Capítulo 13

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Narrador

Mon acordou um pouco perdida em seu quarto, sentindo apenas uma pequena luz entrar pela janela. Bateu do outro lado da cama e não encontrou ninguém, não sabendo se Sam já havia ido ou estava em algum outro cômodo do apartamento. Viu que já eram nove horas e se levantou, fez sua higiene, tomou banho e colocou uma roupa qualquer. Ao pegar seu celular novamente viu que tinha uma notificação de Ling, pedindo que fosse até sua clínica a tarde, mas não contar nada a ninguém para não alarmar. Ficou um pouco preocupada, mas esse sentimento desapareceu quando foi até a sala, que dividia espaço com a cozinha, encontrando Sam e Love tomando café.

— Vocês decidiram tomar um café da manhã romântico sem mim? — entrou falando com ambas, que tomaram um leve susto.

— Só com você dormindo que consigo aproveitar o momento com a delícia da sua namorada. Parece um gavião, dá até medo — Love sem vergonha alguma decidiu mexer com a amiga.

— Deixa a Milk saber disso. A festinha de vocês nesse sofá vai acabar rapidinho se ela souber disso.

— Aquela lá é muito cadelinha pra resistir. E ela também acha isso da Sam, então infelizmente você está em desvantagem — sorriu em direção a Mon de maneira vitórias. Enquanto a amiga apontou em direção aos olhos e depois Love, demonstrando que estava de olho.

Depois de pegar um pouco de café, se sentou de lado no colo de Sam, que até o momento se mantinha calada.

— Love comeu sua língua, Sam. Tá calada até agora e nem me deu bom dia — comentou fazendo bico.

— Perdão, gatinha. É que estava engraçado assistir a DR de vocês duas, então achei melhor apenas observar, mas acabei me perdendo em pensamentos — disse abraçando Mon e colocando o rosto em seu pescoço.

— Mas está tudo bem? — perguntou preocupada.

— Está sim -- deu um sorriso melancólico — só pensando em como resolver a situação de Heng. Combinei de após o café ir até a casa da Mama, ele irá comigo procurar um apartamento e depois vamos tentar mexer com o helic. Talvez essa cientista da Arasaka em sua cabeça comece a nos dar respostas.

Mon ficou fazendo cafuné em Sam enquanto tomavam café, aproveitando o momento de tranquilidade. Um tempo depois ela saiu para seu encontro com o rapaz, deixando Mon sozinha no apartamento, na que Love havia saído antes para encontrar Milk, que tinham algum trabalho planejado. Mon decidiu arrumar algumas coisas e depois se ajeitar, já que não poderia demorar pra ir encontrar Ling em sua clínica. Estava ansiosa para saber o que a medicanica queria.

Pov. Ling


Estava preparando alguns itens em minha sala enquanto Mon não chegava, a mesma já havia me avisado que estava a caminho. Pedi para um amigo do Nepal me enviar um programa que ele usa para detectar CAIs de hack, para ver se existia a possibilidade de terem colocado algum nela quando foi sequestrada. Após divagar um pouco enquanto ajeito tudo, Orm aparece para se despedir, já que precisava ir até o estúdio tirar algumas fotos.

— Já estou indo, amor. Mas hoje saio mais cedo, já que conseguimos adiantar algumas coisas da campanha — falou sorrindo enquanto vinha em minha direção.

— Sem problemas. Farei um jantar especial para nós então. E se não se importar gostaria de chamar Sam para você conhecer melhor, se importa? — não sabia se ela gostaria apenas de relaxar ao chegar, então perguntei meio receosa.

— Claro que não, Ling. Chame ela para o jantar e aproveite que Mon passará aqui a convide também. Faremos um jantar de casal e posso conhecê-las melhor — após isso me deu um abraço rápido, um beijo no pescoço e saiu em direção a seu motorista que lhe aguardava.

Poucos minutos depois, Mon chegou e me deu um forte abraço, já perguntando o motivo da urgência do meu chamado.

— Você mandou mensagem tarde, Ling. Aconteceu algo que posso ajudar?

— Na verdade, Mon é que ontem estava avaliando seu sistema que tinha registrado, para ter mais certeza que tudo se encontrava bem. Porém, percebi que não tinham alterações nas avaliações, o que torna estranho não ter nenhuma oscilação. Falei com um amigo no Nepal que criou um hardware que detecta CAI em sistema neural, principalmente quando estão bem escondidos. Quero usar ele em você e ter certeza que não deixamos passar nada — expliquei de maneira calma e que não passasse nenhum tipo de alarde.

— Compreendo. Vamos iniciar então — comentou dando um meio sorriso -- caso tenha algo, você já imagina como poderá retirar? — me perguntou após conectar os fios que estavam na cadeira.

— Ainda não sei ao certo, mas daremos um jeito e ficarei monitorando caso ocorra algo. Não deixarei que nada saia do controle — falei confiante, já ligando o hardware e iniciando a varredura neural.

Analisei a rede neural antes de passar o hardware e como imaginava, tinha realmente um CAI. A Maelstrom colocou algo nela a pedido de Mike, mas não tenho certeza para o que seria. Sei que Mon as vezes tem pesadelos, mas ela não fala sobre, dizendo não se lembrar o que ocorre. Isso até me fez lembrar essa noite com Orm. Será que seria possível ela ter algum tipo de CAI? Terei que avaliar minha mulher depois.

— É o seguinte, Mon. Realmente temos um hack de CAI nessa cabecinha, pelo jeito Mike pediu para fazerem isso enquanto estava presa. Infelizmente preciso analisar qual a melhor forma de remover sem causar danos — olhei meio receosa para ela, mas precisava perguntar — você ainda tem chip implante de boneca ou removeu em algum momento?

— Infelizmente ainda tenho. Nunca tive oportunidade direito de retirar, no caso dinheiro para substituir ele. Sam já quis me ajudar uma época dando seu dinheiro, mas não deixei ela fazer isso — comentou com semblante triste.

Quando Sam conheceu Mon, ambas eram muito jovens. Infelizmente ela não teve muita sorte, já que sua mãe obrigava ela a trabalhar na Clouds como boneca, que sorte durou pouco tempo graças a Sam. Ainda sim, aquele chip de boneca tinha história, que talvez ainda sejam ruins dela lembrar.

(Obs: Clouds seria uma espécie de bordel de luxo. Os chips de bonecas transformam elas em prostitutas, só que mais sofisticadas)

— Falarei com alguns contatos para tentar conseguir um chip novo, tirando esse de boneca. Sabemos como eles são frágeis e fáceis de manipular, e que qualquer bom hacker consegue fazer qualquer coisa neles — olhei seria em sua direção — preciso que me avise qualquer alteração que você tenha, Mon principalmente de comportamento. Não lhe dou certeza, mas esse CAI pode acabar até mesmo ativando alguma cyberpsicose se eles quiserem, e você sabe o quão perigoso isso será. Mas vamos esconder isso se Sam por enquanto, sabemos como ela pode reagir principalmente se tratando de você.

— Não queria esconder nada dela, Dr. Mas entendo o que quer dizer, mas caso veja algo que possa acabar sendo perigoso, devemos avisá-la. Tenha medo de sua reação caso ela fique no escuro muito tempo sobre isso.

— Pode deixar, não manteremos segredo muito tempo. Mas se ela descobre que Mike colocou algo desse nível em você, já imagino uma guerra corpe e o apocalipse ocorrendo ao mesmo tempo, por conta de Sam não saber se segurar — digo rindo para espantar a tensão.

Após deixar alguns avisos com Mon, ela se despediu e foi em direção ao seu carro. Avisei que viesse aqui mais tarde com Sam para jantar, que já havia mandado mensagem convidando. Após sua partida, voltei ao meu tablet e iniciando mais pesquisas, pensando em como irei convencer Orm a me deixar usar o mesmo hardware que utilizei em minha amiga.

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