Capítulo 26

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Depois de terminarmos o vinho e devorarmos a pizza e o brigadeiro, o qual ele parecia mais orgulhoso do que deveria por ter acertado a receita, ficamos deitados no chão, em meio às almofadas e ao cobertor mesmo depois do filme. A luz das velas dava um tom aconchegante ao ambiente, e o silêncio confortável nos envolveu.

- Você parece pensativa – Charles comentou, virando-se para me encarar. 

- Só estou aproveitando – respondi, desviando o olhar para o teto, mas sentindo seu olhar em mim.

- Tem certeza? Porque, pela sua expressão, parece que está calculando uma fórmula matemática complicada. 

Eu ri, balançando a cabeça.

- Não é isso. Eu nem sei matemática! - dei uma leve risada. - É só... engraçado como as coisas acontecem. Eu nunca imaginei que estaria aqui, agora, com você.

Ele sorriu, mas dessa vez foi um sorriso suave, sem a habitual provocação.

- Nem eu. Mas, se quer saber, eu estou feliz que você esteja aqui. 

Essas palavras simples fizeram meu coração acelerar de novo. Era difícil para mim acreditar que Charles Leclerc, com todo o mundo aos seus pés, estava sendo tão sincero.

- Mas você não tinha nem ideia de que eu existia!

- Em minha defesa, o famoso sou eu e acho um absurdo você falar que não imaginava me pegar algum dia. - ele fez uma piada e nós dois rimos.

Antes que eu pudesse responder, ele levantou-se do chão, estendeu a mão para mim e disse:

- Vem, vou te mostrar uma coisa. 

Curiosa, segurei sua mão e o acompanhei até a varanda. A noite estava clara, e as luzes de Monte Carlo brilhavam como estrelas espalhadas por toda a cidade. Charles me puxou para perto do parapeito e ficou ao meu lado, observando a vista.

- Sempre venho aqui quando preciso pensar – ele disse, com a voz calma. – É meu lugar favorito. 

Eu olhei para ele, surpresa com sua confissão. Charles parecia sempre tão confiante, tão certo de si, que era estranho imaginá-lo precisando de um "lugar para pensar". 

- E o que você está pensando agora? – perguntei, tentando quebrar o silêncio.

Ele me olhou, e a intensidade em seu olhar me fez esquecer como respirar por um momento.

- Que talvez eu tenha encontrado algo que não quero perder. 

Meu coração quase parou. Fiquei tão surpresa com sua sinceridade que não soube o que dizer. E, antes que pudesse responder, Charles segurou meu rosto com as mãos, seus polegares acariciando minhas bochechas de leve.

- Eu sei que pode ser cedo, mas... eu gosto de você, Anna. Muito. E não imaginava que iria me afeiçoar assim a alguém outra vez.

Meu coração disparou, e todas as dúvidas, inseguranças e medos que eu tinha desapareceram por um momento. 

- Eu também gosto de você, Charles – confessei, sentindo as palavras saírem sem esforço.

Ele sorriu, aquele sorriso que parecia iluminar tudo ao redor, e se inclinou para me beijar. O beijo foi suave, mas cheio de significado, como se ambos soubéssemos que algo importante havia mudado entre nós e agora foi colocado em palavras para que nenhum tenha dúvida do que o outro sente.
Era engraçado como me perdia nos beijos de Charles, não tenho certeza de quanto tempo ficamos ali, mas foi... mágico.
Ele me puxava pra si com uma certa urgência, como se tivesse medo de abrir os olhos e eu ter sido apenas um delirio. Enquanto isso, pra mim era como se quisesse aproveitar tudo que me foi oferecido, pois amanhã era tão incerto.
Aos poucos o beijo foi diminuindo, perdendo a velocidade, mas Charles não movia um dedo para me afastar, até que por fim eu repousei minha cabeça em seu peito, e fiquei olhando pela varanda, enquanto ele acariciava meus cabelos.

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