰 𝔈𝔶𝔢𝔰Onde histórias criam vida. Descubra agora