Capítulo 33

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Eleanor Quinn

- Vamos. - A porta se abriu de repente.

Elliot parecia apressado, ajeitando as mangas da blusa social preta enquanto entrava no quarto.

Tentei entender o que ele queria, mas a voz alta dele só fez a minha dor de cabeça piorar, se é que isso era possível. Não fui muito bem alimentada aqui e isso não ajudou muito a minha relação com a pressão baixa. Tudo que eu sentia era fome e dor de cabeça.

Seu olhar sério viajou pelo meu rosto, e, vendo a confusão estampada em minha cara, suspirou e disse:

- Já pagaram pra você sair, você tá livre. - Veio até mim e tirou a corda enrolada ao redor de minhas mãos com uma certa impaciência.

Fui puxada da cama e logo acrescentei mais um item a minha pequena lista: fome, dor de cabeça e tontura. Quase perdi o equilíbrio, mas ele segurou fortemente meu braço.

Descemos as escadas e fomos direto até seu carro onde, de repente, recebi uma pancada de algo gelado na parte de trás da cabeça. A minha visão ficou preta em questão de segundos e eu desmaiei, sentindo meu corpo caindo nas mãos de um estranho.

Acordei com a dor de cabeça ainda pior do que antes. Um enjoo forte subiu pela garganta e eu me segurei para não vomitar.

Estava tudo preto ao meu redor, mas senti meu corpo balançar com o movimento. Eu estava num carro.

- Acordou, bela adormecida? - olhei para frente e vi Elliot dizer enquanto dirigia. - E bem na hora, já chegamos.

Queria abrir a boca e questionar, perguntar onde chegamos e o que aconteceria comigo, mas assim que tentei falar, senti um gosto ácido subir pela garganta quando senti um cheiro de ferro.

É claro, a pancada. Não doía, mas tinha um cheiro muito forte, indicando que, quem quer que tenha me acertado, abrira um corte.

O carro parou suavemente e Elliot saiu, abrindo a porta calmante e fechando-a sem pressa.

Olhei as janelas, mas só conseguia ver o céu azul, nada mais. Sequer ouvi vozes, sequer me manti acordada. Mas então a porta se abriu e eu fui puxada com cuidado pelos pés.

- Acorde, princesa, seu papai tá te esperando.

Elliot me ajudou a sair por completo do carro e me manter em pé por tempo suficiente para finalmente acordar.

A mão dele segurou meu braço com força, me girando em direção a outro carro. Foi então que um homem saiu de lá.

Meu pai.

Ele segurava uma bolsa grande e não precisei perguntar para saber o que tinha lá dentro. Seu olhar estava preso em mim, preocupado.

- Entregue ela primeiro. - Deu um passo em nossa direção.

- Venha até aqui e pegue-a.

Mas meu pai não fez, hesitou no mesmo lugar, olhando para mim com medo. Sei que ele quis se mover, quis andar, mas estava paralisado no mesmo lugar, afinal Elliot podia estar armado, podia estar mentindo e fazer algo comigo e com ele.

Ele olhou para trás, para o carro atrás dele. Olhou até que a porta abrisse e de lá saísse alguém com muita dificuldade. Muita dificuldade mesmo.

Estava com o rosto enfaixado, um braço com gesso e ferimentos em cicatrização. De longe, podia jurar que era Maven e, sinceramente, no fundo do meu coração, torci para que fosse. Mas não, era Matteo.

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