—Ei!
Cross correu até Killer, que se afastava do jardim a passos rápidos. Num momento de pânico, agarrou seu pulso com força, o que fez Killer dar um grunhido irritado e empurrá-lo para trás bruscamente.— Me larga, porra!
Apesar de estar nervoso, Cross obedeceu e ficou em silêncio por um momento. Não sabia o que dizer.Killer parecia angustiado, mas também não disse nada.
— Você ouviu.
— É claro que ouvi. — Respondeu Killer, amargamante. — Traidor.
Cross sentiu um grande ódio preencher seu peito ao ser chamado daquilo, mas respirou fundo e controlou-se. Naquele momento, irritar Killer era a última coisa que ele devia fazer.
— Killer — A voz de Cross soava baixa e ao mesmo tempo muito séria — Você não pode dizer nada ao Nightmare.
Killer não respondeu, e isso deixou Cross ainda mais nervoso.
— Por favor, eu-
— Você é um ingrato de merda, sabia disso?
Uma risada seca acompanhou a fala de Killer, e ele se virou para Cross. Seu olhar era de puro desgosto.
— Nightmare foi o único que realmente te ajudou quando você tentou reconstruir aquele inferno caótico que você chamava de universo, e mesmo depois que você desistiu ele te deu um lar. — Murmurou, a voz parecia rouca e mais baixa que de costume. — Tudo que ele pediu em troca foi lealdade. É assim que você agradece? Uau, eu realmente não esperava por essa!
Cross cerrou os punhos, tentando decidir se valia a pena usá-los para quebrar o nariz de Killer naquele momento. Enfim, concluiu que não.
— Você tem razão. — Murmurou Cross, engolindo seu orgulho com relutância. — O que eu fiz não tem perdão. Mas, por favor, Killer. Eu preciso que você fique de boca fechada.
— Ou o quê?
Por um momento, Cross hesitou.
— Eu não estou te ameaçando, Killer. A gente é... amigo. — Suspirou, baixando brevemente o olhar. — Estou te pedindo um favor.
Killer encolheu os ombros, suas órbitas vazias tornavam impossível saber para onde ele estava olhando. Finalmente, ele deu alguns passos e parou ao lado de Cross, aproximando-se da lateral de sua cabeça.
— Se você tentar algo contra Nightmare. — Sussurrou, a voz rouca soando quase como um rosnado. — Eu mesmo vou matar você.
E saiu.
Cross ficou um tempo parado no meio do jardim, sem saber o que fazer. Dream provavelmente não queria vê-lo e, pra piorar, não tinha nenhuma garantia de que Killer manteria seu segredo seguro.
Esfregou o rosto e se encostou em um pilar, apoiando-se nele.
"Ah, merda..." — Pensou. — "Merda!"
Enquanto Cross tinha um breve ataque de nervos no meio do jardim, o triste guardião dos sentimentos se sentava desanimadamente na cama e tentava segurar o choro. Por ser uma criatura sentitiva, era muito fácil para ele se sobrecarregar com sentimentos negativos oriundos das pessoas ao seu redor. Por menores que fossem.
Dream sentia demais.
Ele ficou um tempo sentado na cama, olhando tristemente para a janela enquanto tentava organizar os próprios sentimentos. Do lado de fora, o céu começava a nublar, indicando que brevemente uma tempestade cairia sobre o vale. Dream não gostava de tempestades.
Deitou-se, ainda olhando pela janela. Sentia um aperto no peito, uma sensação que se recusava a ir embora. Sempre que pensava estar finalmente livre, voltava pior.
Culpa.
A culpa era dele. De quem mais seria? Era ele o responsável, e todos o culpavam. Cross, Nightmare, Lanny...
Suspirou ao lembrar-se da mentora, Guardiã da Árvore da Magia. Cinco anos atrás, o havia libertado de sua prisão de pedra e, relutantemente, concordado em treiná-lo para impedir a ameaça que Nightmare representava para todo o equilíbrio. Apesar de ter ajudado, Lanny o odiava e o culpava pela morte de sua mãe e irmão. Dream não discordava dela.
Inquieto, se levantou e foi até a escrivaninha de madeira que ficava no canto do quarto. Abriu uma gaveta e, depois de remexer um pouco lá dentro, tirou uma caixinha de metal com a figura de um sol gravado na tampa.
Sentou-se na varanda, recostando-se na parede, e abriu a caixinha, de onde tirou um isqueiro e um cigarro.
A fumaça cinza subiu, espalhando seu cheiro acre pelo ar enquanto o guardião observava as pequenas gotas de chuva começarem a cair. Dream odiava o cheiro do cigarro, apesar de gostar de como a nicotina o acalmava quando se sentia estressado. Se sentia mal por fazê-lo mas, sem pulmões, não havia nenhum perigo real no hábito.
Expirou e inspirou profundamente, sentindo-se cansado e desanimado.
— Boa, Dream. — Murmurou para si mesmo. — Ferrou com tudo. De novo.
E jogou a bituca do cigarro sacada abaixo.
——————————————————————————
Sei que tá curto... mas considerem esse capítulo o início do ATO 2.Agora a cobra vai fumar =)
![](https://img.wattpad.com/cover/321139062-288-k279880.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
°• We Fell in Love in Summer •° - Cream
AcakCross, de X-TALE, foi um destruidor de mundos e causador de diversas mortes. Alguns o vêem como um assassino impiedoso, capaz de derrubar exercícios e nações inteiras apenas para engranceder o próprio ego. Ele se vê apenas como um guarda real, que t...