Pov. Mon
Cheguei em casa junto de Love, me encaminhando em direção a cozinha e bebendo um como gigante de whisky. Love me olhou um pouco espantada, afinal não tenho o costume de beber, mas no momento se faz necessário.
— Mon? O que acha de largar esse copo e me contar o que se passa nessa cabeça — falou se sentando na cadeira em frente a bancada.
— É incrível como após cinco anos a Sam consegue ser extremamente lerda. Invés de afastar aquele projeto de boneca de bordel, ficou lá olhando com aquela cara de idiota — dei mais um gole em meu copo.
— Infelizmente a Sam foi lerda, realmente te entendo. Mas você precisa entender que ela é gostosa, Mon acaba sendo impossível não olhar — fechei a cara na mesma hora querendo esganar minha amiga, enquanto ela apenas ria da minha reação.
Acabei rindo um pouco depois, mas parei ao lembrar o que ocorreu quando tentamos ter mais contato. Ela me afastando e as cicatrizes no seu corpo. Ela parecia ter ficado assustada, talvez com vergonha. Love percebeu minha mudando e incentivou que eu falasse algo pegando em minha mão.
— Ela anda um pouco estranha. Ontem, antes dela ir até o encontro com Yoko, fui almoçar na casa da Mama Sara e quando estávamos sozinhas quase tivemos um contato mais íntimo. Quando tirei a camiseta dela, ela acabou de afastando e me cortando, dizendo que deveríamos ir mais devagar — senti minha voz ficando um pouco embargada — ela tinha algumas cicatrizes bem feias no abdômen. Elas não existiam antes, então deve ter conseguido durante sua viagem. Mas ela parecia querer esconder de mim.
— Ela não te contou nada sobre o tempo que ficou fora?
— Não tivemos tempo de conversar direito sobre isso. Quero muito saber, mas também não quero forçar nada e ela se afastar novamente — digo com semblante triste e limpando uma lágrima solitária que desce pelo meu rosto.
— Espere ela resolver as coisas com Nita, ela não fará nada de errado. Só confie nela, tudo bem? Conversar com cabeça quente não vai ajudar e quem sabe ela não se abre melhor sobre isso contigo — Love após tentar me tranquilizar levantou e deu um abraço que transmitia conforto.
Após nossa conversa, cada uma foi para seu quarto e fiquei pensando no que fazer em relação a Sam e como abordar ela. Mas uma coisa tenho certeza, terei que tomar muito cuidado com Nita, ela não pode roubar minha Sam.
Pov. Sam
Se passou um dia e hoje teria o encontro com Nita. Já Mon, estava me ignorando, mas melhor deixa-la esfriando a cabeça e depois desse jantar irei falar com ela. Me arrumei no banheiro da maneira mais casual possível, usando uma calça jeans desbotada, regata, coturnos e uma jaqueta de couro. Os dias em Night City andam bem frios, sendo impossível sair no estilo verão. Avisei Heng que estava saindo e ele me desejou boa sorte, e evitar deixar Nita abusar do meu corpinho, soltando uma risada após dizer isso. Mandei um dedo do meio pra ele e sai.
Cheguei até que rápido ao ponto de encontro. Andar pela cidade de moto é realmente muito mais fácil. Entreguei o cartão para o segurança que estava na porta e ele me deixou subir. Ao chegar no último andar, encontrei Nita sentada tocando piano. Não posso dizer que ela estava feia, se encontrava extremamente deslumbrante. Olhar não arranca pedaço e não sou cega para ignorar. Ela percebeu minha presença e se levantou sorrindo, me direcionando para uma mesa que já estava pronta.
— Fico feliz que tenha vindo ao meu encontro, Sam. Admito que achei que fosse acabar ignorando — comentou após se sentar e começar a servir whisky nos copos.
— Precisamos falar de negócios, Nita. O trabalho, infelizmente, ainda não terminou. Não poderia negar o pedido de nossa cliente — ela bebia de seu copo e me analisada sem piscar.
— Adoro o seu comprometimento com o trabalho. Porém, não lhe convidei aqui para isso apenas. Preciso de ajuda para acabar com Mike e resolver a questão do helic, mas também queria apenas lhe conhecer melhor — começou a passar a mão pela mesa pegando na minha — acho que poderíamos ser boas amigas ou quem sabe algo mais. Isso irá depender de você — fez um pequeno carinho nas costas da minha mão, mas logo depois soltou.
Admito que fiquei nervosa com as invertidas dela. Fazia tempo que não lidava com alguém assim tão ousada, o que me deixava até um pouco intrigada. Apenas concordei com a cabeça e bebi do meu copo. Passamos aquela noite conversando sobre coisas banais, mas sem se aprofundar em nossas vidas, não estávamos lá para isso. Ela disse que queria a cabeça de Mike, mas ele precisava estar vivo, já que ainda tinham contas para acertar. Após nosso jantar me levantei agradecendo, mas que precisava ir embora, estava me sentindo culpada de estar ali.
— Nos encontraremos novamente, Sam. Peçam para Yoko me atualizar sobre o que está acontecendo. Mas caso sinta saudades, pode vir direto até mim — disse se aproximando e aplicando um beijo em meu pescoço.
— C-claro, senhorita Nita. E não esqueça que precisamos de ajuda com o helic. Meu irmão não pode morrer — disse me desvencilhando dela e indo rápido em direção ao elevador que me levaria ao térreo.
Sai do prédio rápido e fui em direção a minha moto. Precisava ir até a casa de Mon e conversar sobre ontem, após ela sair irritada. Não sei ao certo o motivo, mas algo me diz que estou extremamente ferrada. Coloquei seu endereço no GPS e segui até lá. Que os Deuses de cromo me protejam daquela mulher.
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Destino Incerto
FanfictionA vida de Sam não é nada fácil ao vagar pelas ruas de Night City. Resolvendo pendências para gangues e contratos exclusivos, o assalto que poderia lhe tornar milionária pode ser sua ruina. Em meio a toda essa confusão, ela reencontra sua melhor amig...