Destino Incerto

Capítulo 3

Pov. Sam

Cheguei com Heng na Afterlife. Devo dizer que era um ótimo bar, bem movimentado e uma variedade de clientes. Chegamos no balcão pedindo uma dose especial da casa, já que todas continham nomes de "bandidos famosos", que teriam morrido em alguma missão arriscada. Após provar nossa tequila com suco de maracujá, gengibre e hortelã, finalmente fomos recebidos por Milk. Seu olhar parecia sereno e jamais diria que ela é dona de tudo isso. Porém, sabemos que as aparências sempre podem enganar.

Nos sentamos a sua frente, o silêncio chegava a ser incomodo em muitos níveis, mas não me deixaria abalar. Já Heng ficava limpando o suor das mãos em suas calças, claramente nervoso com a situação toda. Após alguns instantes finalmente ela decide falar algo.

— Muito prazer, senhores. Obviamente já sabem que eu sou, mas quem seriam vocês afinal? — disse de uma maneira prepotente que dava ódio — nunca vi nenhum de vocês por aqui, principalmente a bela dama aqui - me olhou dos pés a cabeça.

— Bela dama você pode encontrar em algum salão qualquer perto da torre Arasaka. Acabou de sair das fraldas e acredita que sabe mais que todos? — sempre tive muita paciência, mas ela despertava algo em mim impossível de segurar.

— Opa, calminha...não precisamos ofender ninguém aqui. Já sei que se chamam Sam e Heng, se consideram "irmãos". Heng é filho de Sara, dona do Bar Urso Branco e seu pai fazia parte de uma das maiores gangues latinas da cidade, mas que infelizmente morreu em um assalto — disse na direção de Heng, sem piscar ou demonstrar qualquer emoção — já nossa querida Sam, veio de um clã nômade, não conhece os pais e viveu por muito tempo nas ruas de Night City, se não fosse por Sara lhe acolhendo. Ambos agora com 30 anos vivem fazendo bicos, e Sam, que retornou agora para cidade após cinco anos. Assim está melhor para vocês ou ainda acha que não sei de nada?

Me sentei irritada novamente na cadeira, respirando e contando em pensamentos. Infelizmente precisaria ter paciência se queria ganhar dinheiro com ela, então a única opção seria aguentar, pelo menos por enquanto.

Deixei Heng cuidando disso e fiquei quieta em meu canto, mas saindo de meus pensamentos por uma menina baixa e ruiva entrar na sala. Ela entrou correndo e se dirigiu para o lado de Milk, cochichando algo, mas parou logo após perceber que estavamos na sala, arregalando os olhos em minha direção.

— S-Sam? É realmente você? — disse ela já com os olhos um pouco mais suaves e marejados.

— Calma só um minuto. Love? — a baixinha veio andando em minha direção e abraçou sem me dar tempo de reação. Sentia suas lágrimas molhando minha jaqueta, então logo a abracei para lhe dar conforto.

— Não acredito que você voltou! — ela logo me soltou, se virando para Milk — é ela, Milk, minha Sam é perfeita para o serviço e pode nos ajudar facilmente. Talvez seja a única em quem confiaria de olhos fechados para essa missão — Milk olhava para a garota pensativa, mas sem total certeza se realmente confiava em nós.

— Love, você tem certeza disso? Ela é sua família, tem muitas pessoas de minha confiança que poderiam receber esse serviço de resgate — disse com todo carinho do mundo para a ruiva.

— Tenho total certeza. Passe as informações necessárias e acredito que tudo será feito rápido — disse já indo em direção a porta da sala, mas antes virando em minha direção — só confio em você, Sam. Tenho muito medo do que Mike pode estar fazendo com ela nesses dois dias desaparecida. Se não trouxer ela viva, pode acreditar que arranco seu braço novo — e saiu nos deixando sozinhos os três.

Sam ficou pensativa por um momento, sem entender ao certo a reação de Love nessa missão. Entendo que seja algum parente, mas ela falava como se fosse alguém conhecido por mim também. E quem era, Mike?

— Bom, como vocês podem ver, quem mandou hoje por aqui foi Love - disse Milk soltando uma risada — não sabia que vocês se conheciam, mas se ela mandou então passarei as informações da missão - disse passando dois cacos com informações da missão para mim e Heng — vocês precisam ir até o distrito de Dog Town. Segundo informantes, Mike tem ficado por lá em um galpão, mas em horários específicos. Normalmente ele deixa outro no comando, um bombado chamado, Nop. Se possível entrem lá rápido, peguem ela e saiam, não queremos criar nenhum conflito maior.

Milk se levanta de sua mesa, dando a direção para onde devemos seguir junto a ela. Ao passar pela porta, um arsenal de armas brilhava pelas luzes de neon.

— Vocês podem usar o que desejar daqui, mas não se acostumem, só farei isso para essa missão em específico — dando liberdade para escolhermos qualquer arma do local.

Após passarmos uns minutos ali, saímos em direção a Dog Town. Milk conseguiu uma autorização para nosso carro passar pela segurança da Millitech mais facilmente, sem atrapalhar nosso disfarce por lá. Seguimos andando pelas ruas até chegar em uma espécie de motel abandonado, no qual os quartos eram parecido com bunkers. De longe era possível identificar uma segurança tomando conta de um dos cômodos, no qual deveria estar quem iríamos resgatar. Dois que estavam ali foram abatidos por Heng, que usou um silenciador dando um tiro duplo na cabeça deles. Arrombador a porta e entramos com cuidado, já que algumas armadilhas eram visíveis. Após alguns minutos, Heng me chamou assustado em um dos quartos.

— S-SAM, CORRE AQUI AGORA! — seu grito desesperado me deixou em alerta e segui o mais rápido possível em sua direção.

— O que foi, Heng? Fala logo, você está me assustando — porém, ele apenas se sentou no chão e apontou para frente, mostrando uma mulher que estava com um cabo acoplado em sua cabeça, dentro de uma banheira e bastante sangue pelo seu corpo, sem contar alguns hematomas.

Caminhei assustada em sua direção e não conseguia identificar quem era com tanto sangue. Peguei um pouco de água e passei por seu rosto, utilizando meu sistema óptico de identificação facial. Após a análise, só conseguia sentir náuseas, minhas mãos começaram a tremer e sentia meu chão se abrindo.

— M-Mon? — fiquei chocada em saber que era ela quem deveríamos salvar. Mon sempre tomou tanto cuidado, e por qual motivo alguém faria algo assim com ela.