Capítulo 10

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Narrador

Heng e Sam saíram em direção ao esconderijo de Yoko, precisavam conversar logo sobre o que rolou no prédio da Maelstrom. Love, Ling e Mon foram junto dos dois, quem sabe poderiam ajudar com informações que tinha sobre a situação de Heng e o helic.

Ao chegarem ao beco na rua Jig-Jig, respiraram fundo e seguiram para dentro do escritório de Yoko. A mulher parecia serena, mas claramente ela estava fervendo por dentro. Se levantou batendo as mãos na mesa, encarando os dois mercenários que estavam a sua frente.

— Vocês poderiam me explicar que porra rolou naquele prédio? E espero que seja uma ótima explicação, se não querem sair daqui mortos e com os corpos sendo levados para um lixão — comentou mostrando ainda mais sua irritação.

— A culpa não é nossa se aquele desgraçado do Mike apareceu por lá. Isso não estava nem um pouco nos planos, contando ainda com seu segurança pessoal que parece um monstro de cromo — Sam já perdia a paciência, mostrando também sua insatisfação com o plano que não seguiu como o planejado.

— Vocês são os melhores, deveriam saber como contornar isso. Love estava sendo paga para ajudar vocês, o que ocorreu com ela? Tacou o foda-se e foi dar uma namorada.

— Eles ativaram bloqueadores e perdemos o sinal com ela. Estávamos saindo sem problema, um comboio da Militech fodeu a gente e o Mike ainda mais quando chegamos na garagem do local, que o carro da Faye iria nos buscar. Aquele desgraçado atirou no Heng e sangue frio, quase perdi meu melhor amigo. Mas olha só, pelo menos algo bom surgiu nisso tudo, já que nosso pequeno item de missão foi quem salvou ele — comentou soltando uma risada sem humor.

— Como assim?

— O helic tá na porra da cabeça do Heng, o tiro ativou o biochip e reviveu o cérebro dele. O problema é que aos poucos ele vai morrer e perder o corpo pra essa merda. Parabéns, Yoko. Realmente era um ótimo trabalho — Sam comenta batendo palmas lentas na direção da mafiosa.

Yoko ficou espantada com essa informação, não esperava que tudo tinha ocorrido dessa maneira. A realidade é que ela estava se preparando psicologicamente para aguentar a fúria de sua cliente, Nita Arasaka. Mas teve uma ideia para se livrar de sua fúria.

— Tudo bem então. Vocês irão explicar tudo isso para nossa cliente, afinal vocês que falharam durante a missão. Irei ligar para ela agora mesmo e vamos ver como fazer — disse já pegando o telefone e ligando — Senhorita, Nita? Aqui é a Yoko. Precisamos marcar um encontro para que meus mercenários expliquem o que rolou com o roubo ao helic, você com toda certeza vai querer ouvir o que eles tem a lhe contar.

— Estou indo agora mesmo até aí, Yoko. Espero que tudo seja feito no sigilo e que eles tenham uma ótima explicação sobre o que ocorreu, se não pode preparar duas balas para a cabeça de cada um. Já estou indo — Nita desliga o telefone e avisa seu segurança para preparar o carro, que iriam até o encontro de Yoko.


Pov. Sam

— Aguardem aqui todos vocês, Nita está vindo até aqui agora. É bom conseguirem convencer ela, já que não irei interferir em sua escolha do que fazer — disse Yoko se sentando em sua cadeira — fiquem naquele sofá, não vai adiantar ficar em pé aguardando — apontou do outro lado da sala para um pequeno sofá.

Sentamos no pequeno espaço, enquanto Love, Ling e Mon ficaram na área do cassino. Em nenhum momento elas entraram conosco, só chamaremos quando for necessário para explicações mais técnicas. Após alguns minutos aguardando nossa cliente havia chego, Nita Arasaka. Jamais poderia dizer que ela não era uma bela mulher, mas só pelo sobrenome já sentia o cheiro de pobre de longe. Ela tinha um olhar que mostrava controle de toda a situação, mesmo em meio ao caos, claramente sabendo bem como disfarçar um desespero.

— Estou aqui, Yoko. Vamos resolver isso logo, eu preciso desse helic IMEDIATAMENTE! — falou largando a bolsa e se sentando em frente a mesa.

Yoko olhou em nossa direção nos incentivando a iniciar a história, explicando tudo o que ocorreu. Nita não tirava os olhos de nossa direção, principalmente de mim, o que deixou tudo mais desconfortável. Contamos tudo com detalhes de como entramos, a aparição de Mike ao local e o tiro que ativou o biochip, no qual chamamos as meninas para se juntarem a nós e explicar mais detalhamente alguns outros pontos. Ela escutou tudo calada, sem demonstrar qualquer emoção. Assim que acabamos ela se levantou e andou em minha direção, já que fiquei todo tempo em pé.

— Então você que é a famosa, Sam? Todos falam muito bem dos seus serviços. Nunca imaginei que você pudesse ser tão desejável assim — falou enquanto passava a mão no meu pescoço e foi descendo pelos braços — e algo assim não podemos desperdiçar, mesmo quando erros ocorrem.

A mulher deu uma piscada em minha direção e se dirigiu até uma bolsa. Pegou um cartão me entregando, no qual continha um endereço.

— Vá até esse endereço amanhã a noite, Sam. Iremos conversar a sos sobre como resolver toda a questão do helic — começou a andar em direção a porta, mas se virou antes de sair -- e quem sabe nos divertimos um pouco também, pode ser proveitoso para ambas — e saiu em direção ao carro com seu segurança logo atrás.

Todos ficaram chocados com o que havia ocorrido, sem entender direito a reação de Nita. A única que estava soltando fumaça pela orelha era Mon, que estava claramente indignada com o contato e a forma que a mulher falou comigo. Não tiro sua razão, afinal se fosse ao contrário teria metido uma bala na cara da desgraçada. E obviamente, Heng não perdeu tempo de aliviar a tensão.

— Parece que a conversa não foi tão ruim assim. Pelo menos a Sam vai se dar bem e quem sabe livrar a gente de morrer antes do previsto — soltou uma risada, porém todos ainda se mantinham em silêncio.

— Cala a boca, Heng isso não tá ajudando. Mas que merda! — falei me sentando novamente no pequeno sofá.

Mon que ainda me olhava extremamente puta se levantou e saiu, puxando Love junto. Logo em seguida só consegui escutar o barulho do carro delas indo embora. Pelo jeito eu estava ferrada. Yoko me pediu para lhe manter informada sobre a conversa e para não fazer nenhuma merda. Apenas concordei e sai rapidamente, precisava pensar em como resolver as coisas com Mon, mas deixaria ela esfriar um pouco a cabeça antes. Se fosse encontrá-la agora que ainda está brava, provavelmente ela iria hackear meu sistema e depois vender meus implantes em algum mercado de Kabuki.

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