Maré De Amor (Em Criação)

Capítulo Treze

(13) Vicent.

Apoiava minha testa nos azulejos frios do banheiro, deixando a agua quente escorrer pelo meu corpo, lavando minha alma e os pensamentos que me deixavam inquieto, eu tentava ter um momento de paz, algo que raro dês de o dia que cheguei em Maré Azul.

Mas é claro que a tranquilidade não duraria por muito tempo

O toque do celular encima da pia rompia o som da água do chuveiro. Respirei fundo, com os dentes serrados.

-Sério?- murmurei, girando meu corpo esticando o braço para alcançar o aparelho, Afastei o vidro embaçado com a mão para ler o nome na tela.

"biblioteca"

-Que foi- fui direto ao ponto, com minha voz rouca pelo cansaço e do vapor quente

Do outro lado, a voz nada amigável disparou:

-"Que foi" é o que você vai me explicar se não chegar aqui em dez minutos!

franzi o cenho, me endireitando

-dez minutos? o quê?- Passei a mão pelo meu rosto molhado, já me arrependendo de ter atendido

-Dez minutos para vir buscar a garota que tá na porta da biblioteca gritando seu nome- a voz do outro lado parecia frustada e impaciente

-Que garota?

-Como vou saber? Ela tá te chamando como se fosse sua namorada ou sei lá qualquer coisa, só venha buscar essa doida bêbada da frente da minha biblioteca

revirei os olhos, sentindo a frustação tomar conta de mim

-Tá falando sério?

-Claro que tô! vem buscar essa garota ou nem precisa aparecer aqui amanhã- som ríspido dele era impossível ignorar.

desliguei o chuveiro com força, resmungando baixinho para não acordar os colegas de banda, enquanto se enrolava na toalha. Eu já tinha uma boa ideia de quem era. Liz. Só podia ser ela.

"Que diabos ela tá fazendo lá essa hora?"

vesti uma camiseta e o jeans mais próximo e o mais rápido que pude, secando meu cabelo de qualquer jeito. As palavras dele ecoando por minha mente. "Te chamando como se fosse sua namorada"

soltei uma risada seca.

-Como se isso fosse possível

peguei as chaves da moto, calçando minhas botas e sai sem olhar para trás, sentindo o ar frio da noite cortar meu rosto. De alguma forma, Liz conseguiu minha atenção

Eu só não sabia se ela tinha ideia do quanto isso me irritava. Ela parecia ter o dom de transformar minha rotina simples em um caos completo.

Enquanto acelerava pelas ruas desertas de Maré Azul, uma pergunta martela minha cabeça; por que ela estava lá? e chamando por mim? Liz não é do tipo que fazia escândalos sem motivos, mas também não era do tipo que sábia medir suas consequências.

Mas por que eu? por que Agora?

O vento batia meu rosto enquanto a moto rugia sob mim, mas nada disso apagava a sensação incômoda que, seja lá o que estivesse acontecendo, eu estava prestes a me envolver ainda mais nessa bagunça do que eu gostaria.

a moto parou com seu ronco baixo em frente á biblioteca, e lá estava ela. Liz, enrolada no próprio casaco, sentada no chão frio com a cabeça encostada na porta. Dormindo

soltei um suspiro longo, balançando a cabeça enquanto descia da moto

-Inacreditável..- murmure cruzando os braços e olhando para a cena por alguns segundos.

me aproximei devagar, o barulho das minhas botas soando alto demais naquela noite silenciosa

-Você é inacreditável mesmo, sabia?- falei baixinho, embora soubesse que ela não estava ouvindo.

Ela estava completamente apagada, com os cabelos bagunçados e a respiração calma, como se estivesse dormindo no lugar mais confortável do mundo.

eu abaixei e dei uma leve batida no ombro dela

-Ei pestinha, sua carona chegou.

Nada. Nem um movimento.

Soltei uma risada leve, me levantando.

-Claro, é só quando ta incomodando que você não cala a boca. Mas agora, quando precisa acordar...- ri de novo, olhando para ela, ainda adormecida, e me perguntando como tinha me metido nessa. - Ok, vamos lá então.

Com cuidado, a ergui em meus braços, sentindo seu corpo relaxar enquanto se confortava em meus braços. Um calor estranho percorria meu corpo junto com uma sensação de desconforto. Não era hora de pensar nisso. ela precisava de mim, e eu não podia simplesmente deixá-la ali, sozinha no frio.

caminhei e a posicionei sobre a moto, ajustando seu corpo para que ficasse firme. Seus braços quase inconscientes, envolveram minha cintura em um gesto instintivo, como se procurassem apoio. Eu apenas suspirei, tentando ignorar a proximidade enquanto me preparava para partir.

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Espero que gostem do cap, vou tentar ser mais frequente. bjusss