Fios de Ambição

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O laboratório estava envolto em um silêncio carregado. Jayce estava de pé junto à bancada, ajustando pequenos componentes em um dispositivo experimental. Ele mal olhou para Mel quando ela entrou, o som de seus saltos ecoando no piso metálico. "Não esperava você por aqui novamente, Mel," disse ele sem se virar, sua voz controlada. 

Mel parou perto da entrada, cruzando os braços. "Achei que devíamos conversar, Jayce. Está claro que há algo entre nós... ou deveria estar." 

Jayce soltou uma risada curta, amarga, enquanto colocava a ferramenta de lado. Ele finalmente se virou para encará-la, os olhos firmes e cheios de algo que ela raramente via nele: desconfiança. "Entre nós, Mel? Ou entre suas ambições e a necessidade de alguém para fazer o trabalho sujo? Ah é..eu já não deixei claro que não existe mas o nos?" 

Mel arqueou as sobrancelhas, mas não respondeu imediatamente. Ele sabia.  "Jayce," começou ela, o tom calculado, mas mais suave, "não sei de onde você tirou essa ideia. Tudo o que fiz foi para ajudar você a alcançar o seu potencial." 

"Meu potencial," ele repetiu, como se testasse o peso daquelas palavras. Ele cruzou os braços, inclinando-se ligeiramente para a frente. "E isso inclui manipular o Conselho, me empurrar para projetos que claramente não beneficiam Piltover, mas servem aos seus interesses? Mel, eu sou ingênuo, mas não sou cego." 

Por um momento, Mel ficou em silêncio, analisando a situação. Ela sabia que insistir no disfarce seria inútil, se não acabaria igual a “reunião” com Viktor.

Mel o observou, o sorriso desaparecendo. "Você sempre foi idealista demais, Jayce. Acreditar que as pessoas podem ser altruístas... Isso é o que sempre vai te impedir de ver o quadro maior." 

Ele respirou fundo, tentando manter a calma. "Eu sei como o mundo funciona, Mel. Mas eu não vou ser usado como uma peça no seu jogo." 

Por um longo momento, Mel permaneceu em silêncio, a tensão no ar quase palpável. Quando finalmente falou, sua voz estava mais baixa, mas ainda carregava o peso de sua determinação. 

"Talvez eu tenha subestimado você," admitiu ela, endireitando-se. "Achei que pudesse guiá-lo. Mas vejo agora que você já fez suas escolhas, e elas não incluem seguir o caminho que eu sugeri." 

Jayce assentiu lentamente. "Você está certa. Minhas escolhas são para Piltover, para proteger as pessoas daqui. E isso significa que eu não posso confiar em alguém que joga pelos próprios interesses." 

Ela ergueu uma sobrancelha, como se considerasse suas palavras. "Então é isso? Vamos fingir que nunca houve nada além de uma aliança funcional?" 

Jayce olhou para ela, sua expressão firme. "Foi o que sempre foi, não foi?" 

Mel não respondeu, mas o pequeno sorriso que voltou a aparecer em seu rosto dizia tudo. Ela sabia quando recuar. 

Quando Mel saiu do laboratório, seu andar era firme. Pela primeira vez em muito tempo, ela estava sem um plano claro. Jayce estava fora de alcance, e suas tentativas de usar Viktor também haviam sido infrutíferas. 

Em seus aposentos, ela se sentou à sua mesa, observando o horizonte de Piltover pela janela. "Se eles não são ferramentas úteis, então que sejam deixados de lado," murmurou para si mesma, pegando uma caneta e começando a traçar um novo plano. 

Mel Medarda não precisava de aliados pessoais. Ela precisava de controle — e encontraria outra forma de consegui-lo.

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