Amara sabia que sua vida jamais seria a mesma depois daquela noite. Ela sempre acreditou que poderia proteger Seraphine de qualquer coisa, mas nunca imaginou que o maior inimigo delas seria o próprio pai de sua amiga.
Tudo aconteceu rápido demais. A noite em que o horror veio à tona e o mundo de Seraphine desabou foi a noite que também abalou Amara de uma maneira irreparável.
Seraphine entrou em casa, o olhar perdido, os olhos inchados e vermelhos. Amara sentiu um calafrio percorrer sua espinha quando a viu na porta. A dor em seus olhos estava além das palavras. Ela já sabia, antes mesmo de ouvir as palavras escapando de Seraphine, que algo terrível tinha acontecido.
"Ele fez de novo", foi tudo o que Seraphine conseguiu sussurrar, e naquele momento, o ódio de Amara não foi apenas um sentimento — foi uma necessidade visceral de fazer justiça. Mas justiça, às vezes, não se pode encontrar dentro da lei.
O pai de Seraphine, um homem poderoso e temido, havia cruzado um limite inaceitável. Amara sentiu uma raiva cega, uma vontade de acabar com aquilo. As palavras que o pai de Seraphine havia dito na última vez que os confrontou ressoavam na mente de Amara: "Vocês são apenas meninas. O que podem fazer contra mim?" Mas ele não sabia o que ela era capaz de fazer.
Seraphine, na fragilidade de sua dor, não podia ver isso, mas Amara sabia que a única coisa que restava para ela era a vingança. O homem que causara tanto sofrimento não merecia mais viver, e o pensamento de que ele poderia continuar fazendo mal a sua amiga e a outras pessoas era insuportável.
Naquela noite, Amara fez o impensável. Ela confrontou o pai de Seraphine com uma raiva cegante, levando-o a um fim violento. Ela não sentiu arrependimento no momento, apenas uma certeza de que havia feito o que precisava ser feito, mas, à medida que o sol nascia, a realidade a atingiu com força.
O pai de Seraphine estava morto. E o peso disso caiu sobre Amara de uma forma que ela não conseguia processar. Ela havia matado um homem — não qualquer homem, mas o homem que tinha destruído a vida de sua melhor amiga. O que significava isso para ela? Para Seraphine?
O choque e a dor começaram a tomar conta de Amara. Ela sabia que, naquele momento, o vínculo entre ela e Seraphine mudaria para sempre. Mesmo que a vingança tivesse sido um alívio temporário, ela não conseguia apagar a ferida que o ato violento havia deixado nela.
No entanto, Seraphine não viu o ato de Amara com o mesmo olhar de culpa. Para ela, a morte do pai representava algo mais complexo — a morte de um homem que havia destruído sua vida, mas também a perda de um pedaço de si mesma. O que quer que tivesse sido feito por Amara, ela não sabia como se sentia sobre aquilo. O luto e a vingança estavam misturados em seu coração de maneira confusa e dolorosa.
As duas meninas estavam agora em um caminho sem volta. Elas tinham uma à outra, mas o que poderia vir depois disso? Poderiam encontrar uma maneira de seguir em frente com o peso de suas ações e do trauma que carregavam? Ou seria essa a chave para abrir um novo capítulo de suas vidas, onde ambas tentariam encontrar cura e redenção, mesmo que de formas diferentes?
O que Amara não sabia era que esse ato não apenas mudaria a vida delas, mas também as prepararia para enfrentar os demônios do passado, e os novos desafios que surgiriam ao longo do caminho.
"MATAR O MONSTRO NÃO MATA O TRAUMA"
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Quatro vidas, um destino fatal
RomanceGênero: Enemies to Lovers Sinopse: A história começa há 12 anos, quando Amara Noirvale e Seraphine Dulac se conheceram no jardim de infância. Desde então, elas são inseparáveis. No entanto, a vida de Seraphine muda drasticamente aos 10 anos, quando...