°•《Capítulo 11》•°

228 19 114
                                    

    Cross caminhava lentamente pelo vasto campo, onde milhares de dentes de leão balançavam suavemente ao sabor do vento. Um tapete dourado e etéreo que se estendia até o horizonte, tão grande que as vezes até parecia ser infinito. As flores, brancas como pequenos flocos de neve, eram sopradas pelo vento e iam soltando as pétalas delicadas que flutuavam reluzindo sob a luz do sol até se perderem de vista.

    Com a postura rígida de um soldado, ele caminhou com passos firmes até a grande rocha que, robusta e majestosa, fazia uma sombra alongada e bastante convidativa. Tocou de leve sua superfície áspera e, percebendo que estava aquecida pelo sol, sentou em sua sombra e escorou-se nela para deixar o calor irradiar seu corpo cansado e dolorido.

    Observou como o sol brilhava  no céu daquela tarde azul e fechou os olhos por um momento. A brisa fresca da tarde acariciava seu rosto, trazendo consigo o perfume adocicado das flores, e ele adormeceu sobre a grama macia daquele campo onírico. Um sono leve e pacífico que, mesmo tendo durado apenas alguns bons minutos, acabou sendo o mais revigorante que tivera em semanas.

    Acordou com algo macio fazendo cócegas em seu nariz e ouviu uma risada doce e divertida. Quando abriu os olhos, quase perdeu o fôlego ao ver que era Dream o dono daquela risada tão bonita. Seus olhos dourados se iluminavam com a luz do sol vespertino, e Cross facilmente poderia confundi-lo com um anjo.

    O vento soprou de leve, como um suspiro, fazendo as sementes dos dentes de leão se desprenderem das hastes e flutuarem como pequenas bailarinas. Elas giraram e giraram, reluzindo, antes de voarem para longe e finalmente desaparecerem à distância.

— Olá!

    A voz de Dream tinha um timbre sereno e, ao mesmo tempo, radiante. Por alguma razão, Cross nunca havia notado isso antes, então pensou por um momento que poderia ouvi-la o dia todo sem se cansar.

— Dream, oi, v-você...eu...uh...

    O guarda o encarou nos olhos por alguns segundos, em transe, antes de reorganizar as ideias.

— Hoje, na batalha, eu... eu não te vi.

    Dream se sentou ao seu lado, dando um grunhido cansado ao se espreguiçar.

— Você estava preocupado?

    Cross desviou o olhar, constrangido, e respondeu secamente:

— Não.

Dream riu.

— Mentiroso.

    Fizeram um minuto de silêncio, observando a paisagem. Enquanto o pequeno guardião se encantava com a delicada dança dos dentes-de-leão no campo, Cross se via hipnotizado por cada mínimo detalhe de seu corpo.  Estava reparando em como a luz do sol fazia seus olhos brilharem, quase como se fossem feitos de ouro puro. Fascinado com a beleza simples e pura na maneira como Dream se movia e observando cada gesto numa devoção discreta, admirando-o como se fosse uma obra de arte viva.

    Então, de repente, Dream inclinou a cabeça, seus olhos encontrando os do guarda por um momento. Se Cross tivesse um coração, certamente teria pulado pra fora do peito naquele momento. Ele desviou o olhar, nervoso, enquanto fingia se concentrar nas flores ao redor.

— Ei, Cross, quer fazer um pedido?

— Você sabe que eu não acredito nessas coisas.

Dream fez uma careta.

— Nem um tiquinho de nada?

    Cross pensou por um momento. Nunca fora do tipo crédulo e, apesar de ter suas dúvidas como qualquer um, nunca havia dado muita importância a esse tipo de superstição sem fundamento.

°• We Fell in Love in Summer •° - Cream Onde histórias criam vida. Descubra agora