Capítulo 4

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Narrador

Sam respirou três vezes rápido, recuperando toda sua coragem. Pegou sua jaqueta, colocou em Mon e saiu com ela em seus braços. Segurava a garota com a maior delicadeza do mundo, mas também de maneira possessiva com medo que ela pudesse sumir. Saíram do local sem se importar que alguém fosse ver e a levaram até o carro, dirigindo rápido até a oficina de Ling. Ela era a única que poderia salvar Mon, tinha certeza disso. Não poderia perder sua melhor amiga, seu amor uma segunda vez.

5 anos atrás...

Sam estava deixando tudo pronto antes de ir se deitar. A invasão a um prédio da Militech daria um ótimo lucro, dando possibilidade dela relaxar por algumas semanas. Após finalizar a arrumação e deixar Heng informado o horário que iriam sair, retornou para o quarto encontrando Mon já deitada lhe esperando. Entrou embaixo das cobertas, logo em seguida sentindo a garota ao seu lado se aninhar em seus braços.

— Preparada para amanhã? — perguntou a garota, fazendo um leve carinho na barriga de Sam.

— Uhum — murmurou baixo, sentindo um pouco do cansaço do dia — acredito que dará tudo certo. Nosso plano é ótimo e caso ocorram falhas, não irão nos afetar. Você e Love ficarão encarregadas do hack, enquanto eu e Heng entraremos para roubar os equipamentos e salvar o Jones. Simples, rápido e fácil — disse enquanto fazia carinho na cabeça de Mon.

— Se você está dizendo, então me sinto mais confiante. Sempre protege a gente e não deixa nada de ruim acontecer. Quem sabe podemos viajar depois desse trabalho, ficar um pouco sozinhas sem preocupações — disse beijando o pescoço de Sam, mantendo o carinho em sua barriga.

— Claro que faremos isso, minha gatinha. Iria até o infinito por você se necessário, tudo pra lhe deixar feliz — disse levantando o rosto da garota, que antes estava em seu pescoço, e lhe dando um beijo apaixonado.

Sam e Mon ficaram nessa troca de carinhos por alguns minutos, até caírem no sono. Sam, que estava mais cansada, foi a primeira a se entregar ao sono. Já Mon, ainda ficou um tempo velando seu sono, desejando a todos os Deuses que não fossem pegos.

Na manhã seguinte levantaram cedo, fizeram sua higiene e passaram tempo juntos durante o café, antes de irem ao encontro de Love e Heng. Ambas as garotas ficariam em um bunker com o equipamento de hack a distância, enquanto Sam e Heng fazem o resgate. Jones eram um mafioso que estava concorrendo a prefeitura, mas que pela popularidade, precisava sumir para seu concorrente ter chance.

Após se equiparem, se despediram das garotas e partiram para o prédio da Militech. Era um complexo menor da empresa, mas que continha um ótimo sistema de segurança. Pelas informações, não teriam problemas com nenhum trilha de rede, dando acesso fácil para Mon e Love. Passaram pela segurança por pontos estratégicos e encontraram Jones desacordado em um quarto escondido. Heng o colocou nas costas, enquanto Sam dava cobertura até a saída. Porém, uma câmera fora do radar acabou pegando seus movimentos, avisando a segurança. Isso não seria um problema para Sam, já que conseguiria se livrar deles. Só não esperava que eles já aguardavam o resgate de Jones, ativando um trilha rede fantasma, que segurou as hackers em seus espaços no bunker.

Mesmo com problemas, conseguiram fugir com Jones e entregá-lo em sua mansão. Após isso, decidiram que era o momento de buscar as garotas e comemorar, já avisando Ling para onde iriam e que pagariam a primeira rodada. Love foi a primeira a sair do bunker, meio atordoada ainda por conta do ataque do trilha rede. Mon ainda estava desacordada, então Sam a pegou no colo e levou até a oficina de Ling para uma manutenção rápida, caso algo tenha sido implantado em sua rede neural.

Ling fez uma varredura, mas mesmo sem encontrar nenhum vírus, percebeu que um nervo neural tinha sido danificado. Após mexer bastante, conseguiu fazer com que Mon acordasse, mas a garota só lembrava de Love, se esquecendo de todo o restante que estavam ali presentes. Sam se sentia horrível, e que, mesmo contando tudo para a garota, percebia a descrença em seus olhos. Deixou que Love a levasse para casa, na esperança de amanhã talvez conseguirem conversar melhor, mas Mon durante a passagem dos dias era apenas grosseira com Sam e não deixava que ela chegasse perto, chamando a garota de "maldita abusadora". Não entendia o que isso queria dizer e nem seus amigos, fazendo de tudo para tentar clarear a mente da garota.

Após um mês sem sucesso de aproximação, Sam achou melhor se afastar, planejando sua viagem sozinha por alguns lugares, como uma espécie de mochilão nômade retornando um pouco a suas origens.

— Tem certeza que essa é uma boa ideia, Sam? Fugir não vai mudar a cabeça de Mon. Seria melhor ficar e tentarmos encontrar uma outra solução — disse Heng apreensivo sobre sua decisão de viajar.

— Eu preciso disso, irmãozinho. Sempre que ela me vê e fala aquelas coisas pra mim, dói muito. Não sei o que rolou com a cabeça dela, mas não é minha Mon que está ali naquele momento, e sinceramente não sei mais o que fazer. Preciso realmente de um tempo longe só pra mim — disse fechando sua mochila e terminando de arrumar sua moto.

— Tudo bem então, se assim deseja. Irei avisar todos o motivo de sua viagem, já que você, provavelmente não fez isso — conhecia bem sua amiga e o quanto ela poderia ser emotiva nesses momentos, mesmo com essa cara fechada — e vai me mantendo avisado que você esta viva. Eu e Mama não gostaríamos de precisar viajar para reconhecer um corpo,  gasolina anda muito cara.

Deu um soco no braço de seu amigo e em seguida um abraço, já demonstrando que sentiria saudades. Pediu para que o mesmo cuidasse de Mon e caso ocorresse algo lhe avisar de alguma maneira. Subiu em sua moto e dirigiu em direção a saída de Night City, torcendo para conseguir colocar a cabeça no lugar.

Atualmente - Pov. Sam

Chegamos na oficina de Ling na maior velocidade possível. Se o carro fosse meu talvez ficasse preocupada com multas, mas era roubado, o dono verdadeiro que lute depois. Peguei a garota desacordada nos braços e entrei com ela, já colocando em uma maca. Ling me aguardava na porta já com tudo preparado.

Minha amiga ficou boas horas cuidando de tudo, limpando o sangue, tratando os hematomas e fazendo uma varredura no sistema de Mon. Assistia aquilo com medo, mas sentindo minha adrenalina baixar e enfim acabei dormindo em um sofá que ficava em um canto da sala. Um tempo depois sou acordada de maneira abrupta por Ling, dizendo que minha garota estava acordando e me queria do lado para explicar o que havia ocorrido.

— Mon? Mon? Consegue me dizer quantos dedos tem aqui? — disse Ling levantando as mãos em frente a garota, mas esperança que os pensamentos cognitivos dela estivessem okay.

— Dr Ling? Como eu vim parar aqui? Eu estava em um quarto e... — Mon parou de falar no mesmo instante que olhou em minha direção. Só conseguia pensar que provavelmente ela nem se lembrava de mim e começaria a me xingar novamente, como foi após perder sua memória. Não sei se iria suportar isso novamente.

— S-Sam? É você mesmo? — senti minha garganta se fechar, já sentindo as lágrimas caírem, apenas aguardando as patadas que poderiam vir.

Destino IncertoOnde histórias criam vida. Descubra agora