Long Island
1987
Viajar para uma cidadezinha remota em Long Island nunca estaria nos meus planos, se eu pensasse com a minha cabeça de um mês atrás. Quero dizer, isso não tem absolutamente nada haver comigo. Mesas de doces, tábuas de frios, conversas sobre investimentos imobiliários. Mas eu precisava sair de Nova York, sair de perto de qualquer fervo que envolvesse a minha banda... Sair de perto de Jace Smith. O clima entre nós não poderia ser pior, e eu sinto que se ficasse mais dois segundos com ele, no mesmo espaço confinado, o mataria de porrada.
Sem qualquer esforço, quando fecho meus olhos, consigo ver a feição dura do baixista, como um pai que está decepcionado com seu filho mais velho. Jace é um cara difícil, sempre foi. Avisei a Morgan inúmeras vezes sobre isso, sobre nossa incompatibilidade. Mas sempre ouvi a mesma coisa "bandas de rock são assim mesmo, se não der certo podemos mudar um integrante ou outro". Mas Jace permanece, como um maldito lembrete de que nossa banda está arruinada, tomada por uma onda de acontecimentos ruins e banhada por um recesso criativo que está durando tempo demais.
— Então, com o final da tour, vocês estão apenas cumprindo a agenda para poderem ter o merecido descanso. — Tyler, da rádio One, perguntou com um sorriso amigável. Estamos ao vivo, transmitindo em inúmeros países e a audiência está lá em cima. — Com tanto tempo livre, vocês estão conseguindo continuar o processo criativo ou apenas curtindo o tempo de Nova York?
Morgan deu uma risada contida. — Cara, nós estamos mesmo indo para o estúdio sempre que dá. Mas o nosso processo criativo é diferente, sabe?
— Nossas mentes e nossos corpos estão cansados demais depois de quase um ano e meio de viagens de ônibus... — Falo, ajustando os fones de ouvido nas minhas orelhas. — Acredito que as melhores músicas surgem de repente, sem qualquer pressão externa.
— Talvez se você parasse de agir como um moleque mimado, a gente já teria um álbum novo. — Jace disparou, segurando o microfone a sua frente com um olhar duro em minha direção. — A única coisa que vocês tem feito ultimamente é beber e meter o pé na porta.
Tyler olhou para mim e depois para Morgan, claramente desconfortável com o clima que se instaurou. Mas estávamos ao vivo, e ele era o apresentador, o show tinha que continuar. — Passar tempo demais com qualquer pessoa, como num ônibus, acaba chateando mesmo. — Ele ri humorado. — Talvez Jace só esteja chateado com vocês peidando no ônibus, caras.
— Isso, com certeza, também é um saco. — Jace passa as mãos no seu cabelo. — Jungkook e Morgan são dois inúteis quando se fala em processo criativo, tudo e qualquer coisa os distraem. Inclusive mulheres.
— Qual é, Jace? Pega leve, estamos falando dos seres que movem o mundo, dê um crédito. — Tyler adicionou, George fez um sinal para que ele tocasse os intervalos e assim foi feito. — E esses são os Peonies pessoal, continuem ouvindo que depois do intervalo vamos ouvir alguns sucessos.
Eu quis me agarrar a qualquer oportunidade de me desvencilhar da maldita banda, mesmo que por apenas um fim de semana. Uma válvula de escape, eu estava desesperado. Aceitei a campanha da Calvin Klein, participei de eventos beneficentes e tinha acabado de aceitar acompanhar Diana no casamento do ex de merda dela. Isso quer dizer muito sobre o meu estado mental atual. Estou fazendo caridade, distribuindo meu precioso e preferindo ficar longe de uma coisa que eu sempre sonhei.
As provocações de Jace estavam tomando rumos incertos, perigosos eu diria. Eu consigo o contornar para vencer a vontade que tenho de descer um soco no meio da sua fuça. Mas ouvi ele comentando com alguém do staff, tecendo comentários aos sussurros. Poderia ser qualquer merda, mas não era.
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𝑻𝑯𝑬 𝑷𝑬𝑶𝑵𝑰𝑬𝑺 / 𝗝𝗞
Любовные романы✦ Diana Harrison precisa de uma entrevista com os Peonies, mas Jungkook, o rockstar, não vai facilitar. ↳ Iniciada em: 17/08/2024 🥇#groupie 19/08/2024