Além da Inovação

O Labirinto da Solidão

Jayce estava sozinho no laboratório, com as luzes do ambiente iluminando seu rosto concentrado. As ferramentas espalhadas pela mesa indicavam que ele havia se perdido em mais um de seus experimentos. O som constante das engrenagens e o sutil zumbido das máquinas ao redor eram o único som que o acompanhava. Mas, em meio ao silêncio pesado, algo dentro dele começou a quebrar. Talvez fosse o cansaço, ou talvez a solidão.

Ele olhou para o projeto na mesa, mas sua mente divagava, começou a falar em voz alta, imitando as vozes de Viktor e Sky, como se eles estivessem ali, fazia isso enquanto revirava os olhos.

"Ah, Jayce," ele disse, colocando a mão no peito e imitando a voz de Viktor, "talvez você devesse parar de se concentrar tanto em seus próprios projetos e se preocupar mais com a situação em Zaun." Ele fez uma pausa, exagerando os gestos e a postura. "Afinal, ninguém vai entender as consequências disso, não é? E você se coloca em perigo demais!"

Jayce rolou os olhos, colocando a mão na testa, antes de mudar a voz para uma imitação mais suave, quase como se fosse Sky. "Jayce, você sabe que você está se isolando de todos... Não é saudável se prender tanto ao trabalho, você precisa confiar mais nas pessoas ao seu redor, inclusive no Viktor."

Ele imitou com precisão, mas agora a brincadeira perdeu o tom de humor. As ‘palavras’ de Viktor e Sky se tornaram mais pesadas, mais profundas. Jayce se sentou na cadeira de rodar, virando lentamente enquanto colocava uma das mãos sobre a mesa e suspirava, como se esperando uma resposta da parede em frente.

"Ah, claro," ele disse consigo mesmo, agora mais sério, "porque é tão fácil confiar em todo mundo quando você vive entre esses dois mundos, né?" Ele olhou para o laboratório vazio, sentindo um peso crescente. "Zaun e Piltover... essas escolhas malditas."

O silêncio tomou o laboratório de novo, mas Jayce não conseguia mais se concentrar. Ele se levantou abruptamente da cadeira, a frustração se tornando cada vez mais evidente.

"Eu preciso de vocês..." Ele murmurou para si mesmo, mais como uma súplica do que uma afirmação. "Onde estão vocês, Viktor? Onde está o seu olhar, sua calma, sua teimosia que me mantém de pé?" Ele olhou para a mesa e se deu conta do quanto a solidão o consumia. "Sinto falta do seu toque, do seu cheiro... Da maneira como você... você sabe, faz tudo parecer menos sufocante."

Ele se aproximou da mesa e deu uma forte batida com a cabeça na superfície, sentindo o impacto, mas de alguma forma precisando disso. Precisava sentir algo. Algo que o lembrasse de que havia mais do que apenas trabalho.

"Eu... eu não posso continuar assim." Ele balançou a cabeça, como se estivesse tentando se livrar dos pensamentos que o atormentavam. "Viktor, eu... eu preciso de você aqui, comigo. Eu... preciso de sua teimosia, seus beijos... seus toques, suas palavras."

Jayce fechou os olhos por um momento, como se tentando encontrar algum tipo de resposta no silêncio ao redor, mas tudo o que ele sentia era a ausência de Viktor. E Sky, com sua capacidade de iluminar até os momentos mais difíceis. Eles estavam tão distantes, e ele só queria que estivessem ali para lhe dar uma direção, para acalmá-lo, para mostrar que, mesmo no caos, havia algo a se agarrar.

Ele se afastou da mesa, caminhando até a janela do laboratório. Olhou para as ruas de Piltover ao longe, refletindo sobre como os caminhos tinham se bifurcado e, ao mesmo tempo, como ele se sentia perdido entre esses mundos. Talvez ele tivesse ficado tão preso em suas ideias que se esqueceu de que não deveria enfrentar tudo sozinho.

"Eu sinto tanto a falta de vocês dois," ele murmurou. "Preciso que vocês voltem. Preciso de vocês."

A sala ficou em silêncio novamente, mas, no fundo de seu coração, Jayce sabia que as palavras que ele falava eram mais do que só um lamento. Ele realmente precisava deles. E, por mais que estivesse tentando se convencer de que poderia seguir em frente sozinho, a verdade era que, sem Viktor, sem Sky, ele se sentia incompleto.

Jayce se afastou da janela, os olhos ainda fixos na paisagem de Piltover, mas agora com uma sensação crescente de inquietação. As palavras que ele havia dito para si mesmo ainda ecoavam em sua mente. Ele precisava de Viktor e Sky, sim, mas o que ele precisava mais naquele momento era focar no trabalho. Isso, ele sabia, era o que realmente devia fazer.

Com um suspiro profundo, ele se forçou a voltar para a mesa, olhando para os projetos que estavam espalhados em frente a ele. As engrenagens, as telas, as anotações... tudo parecia tão distante, tão frio sem a presença de Viktor para discutir suas ideias, ou a de Sky para suavizar os momentos mais tensos com uma palavra gentil ou uma piada.

Mas, ele se lembrou do motivo pelo qual estava ali. Viktor e Sky estavam fora, lidando com coisas muito mais urgentes do que ele poderia imaginar. Ele não podia ser fraco agora. Não podia ser consumido pela saudade. A razão pela qual ele ficou foi exatamente para isso: para trabalhar, para avançar, para manter a pesquisa que poderia salvar tanto Piltover quanto Zaun. Era isso que ele devia.

"Eu escolhi isso", Jayce murmurou para si mesmo, se forçando a pegar a ferramenta e continuar. "Eu escolhi isso por eles, por todos. Por Piltover. Por Zaun." Sua voz soou mais firme, mas o olhar em seu rosto não escondia a preocupação.

Com mãos tremendo levemente, ele se concentrou em seu trabalho, mas sua mente estava longe. Ele pensava nos dois. Viktor e Sky estavam demorando demais, e isso o incomodava profundamente. Ele sabia que eles tinham seus próprios motivos, mas o que realmente o deixava ansioso era o medo de que algo tivesse acontecido. Algo que ele não pudesse prever, algo que ele não pudesse controlar.

Ele olhou para o relógio na parede, cada segundo que passava parecia mais pesado do que o anterior. Ele não queria admitir, mas a incerteza o estava consumindo. O que estavam fazendo? Onde estavam? Ele queria gritar, mas não podia. Não tinha como intervir, não tinha como ajudar de onde estava. Ele precisava confiar, precisava acreditar que Viktor e Sky seriam capazes de lidar com as situações que surgissem.

Mas, a verdade era que, por mais que se obrigasse a trabalhar, a culpa e a preocupação ainda o corroíam por dentro. Ele já sabia que a solidão, a dor de vê-los partir sem ele, poderia ter sido mais suportável se soubesse que, de alguma forma, poderia contribuir para a situação. Mas agora, ele estava apenas ali, trabalhando em algo que nem mesmo sabia se faria a diferença, enquanto o mundo continuava a girar fora do laboratório.

"Eu não posso fazer nada mais além disso", ele sussurrou para si mesmo, tentando se convencer. "Eu não posso mudar nada agora." E, mesmo assim, a ansiedade o invadia. Ele se forçou a olhar para o projeto mais uma vez. “Eu fiz a escolha certa. Eles... eles sabem o que estão fazendo. Só preciso focar.”

Mas o silêncio da sala parecia mais pesado a cada instante. Os ruídos do laboratório que antes o mantinham centrado agora só pareciam aumentar sua agitação. Ele levantou-se de repente, tomando uma breve pausa para olhar para os instrumentos, como se estivesse esperando que eles lhe oferecessem alguma resposta, alguma direção.

"Eu só... eu só espero que estejam bem", ele disse, mais uma vez tentando se convencer. Ele sabia que não podia ir atrás deles agora, não poderia deixá-los em risco. O trabalho tinha que ser sua prioridade.

"Eu preciso continuar, pelo menos por agora. Por eles. Pela cidade. Por tudo."

E, assim, ele se forçou a retornar ao projeto, mas, no fundo, o peso da preocupação com Viktor e Sky o acompanhava. Ele não sabia quanto tempo mais conseguiria se concentrar, mas sabia que se não se forçasse a continuar trabalhando, aquela agonia só aumentaria.