Capítulo 28

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Faziam três semanas que Charles e eu havíamos passado o final de semana juntos em Monte Carlo, nós trocávamos mensagens com frequência e as vezes ele me ligava ou fazia uma chamada de vídeo. Sempre que nos falávamos, sentia como se meu dia melhorasse e estivesse mais completo.

Em uma quarta feira estressante eu estava me preparando para mais uma aula do curso. Seria o dia todo na faculdade, eu só voltaria a noite para casa e ainda era uma hora da tarde. Não havia dormido direito, estava meio gripada, tossindo e rouca. Precisava ir ao médico para comprar alguns remédios mas naquele dia era impossível.

Eu estava sentada em uma escada que dava para um dos pátios do prédio da minha aula, tentando me recompor após uma horrível crise de tosse, quando meu celular começa a tocar.

- Ciao, bella mia! - disse Charles ao telefone.

- Oi, Char... - pausa para tossir. - Oi Charles.

- Está doente? - perguntou ele.

- Talvez...

- Já foi ao médico? Está tudo bem? Precisa de algo? - ele parecia meio preocupado.

- Charles, vai ficar tudo bem. - eu dizia com a voz falha e rouca.

- Querida, você tem que ir ao médico. Posso...

- Charles, você ligou para falar algo importante? - perguntei meio sem paciência.

- A sua saúde é importante, Anna. - ele disse firme.

- Quero saber se ligou só para jogar conversa fora. Eu preciso me preparar para uma aula. - disse a ele.

Houve uma pausa e comecei a me sentir ainda mais irritada com ele.

- Charles, eu não estou com tempo para gracinhas hoje, sem contar que não tenho voz...-tossi mais uma vez.- Bom, acho que já deu pra ver.

- Tudo bem, Anna. Eu só liguei para avisar que minha família queria te conhecer. Não quero atrapalhar o seu dia. Me desculpe.

A voz de Charles parecia de chateação. Ótimo, eu havia descontado nele e nem tinha voz para me desculpar direito.

- Charles eu...

- Tudo bem, Anna. Boa aula. - disse ele desligando o telefone.

Meus olhos lacrimejaram assim que vi que a ligação se encerrou.
Depois de desligar, fiquei sentada na escada, sentindo uma mistura de culpa e exaustão. Charles havia sido atencioso, e eu, doente e estressada, o tratei de forma grosseira. Suspirei profundamente, tentando afastar o nó na garganta, mas logo uma nova crise de tosse me fez desistir.

Meu dia continuou arrastado. Tentei focar nas aulas, mas a conversa com Charles não saía da minha cabeça. Ele sempre era tão gentil comigo, e o simples fato de ele querer que eu conhecesse sua família significava muito mais do que eu podia expressar naquele momento.

À noite, finalmente em casa, desabei no sofá. Minha cabeça latejava, minha garganta ardia, e tudo que eu queria era um banho quente e cama, tinha quase certeza de que estava com febre. Quando peguei meu celular, vi que havia uma mensagem de Charles:

"Desculpe por hoje. Não quis te incomodar. Melhoras, Anna."

Meu coração apertou. Ele não tinha nada que se desculpar, eu é que devia isso a ele. Respondi:

"Charles, me perdoe por ter sido grosseira. Estou só cansada e doente, mas isso não justifica. Obrigada por se preocupar comigo. Vou tentar ir ao médico amanhã, prometo."

Não esperei que ele respondesse rápido, mas poucos segundos depois o telefone tocou.

- Anna. - Ele disse meu nome com um tom tão suave que quase me fez chorar.

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