Capítulo 20

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Era fim de tarde, e eu estava sentada na varanda observando as crianças que andavam de bicicleta na rua. Será que quando as mães dessas crianças descobriram que estavam grávidas, pensaram em algum momento em tirar suas filhas? E se tirassem? Quem estaria andando de bicicleta por essas ruas agora?
Ouvi o som da porta se abrindo e afastei meus pensamentos. Kate me deu um largo sorriso e se sentou ao meu lado.

- Como você está se sentindo? - perguntou ela.

- Bem, eu acho.

Conto, ou não conto? Ficava me fazendo essa mesma pergunta a cada cinco segundos. Eu precisava falar pra ela que sabia da verdade, que fiquei ouvindo atrás da porta como uma criança levada.

- Eu ouvi - continuei falando em um sussurro.

- Ouviu o que? - perguntou Kate que não tirava os olhos dos meus.

- A sua conversa com sua mãe hoje mais cedo. Me desculpe - dei de ombros.

Kate apenas sorriu, um sorriso sem graça. Então continuei:

- Você deveria ter me contado.

- Eu não toco nesse assunto, não é importante na minha opinião.

- Mas...

- Meg, não! - ela me interrompeu - Isso não deve interferir na sua decisão. Você sabe minha opinião sobre isso, e se ouviu minha conversa já sabe mais do que deveria sobre mim - ela fez uma pequena pausa - Telefonei pra mafiosa agora pouco, ela me passou o número dessa mulher.

Kate me entregou um pedaço de papel e eu ainda confusa tentava entender do que se tratava.

- Quem é essa mulher? Pra que eu quero o número dela?

- Ela vai resolver seu problema - respondeu Kate - A casa dela fica a uns trinta minutos do campus, amanhã a gente volta e até lá você pensa se é realmente isso que você quer fazer.

Kate se levantou da cadeira antes mesmo que eu pudesse pensar em responder algo. Minha cabeça fervia, e eu que tinha quase certeza do que queria, agora estava completamente confusa. Por um lado Ellen tinha razão, por outro eu também tinha.

Fiquei sentada ali, olhando para o vácuo até reparar que uma das crianças que andavam de bicicleta acenava desesperadamente para mim. Acenei de volta com um leve sorriso no rosto, logo a criança também abriu um largo sorriso pra mim, faltavam alguns dentes em sua boca e as brechinhas lhe davam um ar encantador. Seus olhos brilhavam em empolgação, se bem que eu não sei ao certo o porque de tanta felicidade. Ela veio correndo em minha direção com sua bicicleta, ao chegar na calçada largou a bicicleta no chão e veio correndo até a varanda.

- Você é a Meg? - perguntou ela.

- Sou - respondi um pouco confusa - E você? Quem é?

- Sou a Harper - respondeu ela sorrindo novamente e retirando de seu bolso uma bala de menta - Trouxe pra você.

- Obrigada - acariciei seu cabelo e vi seu rosto corar, como era fofa e gentil - Mas afinal, como sabe meu nome?

- Ellen andou falando com a minha mãe que a namorada da Kate iria vir. Kate sempre me dar chocolates sabia?

- Sério? - sorri - Kate não tem cara de quem dar doce para crianças.

- Harper! - gritava da porta da casa ao lado uma mulher, que vestia uma calça jeans colada ao corpo e uma blusa vermelha larga.

- Ops, é minha mãe - disse Harper dando de ombros.

- Acho melhor você ir - falei sorrindo.

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