O abajur foi aceso ao lado da cama, o que trouxe um pouco de luz ao quarto escuro. Sophia se espreguiçou, perdida no terreno entre a realidade e o sonho, até que a claridade, ainda que tênue, a despertou de vez.
-O quê...?
-Cuidado!
-Ai meu Deus! – Ela se sentou assustada, o coração martelando no peito. Will soltou uma gargalhada.
-É que você quase rolou para cima da bandeja.
-Que bandeja? – Ela olhou para o lado. Sobre a outra metade da cama, havia uma bandeja com café, torradas, ovos, duas tiras de bacon, suco de laranja e uma rosa: - Will!
-Feliz primeiro mês. Hoje sou eu que vou te alimentar.
-Ah, Will – Ela disse, derretida e pegando a rosa. – Feliz primeiro mês.
O que era estranho, pois parecia que ela o conhecia a vida inteira.
-Não é o mesmo que as suas bruschettas – Ele disse.
-Imagina, está maravilhoso – Ela deu um gole no café. Estava sendo sincera. Ninguém nunca havia feito algo assim por ela, e estava verdadeiramente emocionada. – Você não vai trabalhar hoje?
-Em quarenta e cinco minutos – Will consultou o Echo Dot sobre a mesinha de cabeceira.
-Eu não consigo te convencer a ficar?
-Claro que consegue. Mas talvez não consiga convencer o Dan a me dar o dia de folga. Mas... – Ele tirou o cabelo dela do rosto e lhe deu um beijo, sentindo seu gosto de café. – À noite eu volto. E aí cozinho para você de novo.
-Não, à noite eu cozinho para você.
-Meu café da manhã está tão ruim?
-Está ótimo, mas você já me deu o seu presente, agora é a minha vez.
Obviamente, Sophia havia contado os dias para dezenove de janeiro, quando bateria o recorde de estar há um mês com a mesma pessoa, e logo com a melhor pessoa do mundo inteiro. E, é claro, havia dado uma pesquisada na internet para saber o que poderia lhe comprar. Tudo lhe pareceu inadequado. Algumas coisas eram caras, e ela não queria que Will se sentisse mal por não poder lhe dar algo na mesma faixa de preço, e outras eram tão simples quanto uma cesta de café da manhã. Logo, um jantar feito por uma chef que estava há poucas semanas de começar um curso no Le Cordon Bleu parecia algo à altura.
-É, e você é a profissional – Will leu os seus pensamentos.
-Exatamente – Sophia concordou. – Eu queria poder te contratar como assistente para você não ir embora.
-Eu ia adorar ser seu assistente – Ele acariciou o rosto dela. – Você é bem mais bonita que o Dan.
Ela riu como uma garotinha.
-O que você vai querer comer?
-Me surpreende, tá? Eu tenho que ir – Ele sussurrou ao seu ouvido e lhe deu um beijo gostoso, longo na medida de a deixar pensando nele o dia inteiro, aguardando ansiosa pelo seu retorno.
-Eu te amo, Will – Ela disse para o quarto agora vazio.
Sophia não o disse diretamente para Will porque ele provavelmente não estaria pronto para ouvir, e que Deus a livrasse de criar um clima ruim e passar pelo vexame de não ser correspondida. Ela não sabia que Will diria que a amava de volta e que provavelmente faria aquilo naquela noite. Will era uma pessoa que tivera poucos relacionamentos além daquele com a garrafa, mas, quando sóbrio, se entregara a todos eles. Ele não tinha medo de admitir que estava apaixonado e achava que talvez um café da manhã fosse pouco. Talvez ele devesse pedir ajuda a Robyn e comprar um presente de verdade para Sophia. Nada muito caro, mas que fosse sincero.
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Quando A Vida Acontece - Volume 6
RomanceNovas histórias e, dessa vez, um mistério. Enquanto Sophia tenta encontrar o próprio caminho e provar que pode mandar em seu destino, Will, um rapaz com rosto de poeta, chega a Londres em busca de uma nova vida. George retoma seu caminho em uma famí...