Charles
Depois dos encontros que tive com aquela moça brasileira não consegui tirar ela da minha cabeça. Cada olhar compartilhado no paddock me deixava intrigado, os sorrisos que abria ao me ver vencendo ou encontrar o meu olhar. Não sei se ela percebia que era observada por mim, minha curiosidade só crescia. Eu precisava entender mais sobre ela, sobre quem era essa jovem que havia me cativado de forma tão intensa em tão pouco tempo. Não sabia muito sobre ela, apenas que sempre estava acompanhada de um dos representantes dos nossos patrocinadores. Estavam juntos ou apenas eram amigos ou parentes? Queria saber e decidi que o faria assim que o encontrasse em alguma reunião.
Decidi conversar com alguns colegas da equipe e da mídia para tentar descobrir mais sobre Luca, e ao que parece, a sua fama de galinha entre as mulheres que trabalhavam para a Ferrari era bem grande. Haviam alguns comentários sobre "a jovem que andava acompanhando ele" ser uma pobre moça iludida ou uma aproveitadora. O que encontrei não foi exatamente o que esperava, afinal, não acho que ela seja alguma dessas duas coisas.
Fui atrás de informações mais concretas, e conversei com uma amiga em comum, que me contou que Luca e ela se conheceram há algum tempo e que a relação deles era algo ambíguo, ninguem de fato sabia definir. Eu ainda não tinha certeza se era algo sério ou apenas uma amizade mais próxima.
Minha mente estava em conflito. Por um lado, eu queria respeitar o que tinha entre eles, mas, por outro lado, não conseguia ignorar a atração que sentia por ela. Era como se um instinto me impulsionasse a me aproximar, mesmo sabendo que isso poderia complicar as coisas. O que eu realmente queria era ter a chance de conhecê-la melhor, de entender o que venho sentindo, pois desde que a vi no paddock pela primeira vez, venho sonhado com ela.
Assim, decidi que, na próxima vez que nos encontrássemos, se isso acontecer outra vez, eu iria me arriscar. Ou eu iria atrás dela, caso desaparecesse das corridas.
Durante uma reunião da Ferrari, o clima estava carregado de expectativa para o planejamento do ano seguinte, mas minha mente estava mais ocupada com a ideia de conversar com Luca que estava ali. Após um tempo, finalmente encontrei um momento para me aproximar dele.
- Oi, Luca. - disse, tentando manter a conversa casual, mas sabendo que havia uma tensão subjacente. - Não nos vemos desde aquele último evento em Abu Dhabi.
Luca olhou para mim, e por um instante, uma expressão de surpresa cruzou seu rosto. Depois, ele sorriu, mas não havia muita alegria na expressão.
- Sim, você e Anna ficaram um bom tempo conversando. - disse ele, mordendo a isca.
- Anna...- disse pensando em como o som da palavra era tão belo quanto ela. - Uma moça adorável. Adoraria encontra-la mais vezes.
- Bom, creio que ela me acompanhará em grandes eventos. Vão poder se encontrar mais, minha namorada é uma grande fã. - ele respondeu, a voz firme.
Havia um brilho de possessividade nos seus olhos, e eu pude perceber que a menção de Anna havia despertado algo nele.
O fato de ele se declarar como “namorado" me fez sentir um misto de emoções. Decepção e uma onda de ciúmes e frustração invadiu meu peito. Em algumas noites, relembrando as raras vezes que conversamos, pensei que tivesse visto um resquício de reciprocidade no interesse.
- Ah! Vocês então são namorados. - respondi, tentando esconder meu desconforto. - Ela é incrível. Admiro muito sua escolha.
Enquanto falava, percebi que Luca estava me avaliando. Havia um ar de competição entre nós, como se ele estivesse medindo cada palavra e gesto meu.
- Ela realmente é uma mulher que não se encontra em qualquer lugar. Tenho sorte de estarmos juntos. - ele disse, a forma como articulou as palavras deixava claro que queria afirmar sobre te-la.
- Fico feliz por vocês. - respondi, um pouco hesitante.
Eu não sabia se deveria pressionar mais ou se seria melhor mudar de assunto. A tensão estava presente, e eu não queria criar um conflito desnecessário, mas, ao mesmo tempo, a vontade de saber mais era forte. Não botei total confiança no que Luca falava, estava tentando se afirmar demais.
A conversa seguiu, mas o clima tinha mudado. Luca parecia mais reservado e, de certa forma, defensivo. Ele estava claramente ciente da atenção que eu dava a Anna e isso o incomodava. Não posso negar que ver esse lado dele me deixou intrigado. Parecia que ele sabia de algo além do que falava e isso só aumentava a minha determinação.
No final da conversa, nos despedimos, mas não antes de trocar um olhar que dizia muito mais do que palavras poderiam expressar. Era claro que havia uma competição silenciosa entre nós, e isso apenas reafirmou minha vontade de me aproximar de Anna. A incerteza pairava no ar, e eu estava decidido a não desistir tão facilmente.
"Anna... um belo nome para alguém tão encantadora." - pensei.

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MORE THAN I CAN SAY
FanfictionUma jovem brasileira vai para a Itália fazer um curso de história da arte, lá ela consegue uma oportunidade com a qual sempre sonhou, a de ir em uma corrida da F1. Em meio ao cheiro de borracha queimada, gritos de torcida e muita competição, Anna co...